domingo, 2 de dezembro de 2018

Características dos Filhos dos Orixás - Ancestral,De Frente e Adjuntó

Orixá de Frente – Orixá Adjunto – Orixá Ancestral – A natureza humana -




Orixá de Frente – Orixá Adjunto – Orixá Ancestral – A natureza humana -


Qual é o meu Orixá?

De quem eu sou filho? Quem é o meu Pai de cabeça? Quem é o meu padrinho? Qual é o casal de Orixás que me acompanham?

Antes, porém, de saber qual é o meu Orixá é importante entender o que isso quer dizer, qual é a minha relação com os Orixás. Entendendo que temos também um problema de linguagem, o que um Terreiro entende por meus Orixás, outro Terreiro entende de uma forma diferente.

É muito comum as pessoas procurarem alguém que jogue búzios e ali fazer uma leitura de Orixá. Agora, é mais comum ainda você ir a um lugar e alguém lhe falar:

“Você é filho de Xangô”; aí você vai num outro lugar e lhe dizem: “Você é filho de Ogum”; vai num terceiro lugar e lhe dizem: “Você é filho de Oxóssi”; sem contar que as características de Xangô, Ogum e Oxóssi são diferentes.

E você fica sem saber, fica vendido, sem entender qual é, afinal, o meu Orixá?

A contra pergunta é: do que é que lhe adianta saber qual é o seu Orixá, se você não sabe o que isso significa na sua vida? Do que é que lhe adianta saber que é filho de Ogum, se você não conhece Ogum.

No Candomblé é um recurso comum jogar os búzios, identificar o seu Orixá, a validade do jogo de búzios num Terreiro de Candomblé é proporcional ao quanto você deposita de confiança naquele sacerdote, essa é a questão.

O jogo de búzios não é um fundamento da religião de Umbanda.

O que quer dizer que não é um fundamento?
Isso quer dizer que a Umbanda não prescinde do jogo de búzios para existir.

No ritual de Umbanda, as consultas espirituais são feitas com as entidades incorporadas, diferente do Candomblé onde o sacerdote faz a consulta por meio de um oráculo. É por isso que na Umbanda não é tão comum usar o jogo de búzios, embora não seja proibido.

Quem faz a identificação do seu Orixá, do seu Pai de cabeça?

 Geralmente, é o dirigente do Terreiro que identifica quais os Orixás de cada um dos filhos, mas ainda assim, é comum esse médium passar um tempo num Terreiro e ali fazer uma leitura de Orixá, depois vai para outro Terreiro e lhe dizem: “Não, aqui o seu Orixá é outro”. Ainda, pra complicar mais a questão, pra ficar mais complexo ainda, há de se pensar que há Terreiros de Umbanda que trabalham com apenas sete Orixás.

Por exemplo, há Terreiro de Umbanda que trabalha apenas com: Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluaiyê, Iemanjá. E se esta pessoa for um filho de Oxumaré? Uma filha de Obá? E se é uma filha de Iansã? E aquele Terreiro não cultua Iansã. Então, nunca será feita uma leitura de que você é filha de Iansã.

Tudo isso torna a questão um tanto complexa. Nesses casos, por exemplo, se alguém é filho de Oxumaré e está num Terreiro que não cultua Oxumaré, ele vai aparecer como filho de Oxum; se é uma filha de Egunitá e não cultua Egunitá, vai aparecer como filha de Iansã; se é uma filha de Nanã Buroquê e naquele Terreiro não cultua Nanã Buroquê, vai aparecer como filha de Obaluaiyê, porque são Orixás que fazem pares.

É comum que se diga então que a leitura está errada, no entanto, se esquece de perceber que nada acontece por acaso, não existe leitura errada, existe leitura que faz parte daquele contexto, naquele contexto esta leitura é a mais adequada. Assim como há momentos na vida em que embora você seja filho de Xangô, por exemplo, outro Orixá toma a sua frente pra lhe ajudar em alguma situação.

Isso tudo vai tornando a leitura de Orixá uma coisa cada vez mais complexa, mais complicada. Qual é o ideal? O ideal é: você conhecer os Orixás, identificar os Orixás e você se identificar com eles, reconhecer em você as qualidades dos Orixás.

A questão da filiação é algo parecido com a questão dos signos do zodíaco. Parecido, não é a mesma coisa.

Para identificar o seu signo é preciso apenas da sua data de nascimento e aí eu sei onde estava passando o sol no momento em que você nasceu, mas, para traçar um perfil astrológico mais completo é preciso construir uma “Carta Natal”, é preciso fazer um “Mapa Astral” e aí precisa do lugar onde você nasceu, da hora em que você nasceu e precisa de um Astrólogo ou de um programa de Astrologia para identificar onde estava cada planeta na hora em que você nasceu.

Ser filho de Orixá também é algo que numa primeira instância, parece tão simples quanto ser Geminiano, Canceriano, Taurino, mas olhando mais de perto é tão complexo quanto uma carta natal que vai lhe dar um série de características.

Há semelhanças, mas não é a mesma coisa porque com a sua data de nascimento não é possível identificar qual é o seu Orixá. Senão, todos aqueles que nascem naquela data seriam filhos do mesmo Orixá. Há semelhanças porque os Arianos têm muitas qualidades de Ogum, mas não quer dizer que todos Arianos são filhos de Ogum. Os Cancerianos têm muitas qualidades de Oxum, mas não quer dizer que todos são filhos de Oxum. Então, os Geminianos têm muitas qualidades de Oxóssi, mas não quer dizer que todos são filhos de Oxóssi.

Quem é que dá qualidades de Ogum ao Ariano? É o planeta Marte, que é o planeta da guerra, um planeta que tem qualidades de Ogum e de Iansã. Mas, você pode ser um Ariano que nasceu com a energia do planeta Marte bloqueada por causa da influência de algum outro planeta, então, você pode ser um Ariano que tem mais qualidades de Mercúrio e aí na leitura de Orixá você pode ter um perfil com muito mais de Oxóssi do que de Ogum. Por isso, não basta a sua data de nascimento pra saber quem é o seu Orixá.

Talvez, com uma carta astral completa e um bom Astrólogo que seja também um bom intérprete de Orixás, você tenha uma ideia, mas nunca vai ter certeza.

 O caminho mais seguro pra você saber qual é o seu Orixá é o caminho do autoconhecimento e do conhecer os Orixás.

Há de se conhecer os Orixás, o maior número de Orixás.

Conhecendo os Orixás, identificando qual é ou quais são as qualidades desses Orixás e como elas se refletem nos seus filhos, ou seja, quais são as qualidades de Oxalá? São qualidades de tranquilidade, de passividade, de religiosidade, os filhos de Oxalá têm um perfil mais magnético, envolvente, congregador.

Conhecendo essas qualidades você vai se identificar com elas. Qual é o perfil das filhas ou filhos de Logunan? O perfil é também religiosidade, são pessoas mais reservadas, que tem uma fé muito forte e que não aceitam nada de errado com relação à fé e que tem uma relação especial nas questões pertinentes a lidar com o tempo.

