segunda-feira, 27 de junho de 2011

CANTOS E TOQUES NA UMBANDA


POR SEVERINO SENA.

RESUMO DA AULA DADA PELO OGÃ SEVERINO SENA AOS ALUNOS DO CURSO DE

DOUTRINA, TEOLOGIA E SACERDÓCIO DO COLÉGIO DE UMBANDA PAI BENEDITO DE

ARUANDA NO DIA 8 DE JUNHO DE 2011.

Severino iniciou sua aula dizendo que é muito gostoso falar sobre os toques e os cantos e que ali estava para falar da função do Ogã e da curimba.

Ogã: dentro da casa ele é o segundo poder. O primeiro poder é o dirigente da casa de Umbanda e o Ogã sempre vai tocar o que é determinado pelo dirigente. Dependendo do dirigente os pontos são diferentes já que os mesmos são direcionados ao guia-chefe do mesmo. No caso daqui, por exemplo, onde temos Pai Rubens, Mãe Alzira e muitos pais pequenos que aqui trabalham, eu,Severino, como Ogã toco para todos eles, mas o primeiro canto sempre é direcionado ao comando da casa e depois ao comando daquele dia específico de trabalho.
Tenho que estar afinado com o Senhor Arranca-Toco, Senhor Pena Verde e outros guias espirituais que estão no comando.
Desde o início dos trabalhos, abertura, defumação, etc., o Ogã deve direcionar o canto para a
linha que vai trabalhar naquele dia.
Existem várias formas de se trabalhar nas diferentes casas de Umbanda. O Ogã está lá para cantar e tocar o ponto certo para movimentar energias dentro daquele trabalho.

O conjunto são três atabaques e seus nomes foram herdados do culto de nação.

São três atabaques de tamanhos e sons diferentes. O maior chama-se Rum e tem o som mais grave. O médio chama-se Rumpi e o menor deles, com o som agudo chama-se Lê (que é igual a mi). O número de atabaques pode variar de casa em casa, mas existe uma ordem porque cada um deles possui a sua afinação, mas o comando está no Rum. Então podemos afirmar que o Rum é o atabaque direcionado ao comando.

Saudação aos Atabaques: Também existe uma hierarquia ao se fazer a saudação aos atabaques.
Primeiro fazemos a saudação ao Rum, logo após o Rumpi e por último saúda-se o Lê.

Todo Ogã é considerado um pai no Centro de Umbanda. Todos os cantos, todos os toques são importantes no trabalho, desde a abertura até o encerramento dos trabalhos. Para ilustrar a importância do Ogã a vocês, devo dizer que o mesmo está sempre observando tudo, do início ao encerramento dos trabalhos e isto é uma de suas funções para que tudo transcorra dentro da mais perfeita ordem, harmonia, de acordo com o dirigente da casa.
Vou citar um exemplo: - No início de um trabalho desta casa notei um irmão que estava no meio dos
médiuns presentes e me causou certo incômodo e, sem que eu dissesse nada, já na defumação a Mãe Alzira se dirigiu a ele e o retirou da gira porque estava alcoolizado.

O Ogã tem o poder de levantar ou de acabar com um trabalho.

Palmas: podem ajudar “pra caramba” e atrapalhar “pra dedéu”. Se estiver somente cantando, as palmas ajudam, às vezes, porém com o atabaque as palmas atrapalham porque muitas pessoas juntas, sem educação musical possuem ritmos diferentes e podem comprometer o trabalho do Ogã.

O Ogã tem que estar ligado a tudo que acontece durante os trabalhos, por isso mesmo ele encontra-se num piso um pouco mais elevado e vai observando tudo que se passa.

Eu pessoalmente prefiro que cantem e dancem e eu mantenho o tempo musical.

O Ogã deve ter noção, desde a abertura e defumação do tamanho do terreiro, pois, para se defumar algumas pessoas ele necessita apenas de um canto, mas para se defumar duzentas, trezentas, quatrocentas pessoas como aqui, ele deve ter mais de um canto, porém todos eles devem seguir o mesmo toque. Pode-se mudar o toque na hora que a defumação sair da linha dos médiuns para os assistentes.

Tem dirigente que gosta de cantos lentos, outros de cantos mais rápidos e o Ogã deve sempre seguir essa preferência do dirigente porque quem manda é ele, o dono da casa.

O ritmo muda de dirigente para dirigente.

O Ogã tem que estar alinhado com os guias do dirigente e isso tem que ter endereço certo para chegar onde se deseja chegar. Todos os pontos são direcionados em cima de acontecimentos e o Ogã movimenta energia do primeiro ao último trabalho, cantando para Senhor Arranca Toco,Senhor Ogum Beira Mar, etc.

Existe uma grande diferença entre tocar atabaque e bater atabaque. Vemos muitas pessoas que ficam feridas e mal após “bater atabaque”. Por ignorância não observam a altura do mesmo e batem, literalmente com as mãos nos ferros ou na madeira e se ferem. Outro ponto a observar é que pessoas muito altas têm que ficar tortas, curvas para tirarem som dos mesmos e dizem depois que o trabalho estava “pesado” quando na realidade estavam mal posicionadas. Tudo é questão de aprendizagem. Observem a distância e a altura dos atabaques em relação ao Ogã.

Todo canto e toque são importantes porque têm poder de realização.

Para tocar atabaque observem:

1) Distância do atabaque

2) Altura do atabaque

3) Ogã: deve dosar as energias para chegar ao término dos trabalhos que duram por vezes mais de 3 horas.

O Ogã, normalmente, não é médium de incorporação, porém, na Umbanda, muitos terreiros são na casa das pessoas e os médiuns de incorporação tocam e depois incorporam e vão dar passes.

Outro aspecto do Ogã na Umbanda deve-se ao fato de que mulheres podem tocar. Em trabalhos de nação isso não é permitido. Por quê? São lendas e lendas e não sabemos ao certo a razão disto.

Tocamos diferentes toques para o mesmo Orixá. Na Umbanda temos, por exemplo, vários toques para Oxum. Tem música que é Ijexá e tem Congo também.

Em cima de cada toque temos uma variação imensa. Temos congo de ouro, congo nagô. O fato de se usar três atabaques dá uma variação maior ainda e os contra tempos devem ser feitos no mais agudo deles. Temos ainda toques bem determinados para mamãe Oxum na África e na Bahia, onde usam afoxé, que deve usar dois atabaques para ser bem correto. Temos na Bahia, nos “Filhos de Gandhi” o ritmo bem marcado com agogô.

O correto é que o Ogã estude porque ele é um médium também, diferente do incorporante e deve buscar informações para um melhor desempenho na sua função, mesmo porque tocar e cantar ao mesmo tempo não é fácil. Em centros de Umbanda, além de tocar, cantar e observar tudo que se passa no terreiro, o Ogã muitas vezes dá informações rotineiras durante os trabalhos.

