sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

RELATO DE UM DROGADO - PSICOGRAFADO POR GÉRO MAITA.



Não sou um personagem importante da história, somente mais um que se perdeu nas ilusões transitórias do vício que vai corroendo nossa vida, nossa família, nossos sonhos aos poucos. Permitam somente me apresentar como “ Aurélio “ nome que não me pertence, pois quero preservar minha família do desgosto que causei a eles e principalmente a mim mesmo. Escrevo hoje pelas mãos de meu professor que me auxilia na composição desta mensagem no intuito de com o meu exemplo que queda moral e humana despertar o coração daqueles que transitam pelo caminho das drogas. Como todo jovem normal, nasci em uma família abastada pelo dinheiro, desde cedo não conheci como muitos a dor de “querer e não ter”, pois meus pais na sede de demonstrarem seu amor acreditavam que mimos, presentes em outras palavras dinheiro construísse a felicidade que deve ser formada em cada lar a custa de diálogo e amor. Tive uma infância paparicada, as melhores escolas, os melhores professores, ia a eventos em casa de amigos de meus pais, onde o luxo sempre imperava, não tinha noção de que fora daqueles locais muitas almas sofriam o drama da fome, da moradia e do desprezo que a riqueza mal administrada cria com o separatismo social. Cresci e cresceu dentro de mim, uma postura piega, fria onde a revolta sem causa tomava conta de meu ser, mal eu sabia que já ali aos meus 13 anos de idade andava as voltas com meus inimigos de outras épocas que vinham hoje na condição de cobradores de minhas faltas passadas para com os mesmos. No lar, não havia diálogo fraterno em minha família, o dinheiro ou a ganância as vezes não somente cegam como tornam as pessoas frias alimentando um ostracismo e o dialogo não existia em meu lar, onde mais se vislumbrava uma família de aparências do que um lar abençoado por Deus. Querendo fugir de tudo isso, procurar uma respostas para uma ansiedade sem causa que sentia pulsar dentro do meu coração exatamente aos 14 anos fui guiado a um dos “guetos” onde o tráfico de ilusões através das drogas é vendido e ali tive meu primeiro contato com a maconha, mas sabendo que aquele seria o começo de um suplício em minha vida. A sensação da famosa “viagem” era um misto de sono, ilusão mental e inúmeras sensações onde eu ainda jovem tinha a impressão de que andava lado a lado ao meu corpo. O tempo foi passando, minha vida desregrando, primeiro o abandono nos estudos, depois as faltas na escola para comprar drogas e curtir um barato, já me encontrava as portas de uma faculdade, atrasado em minha jornada estudantil, queria ser médico, dava “status” na época estudar em uma faculdade de medicina e ai me reporto ao ano de 1977, mas meus inimigos ocultos tinham outros planos para mim. Nesta época a maconha já não fazia tanto efeito, veio o álcool e logo conheci a cocaína, ali começava minha queda abismal ao reino das trevas e do sofrimento. Meus pais tardiamente me deram a atenção que eu necessitava, devido ao farrapo humano que me transformei, digo tardiamente pois neste período já em 1981 eu me encontrava com a mente envolta pelas idéias difundidas dos meu perseguidores e isso me levou a ter minha mesada mensal cortada pelo meu pai e a me conduzir por outro caminho obscuro, o roubo. Vendi meus pertences, realizei pequenos furtos em minha residência pois precisava alimentar aquela sede de drogas, de êxtase, de ilusão que vivia quando drogado. No transe causado pela droga ouvia vozes que hora pareciam me acusa, hora me apoiavam e soava algo sarcástico me induzindo a cada vez mais consumir, consumir e consumir sem notar que era conduzido para o esgotamento moral e físico ou se preferirem a morte. Em uma noite em traficante me vendeu a cocaína de sempre, mas notei que a coloração da mesma estava alterada, mas em raciocínio usei a droga da morte e em instantes a sensação era diferente. Senti meu corpo inteiro tremer, não dominava a força dos meus músculos fracos e franzinos traduzindo a condição de farrapo humano, minha língua enrolara na