Como são as filhas ou os filhos de Oxum? São pessoas amorosas, vaidosas, sentimentais – Ah mais todo mundo é amoroso, todo mundo é vaidoso – a questão é: as filhas e os filhos de Oxum têm isso num grau de importância maior do que, por exemplo, os filhos de Ogum, as filhas de Iansã.

As filhas de Iansã são mais guerreiras, são mulheres que vão à guerra. Os filhos de Ogum também são altamente guerreiros, são ordenadores, gostam de mandar, de dar ordem, filho de Ogum é aquele que vai à frente. Então, isso dá um perfil emocional, psicológico, dá inclusive, um perfil de arquétipo físico.

Se o filho de Ogum é alguém que gosta de ir à frente, que toma a frente gosta de mandar, geralmente o seu biotipo físico é de alguém forte, de alguém grande porque o perfil emocional de uma pessoa mexe com seus hormônios, os hormônios mexem com o corpo, isso está diretamente ligado ao campo de interesse daquela pessoa. O filho de Ogum geralmente tem interesse em atividade física, em manter o corpo sempre esbelto, forte, se não é dessa maneira pelo menos ele se sente assim.

Mas, temos filhos de Ogum com Oxum, filhos de Ogum com Iemanjá, filhos de Ogum com Obá, filhos de Ogum com Nanã.

Dessa maneira, nem todos os filhos de Ogum são iguais porque se eu tiver um filho de Ogum com Nanã, ao mesmo tempo em que ele tem esse ímpeto pra guerra, ele tem Nanã pra lhe acalmar.

Agora, se é um filho de Ogum com Iansã, o tempo todo ele está procurando onde fazer guerra – “fazer guerra” nesse sentido é defender algo, defender uma ideia, defender um ideal, fazer valer os seus valores.

 Já um filho de Xangô, assim como um filho de Ogum é alguém que se movimenta de forma muito emotiva e emocional, é alguém que quando você o convida para uma briga, ele não pergunta por que você vai brigar, ele só quer saber se você é amigo dele ou não.

Um filho de Xangô é extremamente racional, Xangô é o Orixá da razão, então, o perfil do filho de Xangô é o perfil de racionalizar as coisas, de fazer justiça, de colocar na balança, então, não importa para o filho de Xangô sair correndo, ir à frente, ir brigar, fazer guerra, o que importa pra ele é saber se é justo, se é correto.

O filho de Xangô tem uma tendência a ficar mais sossegado,  avaliando as coisas, pesando, medindo. Quando ele vê uma injustiça, ele vai para cima, mas ele é alguém muito mais sossegado, mais bonachão, mais tranquilo.

Isso é conhecer os Orixás.

Assim como a filha de Iemanjá é aquela que onde está estabelece famílias, gosta de formar vínculos emocionais com as pessoas, a filha de Iemanjá é muito zelosa, cuidadosa e às vezes até um pouco, no negativo, manipuladora.

Como saber qual é o meu Orixá?

 É importante estabelecer uma relação entre as qualidades do Orixá e as minhas qualidades, isso se chama “autoconhecimento”.

Estudar os Orixás, saber qual é o meu Orixá dentro da Umbanda deve ser um mérito.

É um campo de estudos e conhecimento.

Não é simplesmente jogar o búzio e perguntar para um Caboclo:

“Qual é o meu Orixá?”

E depois ficar em dúvida “Será?”, “Será que é esse mesmo o meu Orixá?”.

Quem é o seu Orixá?

É aquele que lhe dá as suas características, suas qualidades principais, essas que você mostra para o mundo, que aparece para todo mundo.

E quem é esse Orixá?

Esse é o seu Orixá de Frente, é aquele que é chamado: “Pai de cabeça”.

No entanto, somos filhos de todos os Orixás.

Há, porém,  um Orixá que está de frente para mim, chakra frontal,  e outro que vibra no chakra posterior, que é o Orixá de Juntó.

 O de Juntó é o que vibra por trás e temos um Orixá Ancestral, na verdade, nós temos dois Orixás Ancestrais, um Orixá Ancestral dominante e um Orixá Ancestral recessivo. Isso gera uma quadratura: Pai e Mãe Ancestral, Pai e Mãe de cabeça.

Quando se fala em Orixá Ancestral, geralmente estamos falando do “Orixá dominante”, que é aquele que vibra no centro do chakra da coroa - é esse Orixá que nos deu a nossa natureza - e o “recessivo” vibra no chakra básico.

Orixá Ancestral, dominante e recessivo, eles formam um casal de Orixás.

Este casal é o seu Pai e a sua Mãe Ancestral que nunca vai mudar.

É o casal de Orixás que lhe acolheu no seu primeiro momento de existência, muito antes de se tornar um ser humano, entrar no ciclo reencarnacionista.

Lá, na origem, quando você era só uma centelha, o Pai e a Mãe lhe fecundaram e você foi se desenvolvendo como uma célula mater, como um zigoto e foi crescendo.

Começaram a se formar os seus chakras, os vórtices de energia no seu corpo e esse Pai e essa Mãe mantiveram um vínculo até o seu retorno ao criador.

E esse vínculo se dá por uma ligação que vem do alto, pelo chakra da coroa e por embaixo, pelo chakra de base e que é justamente essa ligação que estabelece o eixo de energia e equilíbrio que a gente tem que permeia todos os chakras e esse eixo existe desde o início dos tempos pra cada um de nós e é o eixo de energia original, primordial de cada um de nós, então, esse é o eixo da nossa natureza.

Nossos Orixás Ancestrais são aqueles que dão a nossa natureza, uma natureza mais íntima. É o Orixá Ancestral que diz quem você é na sua essência primeira e mais íntima.

Quanto ao Orixá de Frente e o Orixá de Juntó são aqueles Orixás que regem esta encarnação. Então, em cada encarnação, nós temos um casal de Orixás diferentes, regendo aquela encarnação no aspecto de Frente e de Juntó ou Adjunto.

O Orixá de Frente nos conduz de forma racional, o Orixá de Juntó nos conduz de forma emocional. Se você observar os chakras, nós teremos, então, o Orixá Ancestral dominante vibrando aqui em cima na coroa, Orixá Ancestral. Nós teremos o Orixá de Frente vibrando na parte da frente do chakra frontal e o Orixá Juntó ou Adjunto vibrando na parte posterior do chakra frontal. Isso forma um triângulo de forças, esse triângulo de forças é formado: com Orixá Ancestral no vértice de cima, Orixá de Frente no vértice da Direita e Orixá de Juntó no vértice da esquerda, a gente chama isso de: “triângulo de forças do médium”.