Uma pergunta comum que recebo é a seguinte: - Como se descarrega um atabaque?

Não se descarrega um atabaque.

De acordo com o guia chefe da casa o atabaque pode ter firmeza nele, pode ter fitas, ponto riscado etc.

Curimba

Ao se montar uma curimba em um terreiro devemos distribuir muito bem as funções, inclusive para que nenhum dos componentes dela cheguem a um cansaço extremo. Um poderá apenas cantar, outro tocar, mas tudo adequado às necessidades e funções, sempre obedecendo à hierarquia. Existe um comando a seguir, sempre de acordo com o guia chefe do terreiro, os toques para abertura, defumação, um específico para o guia chefe que aqui, no caso é o Senhor Ogum Beira-mar. Somente após a incorporação dele é que os outros Oguns deverão ser incorporados. O mesmo deve acontecer na desincorporação, onde os médiuns devem ser os primeiros a desincorporar e o guia chefe o último.

Tem ponto para o guia chefe.

Tem ponto para a falange daquele guia chefe.

Tem ponto para se ajudar alguém necessitado, etc.

O dirigente deve saber como tocar um trabalho dentro de sua casa, então ele pode e deve fazer um curso de curimba.

Existe uma sequência padrão a ser seguida dentro dos terreiros, porém isso pode mudar de casa para casa. Temos por exemplo casas que não cantam ponto para se bater a cabeça, como aqui onde isso é feito no ponto de Oxalá. Existem outras que não tem um dia para se receber as crianças, algumas cantam sempre o Hino da Umbanda, outras, nem sempre. Enfim, existe uma gama imensa de variações dentro das tendas de Umbanda e devemos sempre respeitar as orientações do chefe do terreiro. Cada casa é um caso; preceitos, obrigações, bebidas (elementos).

Se forem montar uma curimba nos seus terreiros procurem colocar a pessoa mais qualificada para isso e não simplesmente quem não incorpora. É uma função muito importante, pois movimenta energia dentro do trabalho, como já foi dito aqui.

O Ogã dentro da Umbanda não tem iniciação. Eu, pessoalmente, tenho. A primeira pessoa que ensinou a mim, Severino, não teve curso.

Outra coisa importante que foi respondida: no caso de se ter visita no terreiro e a mesma

pedir para tocar o atabaque, o Ogã deve ser responsável e saber que não pode passar o seu

comando a alguém de fora, como já explicado, mas, eventualmente pode deixar que essa pessoa

cante ou toque o Lê, nunca o Rum que é o atabaque principal, o comando da curimba.

Encerramento

Pai Rubens encerrou a aula dizendo que é necessário ter todas as informações possíveis

sobre a nossa religião. Quem quiser conhecer mais a respeito de toques e canto na Umbanda pode

comprar o livro de Severino Sena ou frequentar seu curso.

Todas as religiões têm seu lado de “Magia do Som” como sua personalidade; temos então que ter

um entendimento do conjunto todo; quem toca, quem canta e para que serve o toque.

No início da Umbanda não havia toda essa parte musical muito desenvolvida, mesmo porque

Pai Zélio seguia uma orientação espírita, de acordo com sua formação.

Nós umbandistas devemos saber o que estamos fazendo e por que as coisas acontecem.

Devemos saber conversar e sustentar qualquer diálogo a respeito de nossa religião.

A religiosidade deve ser construída, pois ninguém nasce pronto. Tem que aprender, se

aperfeiçoar, porque isso faz parte de nossa evolução.

Texto enviado por: Vera Bueno.

E-mail: vlbmoraes@gmail.com

domingo, 26 de junho de 2011

CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (OMS) INCLUI INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS

CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (OMS) INCLUI

INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS.

Enviado por: Nenl Capc

E-mail: edu.abu@globo.com

Medicina reconhece obsessão espiritual

Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra:

Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida. Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também.

Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade.

Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico

psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP:

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores,escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com
isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os
leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social.

Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista,organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade:

Mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que
acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de
loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seria  anormais ou doentios.

O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV -
alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou
psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira
(HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.

Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes,rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos(clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Confira no site: http://cid10.cxpass.net/ E digite no campo “código CID”: f44.3

Fonte:Jornal Nacional De Umbanda.

O Banquinho do Preto Velho.

O BANQUINHO DO PRETO VELHO.

Temos como fundamento nas giras de Umbanda um "trono" material de suma importância e

significado. O banquinho de preto velho é a mais bela hierarquia que nos estimula pensar.

Seu trono com três pés nos apresenta a trindade que devemos cultuar com respeito, fé,

devoção. O significado do seu poder nos atinge a cada gira, a cada momento.

A permanência sólida de valores íntimos e conscienciais, a estabilidade e força, a casa íntima

divina sendo construída dentro de cada médium ao incorporar os sábios e serenos pretos velhos.

Jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 25 de Junho de 2011. contato@jornaldeumbanda.com.br Pág. 5

Construir nossa liberdade, nossa fé, descarregar o desapego, nos limpar a cada dia de

nossas atitudes e emoções nocivas. O banquinho nos traz a cada gira a razão consciente de que

esse trono não permite nossos disfarces e máscaras, soberba, e orgulho religioso pela falta de

competência de realizarmos um trabalho interno santificado. Se ainda assim mantiverem esses

sentidos mesquinhos serão julgados pelo próprio azar de ser quem são.

O banquinho tem que ser construído pelas vossas conquistas íntimas, que por vezes são

penosas, doloridas, mas catárticas o quanto antes para que esse trono reluza nossa consciência

espiritual divina.

O estado permanente do ser indica o começo dessa purificação e sua estabilidade vem com a

vivência e sabedoria refletida por esse "trono" no momento que sentamos nele incorporados com a

luz sapiente e serena nos conduzindo a todo instante aos jardins de alecrim e rosas.

Aqueles que são dignos, verdadeiros, trabalhadores, brilhantes em seus íntimos serão

acolhidos e assim esse "trono" material se transformará na mais bela construção divina com estacas

sólidas e fincadas nos sentidos mais verdadeiros e puros. Infelizmente teremos algum tempo para

conquistá-los.

Que façam vossa parte hoje, não encarem as verdades como reveses, orgulhosos e

mascarados, deixem entrar, se entender, se resolvam ou não serão dignos de nada, onde no nada,

nada existe, pois a sombra reflete também nossa falta de evolução e mesquinhez. Amados filhos

sejam as lágrimas de Olorum, pois elas lavarão e semearão a terra fria e sombria que se encontra

no íntimo de quase todos os seres encarnados.

PAI JOÃO DA CARIDADE, pelo médium e sacerdote de Umbanda CARLO SAAD FLORENZANO.