boca e uma tontura me levou a uma queda, já no chão vi várias pessoas a minha volta em condições piores que a minha sorrindo e caçoando da minha aparência, naquele momento eu entrava em contato visual com aqueles que me esperavam sempre do outro lado da vida, lado esse que eu ignorava e julgava fábula ou religiosismo. Naquela noite se encerrava minha vida na carne, mas meu sofrimento somente começava. De súbito cai em sono profundo, mas minha mente ficava ligada como que se eu passa-se por um pequeno sono e logo me vi acordado por um ou algo que se assemelhasse a um trovão. Acordado e aterrorizado sentia agora os sintomas da droga em meu corpo, sangravam as vias respiratórias, minha cabeça parecia que explodia de minuto a minuto, meu corpo morria, mas eu estava vivo e a minha frente um grupo de espíritos sombrios e aterrorizantes pelas suas formas iniciavam meu julgamento, se não conhecia posso lhes dizer que ali julgava eu estar nos portais do inferno pagão. Fui julgado, maltratado, rebaixado, sofri flagelos horríveis e experimentei o misto da dor, do desprezo e conheci a miséria moral que me encontrava. Um viciado nunca pensa no depois, somente quer viver o momento em sua vida, o barato é legal ao menos na cabeça de um doente que é o que somos e dificilmente aceitamos esta condição para receber o auxilio e tratamento convenientemente. Não sei relatar quanto tempo sofri naquela região escura, fria, pútrida onde somente se encontrava dor e visões de monstros mitológicos. Eu estava no “VALE DOS DROGADOS” , onde são levados pela afinidade moral todos aqueles que desencarnam por este motivo. Um dia pela misericórdia divina, mãos amigas me socorreram, amigos que militam no lado escuro da vida para em nome da caridade divina nos socorrer. No estado em que me encontrava era impossível de se movimentar tamanho os traumas e sofrimentos que passei ficando ali abandonado pelos meus perseguidores em meio a lama e o mal cheiro. Viajei não sei quanto tempo, os socorristas vinham como enfermeiros antigos amparados por “guardas” que impediam a turba de espíritos desequilibrados como eu de atacarem o pequeno comboio que se formava com os RESGATADOS. Fiquei durante algum tempo em um posto de serviço onde amável senhora lembrando as escravas da senzala, nos alimentava com caldo reconfortante e sempre nos contava uma das histórias que nos envolviam com amor e esperança de uma nova vida que eu desconhecia até então. O tempo passou, recuperei minha alegria de querer viver, fui conduzido a um hospital escola, onde podia da janela do meu quarto ver e sentir o perfume dos Girassóis. 
Vieram as lições do evangelho, os tratamentos que ainda me encontro e hoje em atitude de misericórdia amparado por um de meus professores a oportunidade de lhes alertar o caminho de dor que as drogas constroem. 
Vejo todos os dias jovens, adultos, idosos desencarnando e chegando do lado de cá em condições deploráveis devido a inúmeras faltas cometidas desde o seio da família até a fuga de nossas responsabilidades morais. 
Meus irmãos se assim posso chama-los sou e conheci a condição de réprobo, mas tive a oportunidade de me renovar, confesso que poderia ter sido menos dolorosa minha trajetória mas eu usei de meu livre arbítrio. 
O desejo deste texto é somente alertar pais e filhos da responsabilidade que é a bênção da família, de que temos todos os dias a porta larga ou a estreita para seguir. A vida é uma escolha diária e temos que ter os pés no chão para sabermos qual o caminho que iremos seguir. 
Eu trouxe meu exemplo de queda para auxiliar o despertar de muitos que ainda como eu não se aperceberam da armadilha que estão sendo conduzidos. Com o auxilio dos amigos que conheci neste plano de luz estou aprendendo e muito com o evangelho de Jesus e posso lhes afirmar, careta é quem ainda não aprendeu a pratica-lo em suas vidas. 
Haverá novas oportunidades de contato por enquanto fica meu desejo de luz nos corações de todos que se ligaram ao mundo das drogas.
AURÉLIO 
Psicografado por GÉRO MAITA

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