Orixá Ancestral dominante e recessivo formam um casal porque é necessário um casal para lhe fatorar, é necessário um casal para lhe conceber. Qual casal? Qualquer Pai com qualquer Mãe pode ser o casal Ancestral. Então, pode ser Oxalá com Oxum, pode ser Oxumaré com Obá, pode ser Obaluaiyê com Iemanjá, pode ser Xangô com Nanã, qualquer casal pode ser o seu Ancestre. Não precisa ser o par vibratório ideal como: Oxalá/ Logunan, Oxum/ Oxumaré, Oxóssi/ Obá, Xangô/ Egunitá, não precisa ser um par original, qualquer casal pode ser o casal de Orixás Ancestral seu.

O Orixá de frente e de Juntó também formam um casal, qualquer Orixá pode estar de frente e qualquer Orixá pode estar de Juntó, a única questão é: deve formar um casal. Homem pode ter Orixá de Frente feminino também, então, de Juntó vai ser masculino.
Mulher pode ter Orixá de Frente masculino, logo de Juntó vai ser feminino.

Orixá de Ancestre é muito difícil de fazer leitura porque é uma qualidade íntima, quase imperceptível.

A leitura de Orixás costuma ser:

O de Frente e o de Juntó, mas às vezes surge uma leitura de dois Orixás masculinos. Então, pode ser que numa leitura que dá “Ogum e Xangô”, não pode ser de Frente e de Juntó. O que é que pode ser uma leitura dessas?

“Você é filho de Ogum e Xangô”, pode ser que você tenha Ogum de Frente e que seu Ogum pessoal está na vibração de Xangô. Isso acontece demais, identificar que esse filho de Ogum é um filho de Ogum vibrando no campo de Xangô, então, dá uma leitura “Ogum e Xangô”.

Ou uma leitura “Iemanjá e Oxum”, uma filha de Iemanjá que está vibrando no campo de Oxum; “Oxum e Iansã”, uma filha de Oxum que vibra no campo de Iansã. Esses, porém, são casos raros.

Muito raramente se faz uma leitura com o Orixá Ancestral.

Geralmente, o mais comum quando a leitura dá dois Orixás do mesmo “sexo”, é que esse Orixá de Frente está trabalhando na sua vida atualmente.

Nós temos um problema na Umbanda de linguagem, cada um fala uma língua, cada um quando diz: “Qual é o seu Orixá?”, faz uma leitura diferente e às vezes ainda diz: “Não, meu filho. No Candomblé o seu Orixá é tal, na Umbanda o sei Orixá é outro”. Então, quem é filho de Ogum é filho de Ogum na Umbanda e é filho de Ogum no Candomblé. Quem é filho de Oxalá é filho de Oxalá em qualquer lugar.

Diz-se também: “Todos somos filhos de Oxalá”, pois é, mas há aqueles que nascem com Oxalá de Frente, porque, na verdade, todos somos filhos de todos os Orixás. E se eu tenho um casal que forma Orixá de Frente e Orixá de Juntó porque o Orixá de Frente está vibrando no chakra frontal e de Juntó está vibrando atrás do chakra frontal, também, temos outro Orixá vibrando na frente do chakra cardíaco e outro atrás do chakra cardíaco, temos um Orixá vibrando na frente do chakra esplênico e outro atrás do chakra esplênico, na frente do umbilical e atrás do umbilical e no básico a gente tem o Ancestre recessivo, como já falamos.

Esta é uma leitura que não se faz, é quase impossível fazer uma leitura dessas, já é difícil chegar numa leitura de um Orixá pra algumas pessoas, de dois Orixás, de três ou uma leitura de quadratura.

Geralmente, uma leitura de quadratura, pode ser o Ancestre dominante e recessivo junto com o de Frente e o de Junto, mas, uma quadratura também pode ser: o Orixá de Frente e o seu campo de atuação, como a gente comentou: “Ogum e Xangô”. Orixá de Juntó com seu campo de atuação: “Oxum com Iemanjá”, aí eu tenho quatro.

Na verdade são dois: de Frente e de Juntó e mais o campo de atuação que o de Frente está e mais o campo de atuação que o Juntó está, dá uma quadratura chama-se de “quadratura” por serem quatro Orixás.

Quando alguém faz a leitura de quatro Orixás pra você, esta pessoa sabe dizer o que isso quer dizer? Sabe lhe informar o que isso quer dizer? Então, você é que tem que fazer essa leitura, você é que tem que identificar.

Podemos ter um Orixá de Frente atuando no campo de outro Orixá. O que isso quer dizer?

 Quer dizer que, por exemplo, se você é filho de Ogum - Ogum é o Orixá ordenador, o Orixá da lei, é aquele que põe disciplina, que põe ordem, que toma à frente - se ele está no campo de Xangô isso quer dizer que o seu Ogum pessoal, o Ogum que você incorpora é um Ogum trabalhando no campo da justiça, quer dizer que ele é um ordenador da justiça.

E ele podia ser um Ogum no campo de Oxum: seria ordenador do amor; podia ser um Ogum no campo de Iemanjá: ordenador da vida; podia ser um Ogum no campo de Oxalá: ordenador da fé.

Se for um Ogum no campo de Oxalá, isso quer dizer que: o seu Pai de cabeça Maior é Ogum e o seu Ogum pessoal é um Orixá que é especialista em colocar a ordem e trazer a lei no campo da fé. Logo, você vai herdar essas qualidades – “herdar” aqui tem o significado de que você está o tempo todo sendo influenciado – por isso se diz: “Seu Orixá de Frente”. Qual é o objetivo de ter um Orixá de Frente?

 É que durante toda aquela encarnação, este Orixá vai lhe orientar pra você aprender aquilo que,  pra ele é natural. Por exemplo, em cada encarnação você é filho de um ou outro Orixá diferente.

 Se eu nasci, encarnei tendo por missão aprender as coisas do amor, então, eu vou nascer com Oxum de Frente. E ela vai me orientar de forma racional, isso quer dizer que o tempo todo ela está vibrando: é o meu Orixá de Frente, ela vai  vibrar as qualidades dela em mim.

É como se fosse o contrário de um médium obsediado, um médium obsediado vibra as qualidades do obsessor, aqui é como se fosse uma obsessão divina, o tempo todo você está vibrando as qualidades do Orixá, que ao contrário de um obsessor  que tira a sua energia, o Orixá está lhe dando a energia dele o tempo todo.

Você tem dificuldade em lidar com questões racionais?

 Você nasce com Xangô de Frente.

Tem dificuldade de tomar a frente nas situações?

 Você nasce com Ogum de Frente.

Agora, você tem a missão de tomar a frente, de aprender a tomar a frente, de ter essa energia, o impulso de Ogum e o teu campo de atuação nessa vida deve ser o campo da fé, então, você nasce com Ogum de Frente trabalhando no campo de Oxalá.

E o Juntó?

O Juntó nos orienta de forma emocional.

Toda vez que você se desequilibra do seu racional, o Juntó lhe ampara. Então, você tem Xangô de Frente e Oxum de Juntó, Xangô está lhe vibrando o tempo todo uma qualidade que você não tem, você nasceu pra aprender as qualidades de Xangô, por isso que você nasce com Xangô de Frente.