 
Fonte:Jornal Nacional da Umbanda

sexta-feira, 24 de junho de 2011

PONTOS CANTADOS

SOU UMBANDA

DONA DA PUREZA(OXUM)COM LIZ HERMANN


RODA DE SINHÁ(PRETOS VELHOS) COM LIZ HERMANN.

MAREÁ MARINHEIRO COM LIZ HERMANN



PATUÁ DE PAI OXALÁ - LIZ HERMANN



JORGE GUERREIRO - LIZ HERMANN.





SALVE OS BAIANOS -LIZ HERMANN


ODOYÁ -YEMANJÁ - LIZ HERMANN


O AMOR DE OXUM - LUCI ROSA.


NO GIRO DE OYÁ - LUCI ROSA.




EM BREVE MAIS VÍDEOS DE PONTOS...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

QUANTOS FILHOS SUA CASA TEM?

Texto de Marco Boeing – ASSEMA / Curitiba / PA



Um dia um jornalista ao entrevistar uma Mãe de santo, perguntou:


Quantos filhos sua casa tem?


A senhora não lhe respondeu como ele esperava, disse que ele deveria acompanhar as atividades do terreiro na próxima semana que ele teria a resposta.


E assim foi no sábado pouco antes de se iniciarem os trabalhos lá estava ele sentado na assistência observando tudo. Viu que havia mais os menos 40 médiuns, quase todos estavam na corrente, prontos para a gira, e aproveitavam estes momentos que antecediam o inicio dos trabalhos para mostrarem uns aos outros suas roupas novas, ou pra colocar algum assunto em dia.


Mas notou também que um grupo de cinco médiuns estava em plena atividade arrumando as coisas para o inicio dos trabalhos.


O trabalho foi muito bonito e alegre, quando terminou viu que a grande maioria dos médiuns se apressa em se retirar, uns por que queriam chegar logo em casa, outros por terem algum compromisso. Notou mais uma vez que aqueles mesmos cinco médiuns que antes do inicio arrumavam as coisas, agora eram os que começavam a limpar e organizar o terreiro depois dos trabalhos.


Na segunda feira haveria um momento de estudos no terreiro e ele foi convidado, ao chegar ao local, chovia muito e viu que menos da metade da corrente se fazia presente, novamente notou que aqueles cinco estavam lá.


Na quinta-feira haveria um trabalho na linha do Oriente, e também passaria na TV um jogo da seleção, novamente bem menos da metade da corrente compareceu, mas aqueles cinco estavam entre eles.


No sábado novamente estava sentado na assistência e novamente repetiu-se o que havia acontecido na semana anterior, os cinco médiuns fazendo os últimos preparativos para o inicio dos trabalhos, e também começaram a limpeza assim que estes se encerraram, e foi no término dos trabalhos que foi chamado pela Mãe de Santo, que lhe perguntou:


Você conseguiu descobrir quantos filhos tem em nossa casa?


Contei 43 minha mãe – respondeu.


Não, filhos verdadeiros tenho cinco. São aqueles que estavam presentes em todas as atividades da casa.


E os outros?


Os outros são como se fossem “sobrinhos” de quem gosto muito e que também gostam da casa, mas só visitam a “tia” se não houver nenhum atrapalho ou programa “melhor”, e mesmo vindo muitas vezes ficam contando os minutos para acabar os trabalhos.


O rapaz muito sério perguntou:


E por que a senhora não impõe regras para mudar isto?


Meu filho a Umbanda não pode ser imposta a ninguém, tem de ser praticado com entrega, o amor à religião não pode ser uma obrigação, ele deve nascer no coração de cada um, e o mais importante a Umbanda respeita o livre-arbítrio de todos os seres…


E nós, somos “filhos” ou “sobrinhos” de Umbanda?


Somos Umbandistas em todos os momentos de nossa vida, ou somos Umbandistas somente uma vez por semana durante os trabalhos no terreiro.


SUGESTÕES PARA MELHORAR OS ATENDIMENTOS MEDIÚNICOS.

Ter a oportunidade de conversar com uma entidade incorporada em um médium comprometido com a espiritualidade é um privilégio para o consulente, para o médium e até mesmo para o próprio guia. Independentemente da condição em que nos encontramos todos, sem exceção, estamos em evolução e o que diferencia a evolução de cada um são nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações, enfim, as atitudes e posturas do nosso cotidiano. Quando vamos ao terreiro sempre vamos em busca de algo e muitas vezes esquecemos que esse algo não vai vir de fora, não vai cair do céu. Com certeza vai depender do nosso merecimento e do nosso trabalho.

Outra coisa comum de se esquecer é que nenhuma situação se forma da noite para o dia. São longos períodos sem ação e sem reflexão que exigem persistência e equilíbrio para superação das condições adversas. Dificilmente uma situação que demorou muito tempo para se formar se resolverá numa única consulta mediúnica.

Dependendo da ótica que você lê esse texto pode ficar a impressão de passividade e de que sempre estamos errados. Que temos que ter paciência, que temos que ser resignados. Sim, temos que trabalhar tudo isso, mas se você, assim como eu, prefere ter uma atitude mais participativa, mais ativa, podemos pensar em algumas idéias para melhorar nossos atendimentos com os guias espirituais. Algumas sugestões:

1) Organize seus pensamentos – Antes mesmo de chegar ao terreiro vá pensando nas suas prioridades. Durante a abertura dos trabalhos concentre-se e reflita (obviamente em silêncio) sobre o que você almeja e o que realmente você foi fazer lá. Na frente do guia sabemos que muitas vezes dá o “branco” e nem sabemos direito o que falar, mas se já é difícil pra gente imagina para o guia entender o que passa dentro da nossa cabeça tendo ainda o médium como intermediário. Não duvido da capacidade da entidade, porém se podemos facilitar pra quê complicar? Uma boa consulta não é aquela que demora horas e sim aquela que é objetiva.

2) Carregue somente sua cruz – Estamos sempre pensando nos outros, nos nossos familiares, amigos ou mesmo inimigos. Concentre-se em você. Não, isso não é egoísmo, é um caminho para solução dos problemas, primeiro porque você não interfere no livre arbítrio de terceiros e segundo porque é você quem está lá e não os outros. Sei que pode parecer cruel “deixar de pensar nas pessoas” mas não dá para tirar os outros do buraco se você ainda estiver dentro dele. O máximo que vai acontecer é os outros subirem sobre você para tentarem sair do buraco. De forma prática, acenda somente suas velas, prepare somente seus banhos, faça somente suas orações e trabalhe seu íntimo. Nem precisa dizer que trocar informações sobre sua consulta com o próximo é tão idiota quanto usar a receita médica de outro paciente para curar a sua doença. Não sejamos hipócritas, se um quinto das pessoas realmente pensasse e agisse em prol do próximo nossa a sociedade seria outra.

3) Vista-se adequadamente – Grande parte da população normal usa trajes de acordo com a situação ou ocasião. No matrimônio utilizam-se roupas de casamento, para nadar utilizam-se trajes de banho e é assim para o trabalho, para dormir, para passear no parque ou praticar esportes. Seguindo o mesmo raciocínio seria natural ir ao templo religioso com roupas adequadas para isso, ou seja, claras e sem decotes. Sim, vivemos num país predominantemente tropical e o calor beira ao absurdo, mas nada impede você de levar uma camiseta branca na sua bolsa ou mala e vesti-la instantes antes do atendimento. Não fique preocupado se essa camiseta extra combina com o restante de seu traje, o atendimento é para o espírito e não para a etiqueta da vestimenta. Terreiro não é passarela ou lugar de “azaração”.

4) Não seja curioso – Durante o atendimento procure prestar o máximo de atenção no que está sendo dito para você. Não tente escutar conversas de outras consultas e nem fique olhando para o que acontece do lado, mesmo que seja um descarrego daqueles “bem barulhentos”. Quanto mais atenção você prestar no guia que está falando com você mais rápida e eficiente será sua consulta, você terá menos dúvidas e, de quebra, você não leva pra casa carga dos outros consulentes devido ao merecimento por ser xereta.

5) Não fique de sacanagem – se você não puder fazer os banhos, defumações, oferendas e tudo mais, diga logo ao guia. Ele não vai te bater e nem ficar ofendido. Juntos vocês vão buscar outras alternativas viáveis. Agora se você se comprometeu a fazer o que lhe foi proposto então FAÇA e FAÇA DIREITO. Tudo que lhe é passado para fazer em um atendimento tem um propósito, um objetivo e muito provavelmente tem prazo de validade. Não dá para fazer neste carnaval o que foi pedido na Páscoa do ano passado. Ah, e tem outra… não fazer e falar que fez é tão infantil quanto dizer que estudou pra prova e na hora H ganhar aquele zero. Mais cedo ou mais tarde a verdade aparece e quem sofre as maiores consequências é você e as pessoas que gostam realmente de você.

6) Vibre sempre energias positivas – O número da sua ficha de atendimento é 80 e ainda estão chamando o número 10? Parabéns! Isso significa que você terá mais tempo para refletir e pensar em como melhorar sua vida rezando num templo religioso! Reclamar, ficar levantando para fazer nada, cochichar e falar sobre futilidades é um grande favor que você faz ao baixo astral. Sim, toda energia trabalhada tem que fluir para algum lugar e graças à lei da afinidade você pode entrar no terreiro com um probleminha e sair com 80 novos problemões. Seja esperto, vibre sempre energias positivas, em silêncio e no seu quadrado.

7) Sua consulta terminou? Vá embora – Encontros sociais, conversas com parentes, discussões sobre política, religião e futebol ou mesmo matar saudade de conhecidos são coisas para serem feitas em lugares mais apropriados como uma lanchonete, um churrasco de domingo ou mesmo lá na padaria ou no café do supermercado 24 horas. O baixo astral é persistente e age sempre na sutileza, portanto, quanto menos brechas você der melhor será pra você e para os guias que se esforçaram bastante para buscar soluções no seu atendimento. Faça por merecer!

8) Procure saber mais a respeito – Há quanto tempo você é assistido num terreiro? Muito? Parabéns de novo! Ou você está com medo de responsabilidade ou então está acomodado demais esperando os “banhos da semana”. Procure cursos, participe dos grupos de estudos, leia um bom livro, vá estudar! Entendendo mais sobre o assunto aumentam as chances de você fazer mais e melhor. Os problemas não vão acabar mas quanto mais desafios você superar nesta vida mais pleno ficará seu espírito e maior será sua contribuição para a evolução dos seres.

9) Contribua materialmente com seu terreiro – Todo terreiro usa velas, pembas, ervas e artigos de charutaria. Todo estabelecimento consome água e utiliza energia elétrica. Todo local com muita gente precisa ser limpo também na matéria e para isso são utilizados vassouras, panos e produtos de limpeza. O trabalho espiritual acontece num local físico que precisa ser mantido em ordem para a boa continuidade dos trabalhos. Converse com os responsáveis pelo seu terreiro e veja como você pode contribuir mesmo que esporadicamente. Ao ver uma caixa de doações não finja que não viu. Não importa o valor e sim sua boa vontade e compreensão de que o trabalho espiritual é grandioso e deve alcançar seu irmão, o seu próximo.

10) Não visite – Se você está procurando um terreiro por curiosidade, pra ver como é ou pra ver “se é bom”, por favor, não perca seu tempo. O trabalho espiritual é voltado para quem realmente precisa, tem fé, acredita, trabalha, tem paciência e a compreensão de que tudo que acontece na vida é por puro merecimento. Quer resultados rápidos, amarrações e garantias? Procure por telefones nos postes da sua cidade, com certeza tem alguém vendendo o que você procura … só não vá falar que isso é Umbanda ou trabalho religioso porque respeito é o mínimo que um ser humano deve ter.

11) Confie em você mesmo e tenha fé – ninguém é obrigado a ficar em um terreiro onde não se sinta bem, mas ficar indo em vários terreiros ao mesmo tempo é igual a iniciar o tratamento de uma doença em diversos médicos simultaneamente: além de gastar tempo e dinheiro seu corpo sofre com medicamentos diferentes. Terreiro não é hotel cuja classificação se faz por estrelas. É preciso ter fé, acreditar, ser racional e paciente, portanto confie na sua escolha, analise e seja crítico consigo mesmo para não perder o seu tempo, o tempo dos médiuns e o tempo dos guias. Ir em 7 terreiros diferentes na mesma semana significa que você, no mínimo, ocupou o lugar de outros 6 irmãos que precisam de consulta. Não seja egoísta.

Precisamos sair da passividade e assumir uma postura mais centrada e inteligente para fazer da nossa Umbanda uma religião de respeito. Clareza e verdade é bom para todo mundo e disciplina, ao contrário do que muita gente pensa, não é escravidão, é liberdade!



Fonte: JUCA

Banho de Rosas e Flores no Ritual de Umbanda.


Quem nunca tomou um bom banho de rosas? Mais do que isso, quem nunca utilizou estas flores para decorar, harmonizar, perfumar ou romantizar um ambiente? Pois é, as rosas expressam as emoções do amor e da vida e quando bem utilizadas podem nos proporcionar enormes benefícios. Mas afinal, rosas de qual cor devem ser usadas e em que situações? Vejam só:

Rosas Brancas trazem o sentido da Pureza e da Paz. Facilitam a paz interior e ajudam a entrar em conexão e contemplação com o eu interior. Protegem contra energias negativas, purificam os sentimentos, acalmam e trazem o sentido da compaixão estimulando o perdão. São ligada à harmonia e à espiritualidade superior. Podem ser usadas em crianças e até bebês. O banho com rosas brancas é eficaz contra alergias de pele e coceiras. Colocadas nos ambientes atuam contra as energias maléficas e acalmam as pessoas que estão ao seu redor. A rosa branca esta ligada a Yemanjá e a Oxalá.