 Você nasceu para aprender as qualidades de Ogum, por isso você nasce com Ogum de Frente, parece que você já tem aquelas qualidades, porque Ogum está de Frente o tempo todo lhe dando essas qualidades. Se você tem Oxum de Frente, você está o tempo todo recebendo as qualidades de Oxum. Quando você se desequilibra na qualidade do seu Orixá de Frente, você se refugia, você se resguarda ou você passa a ser amparado pelas qualidades do seu Orixá de Juntó.

Vamos supor que o seu Ancestre é Oxalá, então, sua natureza ancestral sendo Oxalá, você é naturalmente uma pessoa mais tranquila, mais sossegada, os filhos de Oxalá são contemplativos, são introspectivos, são reservados e você pode ter nascido com Ogum de Frente.

Toda essa natureza de Oxalá é algo interno, é algo pessoal, como você nasceu com Ogum de Frente, você nasceu para se tornar mais impetuoso, você nasceu pra se tornar mais ativo, nasceu pra tomar mais a frente nessas questões. Isso não é tão natural porque o seu natural é Oxalá que é o seu Ancestre.

Agora, você está com Ogum de Frente, então, Ogum o está impelindo o tempo todo a agir, se impondo pela lei, pela emoção, algo que às vezes vai ser feito até pela força, qualidade de Ogum, de Frente. Como a sua natureza é outra, há momentos que você se desestabiliza e aí é o Juntó que vai lhe dar o equilíbrio.

Por exemplo, se o teu Juntó é Oxum, no momento em que você se desequilibra nessa força de Ogum, então, é o amor de Oxum que vai lhe dar equilíbrio. Se for Iemanjá são as qualidades maternais de geração com relação à vida que vão lhe equilibrar.

Se for Iansã o teu equilíbrio vai ser justamente a energia de Iansã. Então, o filho de Ogum com Iansã, na hora que ele se desequilibra aí ele vai mais pra cima ainda porque Iansã é o seu Juntó.

 Agora, o filho de Ogum com Oxum quando se desequilibra vai se recolher nos seus sentimentos voltados ao amor ou num sentimentalismo assim. É comum, por exemplo, alguém que tem Iansã de Frente, mulheres que tem Iansã de Frente são guerreiras, não param quietas e são muito movimentadoras, agitadas e geralmente as pessoas as vêem como grandes batalhadoras, grandes guerreiras.

Mas, essa filha de Iansã, no seu íntimo se sente uma pessoa frágil, porque a sua natureza anterior e ancestral pode ser Oxum, pode ser Logunan, pode ser Iemanjá que não é tão guerreira. Então, intimamente, ela sente o Orixá de Ancestre, mas o que ela mostra para o mundo é o Orixá de Frente e assim é com todos nós.

Nós encarnamos tendo por Orixá de Frente aquilo que é a missão de aprender nessa encarnação, temos por Orixá de Juntó aquele que nos dá o equilíbrio.

 Por exemplo:  Alguém que há muitos anos é vegetariano.

Não come carne há muito tempo, não está acostumado mais com as proteínas da carne e principalmente em fazer digestão de carne. Vamos supor que por alguma razão ela procurou um médico e esse médico tem a crença de que essa pessoa precisa comer carne.

Ela vai começar a receber algo que ela não tem que ela não está acostumada, vai começar a comer carne. Isso vai dar uma indisposição, vai dar indigestão e ela precisa de alguma coisa pra equilibrar no momento em que ela está recebendo algo que não recebe há muito tempo, que não tem há muito tempo, então, vai tomar um digestivo.

É uma comparação, é como se a carne fosse o “Orixá de Frente”, você está recebendo aquela energia que você não tem, que não está acostumado e o “de Juntó” entra como um digestivo, pra você conseguir digerir, pra você conseguir absorver, compreender como lidar.

 O de Juntó vai ajudar você a lidar com questões que você não está mais acostumado, que não entende, mas que você está recebendo, você está sendo impelido.

 É como numa obsessão ao contrário, o Orixá de Frente está lhe oferecendo essas virtudes o tempo inteiro, ao contrário de um obsessor que oferece os vícios dele o tempo todo, se alimenta do seu vício, da sua energia, mas quando você está obsediado, está vibrando a qualidade do obsessor sem perceber você começa a se comportar como o obsessor.

Agora, nós o tempo todo não nos damos conta, mas temos o tempo todo comportamento do nosso Orixá de Frente porque a gente nasceu, encarnou pra aprender as qualidades do Orixá de Frente. Isso é o que quer dizer Orixá de Frente, o Orixá de Juntó está sempre nos equilibrando, o Ancestre está na coroa.

 “Somos filhos de todos os Orixás” porque em cada chackra, nesses cinco tem um casal de Orixás, nos dois chakras de ponta temos mais um casal de Orixás que são os nossos Pai e Mãe Ancestre.

 “Orixá de Frente” é o que você mostra para o mundo, “Orixá de Ancestre” é a sua natureza íntima, “Orixá de Juntó” como você reage de forma emocional - mas, assim como numa carta astral, nós não temos só esses três.

Cada um deles está numa qualidade, dá pra construir uma quadratura, nós temos um Orixá em cada chakra. E muito mais do que isso, em cada chackra tem um Orixá que vibra no centro, como aqui está o de Frente e temos mais seis vibrações em torno.

Cada chakra recebe as sete vibrações de Deus, mas uma vibração em específico está no centro que diz qual é o Orixá que vibra no centro, mas tem outras seis em volta e cada uma dessas seis é uma das seis vibrações de Deus de forma universal ou cósmica. Então, nós temos sete Orixás vibrando em cada chakra gerando uma configuração única, é como um código de DNA.

Se você pensar que tem sete Orixás aqui (coroa), sete Orixás aqui (frontal frente), sete Orixás aqui (frontal atrás), cada chakra tem uma configuração de sete Orixás. Então, pode ser Oxalá ou Logunan, Oxum/ Oxumaré, Oxóssi/ Obá, no qual um está no centro e os outros seis estão em torno, isso é uma leitura que nunca é feita, é só pra você ter uma ideia. Que dizer: “Esse é teu Orixá”, não é uma coisa que você está amarrado, você não está fechado na concepção de ter um Orixá.

 “Você é filho de Xangô”, você continua sendo filho de todos os outros Orixás. No entanto, Xangô está de frente, isso quer dizer que você não deixou de ter os outros Orixás, somos filhos de todos Orixás e há momentos, circunstâncias e situações na vida em que inclusive outros Orixás tomam a nossa frente pra nos ajudar a resolver certas situações.

Não basta saber qual é o seu Orixá, é importante você sentir-se filho e filha de todos os Orixás.

Não basta estudar: Oxalá e Logunan na Fé, Oxum e Oxumaré no Amor, Oxóssi e Obá no Conhecimento, Xangô e Egunitá na Justiça.