Rosas amarelas significam Felicidade e Amizade. Tanto em banhos como colocadas em ambientes trazem bem estar, alegria, sensação de leveza e ajudam a ativar as energias universais da prosperidade. O banho equilibra o espírito e a mente e é excelente para limpeza espiritual. A rosa amarela esta ligada a Oxum e Yansã.

Rosas cor de rosa estão ligadas à Amizade e ao Carinho. Facilitam a conexão com a chama trina e com a divindade interior. Desenvolvem sentimento de amor próprio, humildade e passividade. Ajudam a reconhecer os erros e a perdoar os fatos negativos da vida. A rosa cor de rosa está ligada a Oxum e aos Ibejis.

Rosas vermelhas significam Amor e Paixão, são um modo mais direto de dizer “Eu amo” alguém, algo, a vida, o trabalho, ou qualquer outra coisa. São totalmente indicadas para as pessoas que perderam a paixão pela vida. Ajudam a desenvolver a sensualidade, e despertam a libido. É um banho estimulante que tem o poder de desbloquear os chacras e livrar a aura de miasmas espirituais, deixando a pessoa “descarregada” de energias negativas. É ótimo contra depressão. A rosa vermelha está ligada a Yansã, aos Ciganos e às Pombagiras.

Fonte:www.minhaumbanda.com.br


FLORES DOS ORIXÁS:


PAI OXALÁ.


ROSA BRANCA,LÍRIO BRANCO,MARGARIDA BRANCA,COPO DE LEITE,GIRASSOL,JASMIM,LÁGRIMAS DE CRISTO,LÍRIO DA PAZ;

MÃE OIÁ - TEMPO(LOGUNAN)

ROSA AMARELA,ROSA CHAMPANHE,CRISÂNTEMO AMARELO,LIZIANTRO;

MÃE OXUM

ROSA COR DE ROSA,FLORES DO CAMPO,FLOR DA FORTUNA,LÍRIO AMARELO E ROSA,ROSA AMARELA,CALÊNDULA,CAMOMILA;

PAI OXUMARÊ

FLORES DO CAMPO COLORIDAS,FLOR DE LARANJEIRA,HORTÊNCIA;

PAI OXÓSSI

FLORES DO CAMPO COLORIDAS,CRISÂNTEMOS COLORIDAS,FLORES SILVESTRES;

MÃE OBÁ

GÉRBERA MAGENTA,AZALÉIA CORES VIVAS;

PAI XANGÔ

PALMA VERMELHA,BICO DE PAPAGAIO,CREVO VERMELHO,MARGARIDAS VERMELHAS,GÉRBERA VERMELHA;

MÃE EGUNITÁ

ROSA LARANJA,GÉRBERA LARANJA,BEGÔNIA,TULIPA;

PAI OGUM

ANTÚRIO VERMELHO,CRAVO VERMELHO;

MÃE IANSÃ

PALMAS AMARELAS,ROSA AMARELA,TANGO AMARELO,BOCA DE LEÃO AMARELA,GÉRBERA AMARELA,GIRASSOL,CRISANTEMO AMARELO;

PAI OBALUAIÊ

CRISÂNTEMO BRANCO,MARGARIDA BRANCA;

MÃE NANÃ BURUQUÊ

PALMA LILÁS,CRISÂNTEMO LILÁS,VIOLETA,AZALÉIA,HORTÊNCIA;

MÃE YEMANJÁ

PALMAS BRANCA,ROSAS BRANCAS,AZALÉIA,HORTÊNCIA;

PAI OMULÚ

CRISÂNTEMO BRANCO,CRAVO BRANCO,CISÂNTEMO ROXO.





Importância do Batismo na Umbanda.


 É muito comum médiuns umbandistas serem batizados sem nenhum tipo de consciência sobre o que significa esse sacramento. Pais e Mães espirituais simplesmente batizam seus filhos sem ao menos perguntarem se é isso mesmo queeles desejam, sem ao menos prepararem ou explicarem o que significa esse ritual, assim como é comum vermos médiuns trabalhando há anos em seus terreiros com várias confirmações, mas sem terem sido batizados ou convertidos para a Umbanda, religião que comunga, ama e pela qual se dedica.


Nessas duas situações percebo a falta de atenção desses Pais e Mães espirituais que, talvez por falta de conhecimento ou por falta de tempo, deixam de lado esse importantíssimo e fundamental ritual para qualquer Ser, independente de religião. Aliás, o Batismo é o mais importante sacramento para qualquer religião, e isso é tão claro que percebemos com facilidade o quanto as religiões de forma geral incentivam, divulgam e trabalham em prol do batismo entre sua comunidade e seus fiéis, algumas inclusive chegam a exigir tal sacramento.


É fato que existe hoje em dia um movimento de valorização da Umbanda, mas será que as principais regras estão sendo cumpridas? Será que os fundamentos básicos e iniciais estão sendo preparados? Será que o Batismo ou a Conversão Religiosa, sacramentos fundamentais para todo Ser que dão “vida ao Espírito”, estão sendo realizados nos terreiros com total consciência, responsabilidade e beleza?


Assunto para se pensar não acham?


Tem um ponto muito bonito em nossa Umbanda que diz “a Umbanda tem fundamento é preciso preparar…”, portanto é preciso trabalhar, estudar, organizar, estruturar e REALIZAR A UMBANDA. É preciso transmitir a Graça Divina, satisfazer as necessidades, nutrir de fé e de Sagrado cada fase da vida, evitando assim que os médiuns umbandistas procurem outras religiões para realizarem determinados ritos e sacramentos.


É preciso realizar belíssimos batismos, emocionantes conversões, maravilhosos casamentos, grandiosos rituais de amaci tudo com muito AXÉ, FUNDAMENTO e AMOR. É fazer com que esses sacramentos se tornem inesquecíveis a qualquer um, seja para os convidados, para o médium, para o Terreiro, para os Pais de Santo e claro, para toda espiritualidade que engrandece, vibra e agradece ao término de cada ritual.


E para que esse assunto não fique só na ‘boa vontade’, coloco um pouco dos fundamentos básicos que envolvem o Ritual de Batismo em nossa Umbanda, esclarecendo que cada Terreiro acrescentará suas particularidades ao ritual, o que não tem nada de errado, mesmo porque isso acontece de acordo com a Linha e o Orixá que comanda esse Terreiro.


Batismo


É um rito de passagem, feito principalmente com água sobre o iniciado através da imersão, efusão (derramamento) ou aspersão (borrifo). Segundo o Dicionário Aurélio, o termo batismo vem do grego, baptismós, que significa mergulhar, em latim, baptismu. É um sacramento religioso onde através da imersão, da ablução (lavagem) ou simplesmente da aspersão (borrifo) de água significa um renascer espiritual.


A origem deste sacramento é tão antiga quanto a humanidade. Cada povo, de uma forma ou de outra, sempre teve seu ritual iniciático. Na Igreja Católica, por exemplo, o Batismo liberta do pecado original e regenera o Ser tornando-o membro de Cristo. Portanto, após o Batismo aquele membro incorpora a Igreja e é feito participante dela.


O BATISMO NA UMBANDA


É realizado para revestir o espírito e o mental do Ser com uma aura protetora semelhante a proteção divina que o espírito recebe ao reencarnar. É a “entrada” do espírito na dimensão religiosa da Umbanda, é quando o médium se torna Filho de Olorum e seguidor de Pai Oxalá, passando a fazer parte de seu “exército branco”.


Ele é o primeiro e o mais importante Sacramento, pois é a porta de entrada para o recebimento das bênçãos divinas e dos demais sacramentos. Pelo batismo, a pessoa é incorporada à Umbanda, passando a ter os direitos e deveres próprios da religião. É um cerimonial litúrgico poético, santificado e participativo da vida divina onde preces, toques, cantos e atos litúrgicos específicos compõem a linguagem expressiva e encantadora de nossa religião.


O ritual pode ser praticado dentro do próprio terreiro, como também na cachoeira, local de vibração pura de Mãe Oxum, mãe e protetora de todos os filhos de Umbanda e Senhora das Águas Doces. Pode-se também, por orientação do Chefe da Casa, ser realizado na praia, consagrando assim, os filhos a Iemanjá. No entanto é indispensável a água da cachoeira que tem o poder de limpar, purificar e alimentar nosso espírito e quando jogada ou aspergida na coroa, chacra coronário, faz a purificação desse chacra e ativa-o promovendo uma unificação com as forças espirituais superiores além de fortalecer, equilibrar e alimentar nossa alma com vibrações puras e harmoniosas.


Há ainda o cruzamento com a pemba, ato sagrado que coloca o Ser sob a ação da Lei de Pemba da Umbanda, lei que sustenta e conduz nosso espírito. Com esse ato também se cruzam os chacras, vórtices captadores e irradiadores de energia, fechando-os às energias negativas e ligando-os à supremacia espiritual, ativando-os assim à entrada de energias positivas e benéficas.


A banha de ori que é colocada no centro do chacra coronário, coroa, tem o poder de fazer a ligação com o Astral Superior formando um canal Divino que auxiliará o médium em qualquer momento, precisando somente, que ele eleve seus pensamentos para ter o auxilio necessário. A banha de ori é também chamada de limo da costa e é uma substância gordurosa extraída da glândula supra-renal do carneiro, também existe a banha de ori vegetal que é extraída do fruto de Karité, árvore encontrada somente na África e seus frutos guardam poderes místicos.


A vela batismal que é acessa simboliza a luz, o ‘espírito vivo’, que deve ser entregue ao batizando para que se lembre da luz que o acolheu e que sempre o acolherá.


Na Umbanda ainda, mais que padrinhos encarnados, contamos com o amparo dos Guias Espirituais e/ou Orixás que se manifestam na hora da consagração adquirindo a guarda desse médium. Momento mágico e divino que exprime a verdadeira realidade do amor, da bondade e da benevolência, superando qualquer sentimento.

Fonte:www.minhaumbanda.com.br


terça-feira, 14 de junho de 2011

Bandeira da Umbanda.


A Umbanda em seus 100 anos de existência já dispunha de quase todos os símbolos que uma religião necessita para marcar a sua presença, a sua existência. Faltava-lhe todavia aquele símbolo que por si só identifica um povo, uma nação, a até mesmo uma gremiação esportiva, faltava-lhe uma B-A-N-D-E-I-R-A !! A idéia de uma bandeira para a Umbanda surgiu através do babalorixá, presidente da Associação de Umbanda de Caxias, Saul de Medeiros (Saul de Ogum), o qual idealizou a bandeira e que de imediato foi bem recebida pelo povo afro-umbandista de Caxias do Sul e também do Rio Grande do sul, mas a idéia era que a bandeira se tornasse nacional. Em abril de 2008 ocorreu a união entre Saul de Medeiros e a Federação de Umbanda do ABC Paulista que resultou em 01 de Junho de 2008 no lançamento oficial da Bandeira da Umbanda no Teatro Municipal Dr. Paulo Machado de Carvalho, na presença de 1.200 irmãos de fé. A Bandeira pelo olhar de seu criador (Saul de Medeiros): "A imagem de um lindo sol radiante e, de seu núcleo, saí uma figura que no primeiro instante parece a de um enorme pombo branco, mas olhando com mais atenção, a forma se modifica deixando transparecer um espectro humano angelical e com enormes asas, como se dirigisse a um destino determinado a realizar uma missão". Vamos todos trabalhar pela divulgação deste símbolo, como diz nosso hino: "Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá".

Fonte:










sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre o Hino da Umbanda!!!Fundamentos da Letra !!!!

Sobre o Hino da Umbanda

Escrito por Ademir Barbosa Júnior

Hino da Umbanda

Refletiu a Luz Divina

Com todo seu esplendor

É do reino de Oxalá

Onde há paz e amor

Luz que refletiu na terra

Luz que refletiu no mar

Luz que veio de Aruanda

Para tudo iluminar

A Umbanda é paz e amor

É um mundo cheio de Luz

É a força que nos dá vida

E à grandeza nos conduz.

Avante, filhos de fé

Como a nossa lei não há

Levando ao mundo inteiro

A bandeira de Oxalá.

O Hino da Umbanda, cantado em quase todas as casas (no início ou no final das giras, bem como em ocasiões especiais), foi composto por José Manuel Alves, o qual, em 1960, procurou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, em Niterói, vindo de São Paulo, desejoso de ser curado da cegueira, o que não aconteceu, em virtude de compromissos cármicos de José Manuel.

Tempos depois, José Manuel tornou a procurar o Caboclo das Sete Encruzilhadas e lhe apresentou uma canção em homenagem à Umbanda, tomada pelo Caboclo como Hino da Umbanda. Em 1961 o Hino foi oficializado no 2º. Congresso de Umbanda.

O Hino sintetiza as características gerais da Umbanda, bem como sua missão. A Umbanda vem do plano espiritual para iluminar e acolher, vem na linha de Oxalá, sob as bênçãos do Mestre Jesus, para fortalecer a todos e auxiliar a cada um a desenvolver o Cristo interno.

No acolhimento que faz a encarnados e desencarnados, a Umbanda convida a todos a encontrar a paz individual e coletiva. O exercício do amor em todos os níveis, a verdadeira caridade que não se reduz apenas ao assistencialismo, vibra em consonância com os ensinamentos do Mestre Jesus.