 Não basta saber: ponto de força de Oxum e Oxumaré na cachoeira; ponto de força Oxóssi Obá na mata; ponto de força de Xangô nas montanhas e pedreiras; Iansã na pedreira; Ogum nos caminhos; Egunitá nos caminhos e nas pedreiras; Obaluaiyê no campo santo;  Nana nos lagos; Omulú, no campo santo também; de Iemanjá no mar.

A cor de Iemanjá azul-claro; de Obaluaiyê Violeta; de Nanã é Lilás; de Omulú é roxa; de Xangô é marrom, pode ser vermelho; de Ogum é vermelho, pode ser azul; Oxum é cor-de-rosa; Oxumaré é azul turquesa; Oxalá é branco; Logunan é azul petróleo ou branca e preta. Então, são questões técnicas não adianta saber qual a cor, qual ponto de força, qual o fator, qual o elemento, qual o verbo, isso é uma relação fria.

É preciso estabelecer uma relação de proximidade com o Orixá, criar uma intimidade com o Orixá,  intimidade não é você ser amiguinho do Orixá, é uma relação íntima, de sentir a presença do Orixá.

Você acende vela pra Oxalá, pra Ogum, pra Oxum, pra Nanã, pra Obaluaiyê, ótimo, mas, você sente a presença de Oxalá na sua vida? Você sente a presença de Ogum, de Oxum, de Nanã? Mais do que acender uma vela é você elevar os pensamentos a Deus, mentalizar Oxalá e sentir a energia de Oxalá lhe tomando no momento em que você eleva os pensamentos, que você pensa em Oxalá, isso é proximidade, sentir que Oxalá está em você.

Elevar os pensamentos a Xangô, sentir a força de Xangô, a energia de Xangô vibrando nos seus músculos, no seu corpo, na sua corrente sanguínea, no seu peito, na cabeça, sentir. Trazer a força de Obaluaiyê, onde vibra Obaluaiyê no seu ser? Quem é Obaluaiyê? O que ele representa pra você? Então, é importante também conhecer os Orixás. Conhecer os Orixás lhe ajuda a identificar que energia é essa que eu estou sentindo.

O que é que eu estou vibrando?

 Carga, todo mundo sente, demanda, todo mundo sente, todos sentem que estão com uma praga, com mal olhado, com quebranto, com inveja, todo mundo sente que tem uma demanda mental, tem alguém que não gosta muito de você, não para de pensar em você. Agora, sentir a presença dos Orixás na sua vida é que precisa um pouquinho mais de refinamento, de você afinar, perceber, precisa de estudo, precisa você sentir a presença do Orixá.

 Segurar uma vela na mão, oferecer para o Orixá e trazer essa energia aqui no alto da sua coroa, sentir essa energia, essa vibração. Rezar pra aquele Orixá, firmar essa vela e sentir que essa energia está firmada, está colocada, está vibrando ali, chama-se “firmar força”.

Não adianta querer colocar uma vela para um Orixá, firmar uma vela pra algo que você não está sentindo. O que adianta dizer que é filho de Xangô se você não sente a energia de Xangô, se você não sente a presença de Xangô? Então, é importante sentir, criar uma relação de intimidade, de proximidade com o Orixá.

No momento em que se fala de “Orixá Ancestral” a gente fala de um casal de Orixás de Pai e Mãe, então, a questão da natureza do ser fala sobre a questão íntima, é de cada um no que diz respeito a ser: masculino ou feminino ou homem e mulher.

Dentro dessa questão, existe um texto chamado: “A natureza do ser”,  de André Luiz.

Nesse texto, do Chico Xavier,  está escrito:

“Quem tem natureza masculina, quase sempre nasce num corpo masculino; quem natureza feminina, quase sempre nasce num corpo feminino”.

Quem nasce homem, quase sempre nasce homem; quem nasce mulher, quase sempre nasce mulher. Quando é que acontece da natureza estar trocada? Ou seja, de ter uma natureza feminina e nascer num corpo masculino?

 Acontece sim, de ter uma natureza masculina e nascer num corpo feminino e vice-versa, isso acontece e a Umbanda tem um olhar de muito respeito para a natureza de cada um, aquele que tendo a natureza masculina quando em determinada encarnação usou da sua força pra abusar da mulher, aquele que é o machão, o homem que se impõe pela força e que diminui que agride a mulher, é comum depois nascer num corpo feminino pra aprender a dar valor à mulher.

 A mulher, que usa da sua feminilidade, da sua sensualidade, da sua força feminina para diminuir o homem ou para se aproveitar de alguma forma que se coloca e subjuga o homem com a força de uma forma egoísta e com falta de respeito, então, nasce num corpo de homem pra aprender a dar valor.

 É comum dizer que o espírito não tem sexo. Acontece que quando você desencarna se você é homem, você continua homem; se você é mulher, você continua mulher no astral.

Se a tua natureza é feminina e você gosta de homem, você continua gostando. Se a tua natureza é masculina e você gosta de mulher, você continua gostando porque é quem você é.

Encarnação após encarnação, geralmente isso não muda, o que muda é: nascer num corpo trocado pra ter uma experiência de respeito com o outro sexo ou quando nasce num corpo trocado pra ter uma encarnação inteirinha em que você não vai se relacionar com ninguém, você vai se fechar vai ser recluso, isso também acontece em algumas encarnações missionárias.

No momento da fatoração do ser, na Androgenesia, quando um Pai e uma Mãe vêm para fatorar, tem um que é dominante e um que é recessivo, então, se o seu Orixá dominante - Orixá dominante que está vibrando na coroa – se esse Orixá dominante é masculino, sua natureza é masculina. Você pode até nascer num corpo feminino, mas sua natureza é masculina. Se o seu Orixá dominante é feminino, a natureza é feminina, pode nascer num corpo masculino, mas a natureza é feminina.

Há uma natureza íntima que é mais ativa ou passiva, que é mais masculina ou feminina.

 Na obra de Kardec no “Livro dos Espíritos” se diz: “Você pode nascer homem ou mulher porque você precisa ter essa experiência, senão você nunca teria essa experiência”.

O que passa a imagem, a ideia de que espírito não tem sexo, nasce em qualquer corpo. Acontece que espírito tem natureza, a gente diz “sexo” da forma como a gente entende é algo do corpo morfológico, do corpo biológico, mas o corpo plasmado também tem sexualidade. No mundo Astral, tanto nas primeiras esferas acima quanto abaixo, as pessoas trocam energia.

O sexo não é tabu na Umbanda e não é pecado desde que se tenha amor. Então, a troca amorosa entre duas pessoas é algo que alimenta um ao outro e essa troca amorosa também existe no astral, não é algo que só se justifica para procriar, não, é o momento de amor, de troca.

Por que a homossexualidade?

Há sim, questões de homossexualidade onde alguém de natureza feminina encarnou no corpo masculino, alguém de natureza masculina encarnou no corpo feminino.

É uma questão de que você sente que embora esteja num corpo masculino tem uma natureza feminina e vice-versa, mas há não apenas a questão de uma natureza trocada. Há também,  muitas vezes, o interesse de relacionar-se com alguém da mesma natureza.

Há quem tenha natureza masculina e está num corpo masculino, mas tem interesse em trocar carinho e amor com quem é da mesma natureza. Também acontece de ter uma natureza feminina, um corpo feminino e ter vontade de trocar carinho, de trocar amor porque sente carinho por alguém que também é feminina e de natureza feminina.

Onde há respeito, amor, carinho, não há pecado, não há nada de errado.

O respeito só é respeito de fato,  e nós devemos respeitar a opção sexual e afetiva de todas as pessoas, o respeito só é respeito quando ele não vem acompanhado de uma palavrinha: “mas” - “eu respeito, mas eu acho...” - então, a questão é essa ou respeita ou não respeita.

Qual é o olhar da espiritualidade?

O olhar da espiritualidade é:

 Às vezes, alguém de natureza feminina está num corpo masculino, às vezes alguém de natureza masculina está num corpo feminino. Mas, a questão é: às vezes alguém de natureza feminina e corpo feminino querem trocar carinho com alguém da mesma natureza e vice-versa.

 A natureza masculina é ativa, a feminina é passiva.

O problema na questão do sexo é o vício.

Onde há virtude, sentimento, não há vício.

Onde não há sentimento nenhum,  há dependência, o sentimento é de crise de privação, onde o que você sente é um vício, algo que lhe dói, que lhe machuca, isso nós dizemos que não é bom. Tudo que machuca não é bom, o que lhe faz bem é bom.

E tudo que é bom é justamente onde não há dor, nem mentira, nem enganação, nem nada disso. E a pior mentira que existe é mentir para si mesmo, que a gente possa primeiro nos respeitar, entendendo que o corpo é sagrado.

Há de se compreender,  pela Umbanda,  que a semeadura é livre, a colheita é obrigatória e nas questões pertinentes ao sexo, entender que sexo é algo que deve estar vinculado ao amor, ao carinho e que o corpo é algo sagrado, respeitando isso eu nunca vi nenhum Preto Velho, nenhum Caboclo, nenhum Boiadeiro, nem Baiano, nem Exu, nem Pombagira ter algum preconceito ou discriminar alguém.

Que a gente possa entender isso sob um olhar divino, um olhar sagrado, entender a questão das naturezas e da liberdade que cada um tem de trocar amor e carinho com quem quiser desde que haja respeito.

Annapon



(Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)

domingo, 18 de agosto de 2013

Posso Tomar Banho de Ervas na Cabeça?Adriano Camargo.



(este texto é parte do material de apoio do curso on-line ERVAS NA UMBANDA com Adriano Camargo - O Erveiro da Jurema, mais informações abaixo)
Essa é a pergunta mais frequente a respeito de banhos de ervas. Vamos procurar respondê-la levando em conta as informações de ADRIANO CAMARGO, no seu livro “Rituais com Ervas- Banhos, Defumações e Benzimentos”, recém-lançado pela Editora Livre Expressão.

●Como regra geral, a resposta é afirmativa: o banho de ervas pode ser tomado desde a cabeça, sem problema algum. ●A única exceção fica para o chamado “impedimento religioso”: quando a pessoa tem uma crença religiosa que a impede de banhar-se na cabeça. Aí se indica o banho a partir dos ombros.

Na Umbanda, especificamente, o banho de ervas pode ser tomado na cabeça, uma vez que:

1- Fazemos banhos com ervas conhecidas (já sabendo para quais finalidades elas servem). Ou por orientação de um Guia Espiritual (ou de pessoa da nossa confiança) que tem esse conhecimento; 2- As ervas serão previamente consagradas a Deus, aos Orixás e/ou aos Guias Espirituais, por meio de uma oração; 3- O nosso propósito é o Bem (na oração de consagração, também vamos especificar qual é o nosso objetivo naquele banho, tais como: limpeza energética, equilíbrio, cura, prosperidade, mediunidade etc.).

De forma que não há o que temer. Muitos “temores” passam de boca em boca, mas sem uma explicação fundamentada. Podemos pensar, por exemplo, no banho de sal, que muitas pessoas jamais aplicariam na cabeça. No entanto, entramos no mar e nos banhamos de corpo inteiro, inclusive na cabeça, e sem problemas. E a água do mar contém sal...

Porém, se a crença particular da pessoa não lhe permite banhar-se na cabeça, com nenhum tipo de erva, isto precisa ser respeitado! Cada religião tem seus fundamentos, “o seu Sagrado”, que precisamos respeitar. A melhor forma de demonstrarmos nosso amor por Deus e pelos Sagrados Orixás é respeitar a crença alheia, porque todos nós somos filhos do mesmo e Único Deus! GANDHI já afirmava: “Para mim, as diferentes religiões são lindas flores, provenientes do mesmo jardim. Ou são ramos da mesma árvore majestosa. Portanto, são todas verdadeiras”.

Muitos umbandistas vieram de outras religiões, nas quais o banho na cabeça era proibido; e, no íntimo, ainda guardam tal crença. E mesmo dentro da Umbanda há Templos com maior influência africana, outros ainda com maior influência nativa (indígena), católica, espírita, ou oriental. Dependendo dos valores ali predominantes, cada Templo seguirá uma orientação, que devemos respeitar. Nestes casos, é melhor a pessoa seguir seu coração, respeitando suas crenças, de modo a fazer seus banhos com tranquilidade e devoção.

►Importante: Só NÃO é recomendável o uso exagerado de ervas quentes (ou agressivas), seja na cabeça seja apenas a partir dos ombros. Um excesso na quantidade dessas ervas e/ou na frequência desse tipo de banho pode nos causar uma baixa energética. Por quê? E quais seriam as ervas quentes? ADRIANO CAMARGO classifica como quentes (ou agressivas) as ervas que fazem uma limpeza profunda em nosso campo energético. Aqui, a palavra “quente” não tem ligação com a ideia de temperatura. “Quentes” são as ervas de forte poder ácido, que atuam de forma agressiva e “arrancam” tudo que encontram pela frente. Logo, devem ser usadas com moderação. Usadas em excesso, elas podem nos causar baixa energética: a pessoa pode sentir-se “mole”, sonolenta, indisposta. Banhos só com ervas quentes (ou com muitas delas) são indicados apenas quando há necessidade de uma limpeza profunda (remover bloqueios e acúmulos energéticos negativos, larvas e miasmas astrais; quebra de magias negativas; libertação espiritual e cura de enfermidades decorrentes; etc.). Mesmo assim, convém dar um bom intervalo de tempo entre um banho e outro; recomendação que também vale para médiuns ativos (que participam de atendimentos espirituais).