A mensagem de Umbanda estende-se pela terra e pelo mar, abençoada e orientada pelos Orixás. Trilha espiritual e religião ecológica, valoriza a magia e o poder dos elementos em favor do equilíbrio e da evolução de cada um e do planeta. A luz (fogo) vem de Aruanda (ar, dimensões), reflete na terra, no mar (água), disponibiliza-se a todos: a mesma luz que brilha em Aruanda (plano espiritual elevado), brilha também, guardadas as proporções e adequações a cada plano e a cada indivíduo, para todo espírito, encarnado ou desencarnado.

Dentre as práticas da Umbanda não está o proselitismo. Por isso as portas dos templos estão sempre abertas a todos, sem distinção. Há quem prefira participar de algumas giras, receber conselhos, sugestões, Axé e voltar agradecido para sua casa, sua religião, suas práticas espirituais. A lei da Umbanda é o amor/a caridade e, de fato, como essa lei (evidentemente, não exclusiva à Umbanda), não existe outra. Nesse sentido, levar ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá significa compartilhar no cotidiano, nas mais diversas circunstâncias, o amor e a paz, não forçar alguém/o mundo à conversão ou ao comparecimento a giras (o que, aliás, nenhum umbandista consciente faz), nem tentar impor "a minha" Umbanda como "verdadeira". A graça da Umbanda está na diversidade. Se conjugo "a minha" Umbanda à "sua", à "dele", à "dela", juntos, teremos UmBanda.

Que a bandeira de Oxalá cubra a todos nós, auxiliando a cada um a cultivar o Cristo interno! Que o Hino da Umbanda vibre sempre em nossos corações!

Deixa a gira girar!

Fonte:blog mundo aruanda.



terça-feira, 7 de junho de 2011

O QUE SÃO EBÓS?


Os Ebós são oferendas feitas para os Orixás, Odús e outras Divindades, com diversas finalidades, sejam elas para apaziguar algum problema ou feitas em forma de agradecimento por alguma graça atingida, por alcançar algum objetivo. Tambem para limpeza, energização, positivação do corpo e mente ou simplesmente como forma de reverenciar às Divindades e aproxima-las do nosso cotidiano.

Do Ebó, se mantém o principio vital, o equilibrio do corpo, da mente e do astral, é como tirar todas as nossas empreguinações, carregos, encostos, larvas astrais, formas pensamentos, maldições, sujeiras do passado, presente, dando vida a um novo começo.

Existem diversas maneiras de se fazer um Ebó (LIMPEZA-DESCARREGO), porem todos levam a mesma finalidade. Trazer qualidade de vida, equilibrio e comunhão com o lado espiritual.

Temos Ebós de:

cura, amor, energização, anos de mediunidade, fertilidade, descarrego, prosperidade,  e etc;

Enfim, são diversas as funções.

Cada um tem o seu material especifico a ser utilizado e todo elemento ofertado é revertido energéticamente ao indivíduo.

Após a conclusão do ritual, todo material é entregue nas matas ou nas aguas, para que todo mal e carrego seja levado, fazendo com que as sementes utilizadas em seu corpo, possam brotar, gerando vitalidade e o crescimento necessário dentro das necessidades do atendido. A roupa utilizada no ritual tambem e descartada com a intenção de tirar a roupagem energética que esta suja.

Como prática e tradição de trabalho, o Ebó não escolhe religião, esta fundamentado nos costumes de descarregos mais antigos, tanto nas linhagens afro descendentes quanto nas linhagens indígenas.

Pode ser ensinado e aprendido, sem restrições de origem ou credo.

O ato de Oferendar ou fazer o Ebó é salutar, pois demonstra uma vontade de mudança no ser humano.

TEXTO DE RENATA VAILIERI.



O LEGADO DE BENJAMIM FIGUEIREDO

- O LEGADO DE BENJAMIN FIGUEIREDO -

UMBANDA: 100 ANOS (1908 - 2008)

INTRODUÇÃO

Escrever sobre Benjamin Gonçalves Figueiredo não é apenas falar do homem e do médium, porque sua vida se mistura com a mensagem e com a obra de seu mentor espiritual, um dos mais importantes dirigentes espirituais da Umbanda: o magnífico Caboclo Mirim. Ambos serão para sempre um exemplo edificante de amor ao próximo e de luta pela dignidade do culto umbandista.

Em um momento histórico-cultural difícil para a Umbanda, Benjamin Figueiredo foi um dos principais expoentes no movimento pela evolução do culto e pelo reconhecimento das casas umbandistas junto às autoridades de seu tempo, estando lado a lado de alguns dos incansáveis guerreiros dos primeiros anos da nossa querida Umbanda, tais como Zélio Fernandino de Moraes, Domingos dos Santos, João Carneiro de Almeida, José Álvares Pessoa, Manoel Nogueira Aranha, João de Freitas, Cavalcanti Bandeira, Cícero Bernardino de Melo, Narciso Cavalcanti, Félix Nascente Pinto, Jerônimo de Souza, Henrique Landi Júnior, Matta e Silva, Tancredo da Silva Pinto, Átilla Nunes (pai), Omolubá, Flavio da Guiné, dentre outros.



















Por toda uma vida voltada à unificação dos umbandistas, Benjamin Gonçalves Figueiredo deixou registrada em nossa memória as lembranças do incansável líder, do médium admirável de Caboclo Mirim e de Pai Roberto e do homem cuja integridade e ideais em muito superaram os seus dias, nos trazendo até os dias de hoje os ecos de uma bela mensagem de fé e de determinação em tirar a Umbanda da marginalidade a qual esteve relegada pela sociedade brasileira até meados do século passado.

A ANUNCIAÇÃO DA UMBANDA

Há cerca de 20 anos após a proclamação da República, a sociedade brasileira vivia profundas transformações, ainda em busca de sua personalidade, de sua “brasilidade”. No mundo das artes, por exemplo, um grupo de artistas revolucionava a estética e a linguagem na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse sentimento nacionalista viria também a se manifestar na política, com a ascensão de Getulio Vargas ao poder, já na década de 1930. Era o fim da hegemonia da elite agrária e a implantação do Estado Novo.

A característica mestiça da população brasileira passava a ser valorizada, tida como forma de união da nação. Por essa visão, os vários grupos raciais ganhavam igual importância na formação da civilização brasileira. Esta ideologia ajudou na crença de que o preconceito racial não existia no Brasil. Gilberto Freyre, em seu livro "Casa Grande e Senzala" (1933), foi um dos intelectuais que deram suporte a tal tese.

Até o samba, manifestação cultural oriunda da cultura negra brasileira, era redescoberto e reformatado, levado a um universo mais amplo: brilhava a estrela de Carmem Miranda!

E dentro deste contexto nacional, um fato marcante, para aqueles que se propõe a estudar as origens da Umbanda, veio a consolidar-se como o marco inicial da religião: a famosa manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas em 1908, através do seu médium Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975), na cidade de Niterói, então capital do antigo estado do Rio de Janeiro. A data, 15 de novembro, é a mesma da comemoração da proclamação da República brasileira. Coincidência?