●Explicação de Adriano Camargo: assim como não se aplica com frequência um produto ácido num piso, para não danificá-lo, não podemos exagerar no uso de banhos com ervas agressivas porque elas agem em nosso campo energético durante cerca de oito horas, removendo tudo que encontram; e a pessoa poderá sentir-se indisposta. Ele indica que se faça banho de limpeza profunda antes de dormir: enquanto a pessoa dorme, aquele poder ácido atua sem lhe causar incômodos; ao despertar, ela estará renovada e disposta.

Exemplos de ervas quentes para banhos: Aroeira; Arruda; Buchinha-do-norte; Casca de Alho; Casca de Cebola; Dandá ou Dandá-da-costa; Erva-de-bicho; Espada de Santa Bárbara; Espada de São Jorge; Eucalipto; Guiné; Jurema Preta; Picão Preto; Quebra-demanda. Podemos usar apenas uma erva dessas, ou mais (sem exagero...). 

►E qual seria a origem provável do “temor” pelos banhos na cabeça?

Adriano Camargo comenta que ele pode ter origem no período da escravidão africana, e da seguinte forma: na terra natal, os africanos usavam largamente as ervas. Cada Nação cultuava determinado Orixá, consagrando-lhe uma ou mais ervas. Com a escravidão, membros de diferentes Nações e Cultos viram-se forçados a conviver num mesmo ambiente. Alguns eram sacerdotes e grandes conhecedores das ervas, e procuraram guardar seus conhecimentos para preservar sua cultura e religiosidade (daí, em parte, terem surgido os “segredos” e proibições na manipulação de ervas e de outros elementos). 

O fato é que esses escravos não encontraram, aqui no Brasil, as mesmas espécies de ervas conhecidas na África. E, com certeza, não puderam trazer seus elementos ritualísticos nos navios negreiros. Como esses navios também transportavam grãos (cereais), em meio desses grãos podem ter vindo para o Brasil algumas sementes, que mais tarde viriam a florescer; explicando-se o posterior surgimento, aqui, de algumas plantas nativas da África (exemplo: guiné).

Enfim, no início da escravidão, por não conhecerem as ervas nativas do Brasil, aqueles escravos também desconheciam se elas eram tóxicas, ou não. Usá-las em banhos vertidos sobre a cabeça representava um risco de contaminação (intoxicação) pelos olhos, ouvidos, nariz e boca... Muito provável é que, para evitar esse risco, tenha surgido o costume de não se fazer banhos na cabeça, mas somente a partir dos ombros. Isso foi passando de boca em boca, até chegar aos dias atuais. É uma hipótese (que eu já tinha ouvido de um Preto Velho, em meados de 1976, no início do meu desenvolvimento mediúnico)...

●Concluindo: se a crença religiosa da pessoa não lhe veda o banho na cabeça, então ele poderá ser tomado sem problema algum; apenas com o cuidado de não se exagerar no uso de ervas quentes. (Fátima, 09/12/2012. Fonte: O livro “Rituais com Ervas- Banhos, Defumações e Benzimentos”, de Adriano Camargo, Editora Livre Expressão.)

Oferendas Básicas Umbandistas - Rubens Saraceni


Oferenda ao Pai Oxalá


• Toalha ou pano de cor branca; • velas bran­cas; • frutas brancas (melão, goiaba, etc); • vinho bran­­co doce ou suave; • flo­res brancas (todas); • fitas bran­cas; • linhas brancas; • comidas bran­­­­cas (can­jica, arroz doce, coalhada adoci­ca­da, etc.); • pães; • mel; • farinha de trigo (para cir­cular e fechar por fora as oferen­das); • co­co seco e sua água colocada em co­pos; • co­co verde com uma tampa cortada e um pou­co de mel derramado dentro da sua água; • água em cálices ou copos; • pedras de cris­tais de quartzo branco (se for solici­tado); • pembas brancas (em pedra ou em pó); • milho verde em espiga, cru e ainda leitoso.


Oferenda ao Orixá Oxumaré

• Toalha ou pano de cor azul celeste; • velas brancas e azul celeste; • fitas brancas e fitas azul celeste (ou todas as cores); • linhas brancas e linhas azul celeste; • frutas sementeiras (melão, maracujá, mamão, pinha, etc.); • água em copos; • vinho branco seco; água adocicada com açucar ou mel; • flores coloridas; •coco verde; • licor ou suco de maracujá; • farinha de arroz (para circular e fechar a oferenda); • semente de feijão branco semicozidas e misturadas ao mel de abelhas; • açúcar, colocado em um prato branco e regado com mel de abelhas; • pembas coloridas.

Oferenda ao Orixá Oxóssi

• Toalha ou pano verde; • velas branca e verde; • fitas branca e verde; • linhas branca e verde; • frutas de qualquer espécie; • comidas (moranga cozida, milho verde em espiga e cozido, maçã cozida e regada com mel ou açucarada, doces cristalizados); • vinho tinto; cerveja branca; • sucos de frutas; • pembas brancas e verdes; • fubá (para circular e fechar a oferenda).

Oferenda para o Orixá Xangô

• Toalha ou pano marrom; • velas branca e marrom; • fitas branca e marrom; • linhas bran­ca e marrom; • frutas (abacaxi, melão, manga, melancia, figo, caqui, laranja, goiaba verme­lha); • vinho tinto seco; cerveja preta; • comidas (quiabos picados em rodelas e levemente co­zido, rabada cozida com cebolas cortadas em rodelas); • pembas branca, marrom e vermelha; • licor de chocolate.

Oferenda ao Orixá Ogum

• Toalha ou pano vermelho; • velas branca e vermelha; • fitas branca e vermelha; • linhas branca e vermelha; • cordões branco e verme­lho; • flores (cravo e palmas vermelhas); • frutas (melancia, laranja, pêra, goiaba vermelha, ameixa preta, abacaxi, uvas); • licor de gengibre; • cerveja branca; • pembas branca e vermelha; • comida (feijoada).

Oferenda para o Orixá Obaluaiê

• Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fi­tas bran­­cas; • linhas brancas • flores (crisântemos bran­cos, quaresmeira); frutas (pinha, caqui e coco seco); • comidas (pipoca estalada, batata doce ro­xa cozida e regada com mel de abelha, beterraba co­zida e re-gada com mel; mandioca cortada em “toletes” cozida e açucarada; • bebidas (vinho bran­co licoroso, água em copos, licor de ambrósia); • pembas brancas.


Oferenda para o Orixá Oiá-Logunan (Tempo)

• Toalha ou pano branco; • velas branca e azul escuro; • fitas branca e azul escuro; • linhas branca e azul escuro; • pembas branca e azul; • copo ou quartinha com água; • licor de anis; • frutas (laranja, uva, caqui, amora, fi­go, romã, maracujá azedo); flores (do campo, palmas brancas, lírios brancos).


Oferenda para o Orixá Oxum

• Toalha ou pano dourado, azul e rosa; • velas rosa, amarela e azul; • fitas rosa, amarela e azul; • linhas rosa, amarela e azul; • pembas rosa, amarela e azul; • flores (rosas brancas, amarelas e vermelhas); • frutas (cereja, maçã, pêra, melancia, goiaba, framboesa, figo, pêssego, etc); • bebidas (champagne de maçã, de uva e licor de cereja).


Oferenda para o Orixá Omolu

• Toalhas ou panos branco e preto sobrepostos formando oito pontas ou bicos; • velas branca, preta e vemelha; • fitas branca, preta e vemelha; • linhas branca, preta e vemelha; • pembas branca, preta e vemelha • flores (crisântemos, flores do campo, rosas brancas); frutas (maracujá, ameixa preta, ingá, figo); • comidas (pipocas estaladas e regadas com mel, coco seco fatiado e regado com mel, batata doce roxa cozida e regada com mel, bistecas ou fatias de carne de porco regadas com azeite de dendê; • bebidas (água em copos, vinho branco licoroso, licor de hortelã).

Oferenda para o Orixá Obá

• Toalha ou pano vermelho ou magenta; • velas vermelha ou magenta; • fitas vermelha ou magenta; • linhas vermelha ou magenta; • pembas vermelhas; • frutas (todas); bebidas (licor); • flores (do campo, jasmim, rosas vermelhas).


Oferenda para o Orixá Oroiná(Egunitá)

• Toalha ou pano laranja; • velas laranja e ver­melha; • fitas laranja; • linhas laranja; • pem­bas laranja; • frutas (laranja, abacaxi, pi­tan­ga, caqui); bebidas (licor de menta, cham­pagne de sidra); • flores (palmas vermelhas).

Oferenda para o Orixá Iansã

• Toalha ou pano branco e amarelo; • velas branca e amarela; • fitas amarelas; • linhas amarelas; • pembas amarelas; • frutas (laranja, abacaxi, pitanga, uva, morango, ambrósia, melancia, melão amarelo, pêssego e goiaba vermelha); • bebidas (champagne de uva ou de sidra; • flores amarelas; • comidas (acarajé; abacaxi em calda, arroz-doce com bastante canela em pó por cima).

Oferenda para o Orixá Nana Boruquê

• Toalha ou panos lilás ou florido; • velas lilás; • fitas lilás; • linhas lilás; • pembas lilás; • flores (do campo, lírios e crisântemos); • frutas (uva, melão, manga, mamão, maracujá doce, framboesa, amora, figo); • bebidas (champagne rosé, vinho tinto suave, licor de amora, licor de framboesa, licor de morango).

Oferenda para o Orixá Iemanjá

• Toalhas branca ou azul claro; • velas branca ou azul claro; • fitas branca ou azul claro; • linhas branca ou azul claro; • pembas branca ou azul cla­ro; • flores (rosas brancas, palmas brancas, lírio branco) frutas (melão em fatias, cerejas, laranja lima, goiaba branca, framboesa); • bebidas (cham-pagne de uva e licor de ambrósia); • comidas (man-jares; peixes assados; arroz doce com bastante canela em pó).

Oferenda para o Orixá Exu

• Toalhas ou panos preto e vermelho; • velas pre­ta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • li­nhas preta e vermelha; • pembas preta e ver­melha; • flores (cravo vermelho); • frutas (man­ga, mamão, limão); • bebidas (aguardente de ca­na de açúcar, whisky, conhaque) • comidas (fa­rofa com carne bovina ou com miúdos de frango, bifes de carne ou de fígado bovino fritos em azeite de dendê e com cebolas, bifes de carne ou de fígado bovino temperado com azeite de dendê e pimenta ardida).


Oferenda aos Pretos Velhos

• Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fi­tas brancas; • linhas brancas; • pembas brancas; • frutas de todas as espécies; • bebidas (café, vinho doce, cerveja preta, água de coco, vinho branco licoroso); • flores (crisântemos brancos, margaridas, lírios brancos); • comidas (arroz doce, canjica, bolo de fubá de milho, milho cozido, doce de coco, doce de abóbora, doce de cidra, coco fatiado, quindim).

Oferenda aos Baianos

• Toalha ou pano branco (ou amarelo); • velas branca e amarela; • fitas branca e amarela; • linhas branca e amarela; • pembas branca e amarela; • frutas (coco, caqui, abacaxi, uva pêra, laranja, manga, mamão); • bebidas (batida de coco, de amendoim, pinga misturada com água de coco); • flores (flor do campo, cravo, palmas); • comidas (acarajé, bolo de milho, farofa, carne seca cozida e com cebola fatiada, quindim).

Oferenda aos Boiadeiros

• Toalha ou um pano (branco, vermelho, amarelo, azul-escuro, marrom); • velas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • fitas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • linhas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • pembas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • frutas (todas); • bebidas (vinho seco, aguardente, batidas, conhaque, licores); • flores (do campo, palmas, cravos); • comidas (feijoada, charque bem cozido, bolos).

Oferenda aos Marinheiros

• Toalha ou pano branco; • velas branca e azul cla­ro; • fitas branca e azul claro; • linhas branca e azul cla­ro; • pembas branca e azul claro; • flores (cravos bran­cos, palmas brancas); • frutas (várias); • comidas (peixes assados, peixes fritos, peixes cozidos, cama­rões, farofa com carne); • bebidas (rum, aguardente);

Oferenda para os Erês

• Velas branca, cor-de-rosa e azul claro; toalha ou panos cor-de-rosa e azul claro • fitas branca, cor-de-rosa e azul claro; • linhas branca, cor-de-rosa e azul claro; • flores (todas); • frutas (uva, pêssego, pêra, goiaba, maçã, morango, cerejas, ameixa ); • comidas (doces de frutas, arroz doce, cocadas, balas, bolos açucarados, quindins); • bebidas (refrigerantes, água de coco, suco de frutas);

Oferenda para os Exus Mirins

• Toalhas ou panos preto e verme­lho; • velas bicolores preta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • linhas preta e verme­lha; • pembas preta e vermelha; • flo­res (cravos); • frutas (manga, limão, laranja, pêra, mamão); • bebidas (lico­res, cinzano, pinga com mel) • comidas (fígado bovino picado e fri­to em azeite de dendê, farofas apimentadas).

Oferenda para Pombagira

• Toalha ou pano vermelho; • velas vermelhas; • fitas vermelhas; • linhas vermelhas; • pembas vermelhas; • flores (rosas vermelhas); • frutas (maçãs, morangos, uvas rosadas, caqui); • bebidas (champagne de maçã, de uva, de sidra, licores).

Oferendas para Caboclos (as)

As oferendas para os Caboclos e as Caboclas são iguais às dos Orixás que os regem. No geral, são iguais às dos Orixás; no parti­cular, são acrescentados elementos indicados por eles.

Texto extraído do livro “Rituais Umbandistas -

Oferendas, Firmezas e Assentamentos”
de Rubens Saraceni - Editora Madras