Diante de uma respeitada e organizada Federação Espírita Brasileira, Caboclo das Sete Encruzilhadas pôde deixar registrada a definição do novo movimento religioso: "Uma manifestação do espírito para a caridade”. Caridade, a principal lei da Umbanda, religião do amor fraterno em benefício dos irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.

Sabe-se que aquela não foi a primeira manifestação mediúnica de um espírito com perfil de um índio brasileiro, uma vez que desde o final do século XIX há registro da presença destes em pequenos terreiros, espalhados à margem da sociedade daqueles dias, as ditas “macumbas cariocas”. Mas o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas foi realmente especial por diversos aspectos. No início do século XX, “macumba” podia facilmente definir toda e qualquer relação mediúnica (geralmente promíscua) de curandeiros, pais-de-santo, feiticeiros, charlatões, e todos aqueles que se dispunham a intervir junto às forças invisíveis do além apenas em troca de dinheiro e poder, como bem descreve Paulo Barreto em 1904, sob o pseudônimo de “João do Rio”, no livro “As Religiões no Rio”:

“Vivemos na dependência do Feitiço, dessa caterva de negros e negras de babaloxás e yauô, somos nós que lhes asseguramos a existência, com o carinho de um negociante por uma amante atriz. O Feitiço é o nosso vício, o nosso gozo, a degeneração. Exige, damoslhe; explora, deixamo-nos explorar e, seja ele maitre-chanteur, assassino, larápio, fica sempre impune e forte pela vida que lhe empresta o nosso dinheiro.”

Daí percebe-se a grandeza da missão do Caboclo das Sete Encruzilhadas como mensageiro das diretrizes da mais altas esferas da espiritualidade. Sua presença e sua mensagem eram muito claras: uma nova legião de entidades iluminadas trabalharia pela elevação moral e espiritual do nosso povo, sob a inspiração de Cristo-Oxalá. Era o nascimento da Umbanda!

Desta forma entendemos porque, em 12 de março de 1920, outro jovem médium viria a ser o veículo de mais um iluminado Mestre, que também se utilizando da roupagem fluídica de um índio brasileiro, veio ratificar a mensagem de humildade e caridade da Umbanda.









Vinha ensinar a prática da mediunidade em sintonia e respeito à natureza e ao livre-arbítrio do praticante, na plenitude da “Escola da Vida”.

Assim, Caboclo Mirim se manifestava pela primeira vez naquele que seria seu companheiro de uma vida: Benjamin Gonçalves Figueiredo (26/12/1902 - 03/12/1986).


A TENDA ESPÍRITA MIRIM EM 1924

Benjamin Gonçalves Figueiredo, então com dezessete anos, participava com sua família de sessões espíritas (kardecistas) até que, em março de 1920, em uma dessas reuniões, Caboclo Mirim incorporou o jovem médium e anunciou que aquela seria a última sessão de Kardec realizada por aquela família e que as próximas passariam a ser de Umbanda, religião apresentada apenas há pouco mais de dez anos.

A partir de então, toda a família Figueiredo viu-se envolvida na formação daquele que seria um dos mais importantes núcleos umbandistas do Brasil. Aos 13 dias do mês de março do ano de 1924 considerou-se fundada a Tenda Espírita Mirim. Desde o início Caboclo Mirim advertiu que aquela seria uma Organização única no gênero em todo o Brasil, cujo método seria adotado por outras Tendas, até mesmo em outros Estados da Federação.                                                                            

De fato, o ritual da Tenda Mirim sempre se destacou no meio umbandista por trazer influencias de correntes filosóficas que vão desde o Ocultismo e a Teosofia ao Espiritismo de Kardec. Caboclo Mirim aboliu do seu culto diversos elementos que estavam intimamente ligados à noção de que se tinha das “macumbas” e feitiçarias reinantes naqueles tempos, bem como alguns outros também relacionados ao culto católico e à cultura africana, em especial.

Ainda como parte da ruptura com outras religiões, nos terreiros orientados por Caboclo Mirim não se encontravam altares com as imagens católicas, apenas a de Jesus Cristo situado acima da altura da cabeça dos médiuns, onde se lia a inscrição “O Médium Supremo”. Os atabaques foram trocados por enormes tambores (tocados sentados), toalhas-de-guarda e as vestes rendadas coloridas, típicas da Bahia, deram lugar aos brancos uniformes e calçados, sempre sóbrios, como a lembrar a seus médiuns que todos eram apenas operários da fé, ou melhor, “Soldados de Oxalá”, como na letra de um belo hino da Tenda Mirim. Nenhum ornamento, nem guias, colares ou qualquer tipo de ostentação pessoal era aceita. Antes da abertura dos trabalhos, era até difícil ao visitante reconhecer os dirigentes dentre os demais médiuns da Casa.

Foi um primeiro passo em busca de uma identidade própria para a Umbanda, buscando-se dignificar o culto e seus participantes, tendo como base a organização e a disciplina do conjunto do corpo mediúnico da casa umbandista. Percebe-se ainda a nítida influência do movimento positivista daqueles tempos, através de uma certa rigidez hierárquica e disciplinar no terreiro, o que aliás, atraiu muitos médiuns militares para as fileiras das casas sob a orientação de Benjamin Gonçalves Figueiredo.



Caboclo Mirim introduziu também o conceito de graduação aos seus médiuns em desenvolvimento, com uma classificação própria para cada um nos trabalhos de atendimento público. Foi, talvez, a primeira Escola de Formação Iniciática Umbandista!



O novo adepto da religião iniciava seu desenvolvimento mediúnico na base da pirâmide hierárquica do terreiro, e ia ascendendo nela conforme em seu próprio ritmo, levando-se em conta a seriedade e a dedicação do neófito, e sempre de acordo com a intensidade e a qualidade com que seus próprios Guias trabalhavam junto ao médium.

Com isso, durante seu desenvolvimento, o médium exercitaria várias funções dentro dos trabalhos de caridade. A nomenclatura dos sete graus foi baseada na terminologia da língua Nheêngatú, da antiga raça dos índios Tupy. Assim ficaram classificados:


· 1º Grau: Bojámirins - Entidades dos médiuns Iniciantes (I)

· 2º Grau: Bojás - Entidades dos médiuns de Banco (B)

· 3º Grau: Bojáguassús - Entidades dos médiuns de Terreiro (T)

· 4º Grau: Abarémirins - Entidades dos Sub-Chefes de Terreiros (SCT)

· 5º Grau: Abarés - Entidades dos Chefes de Terreiros (CT)

· 6º Grau: Abaréguassús - Entidades dos Sub Comandantes Chefes de Terreiros (SCCT)

· 7º Grau: Morubixabas – Entidades dos Comandantes Chefes de Terreiros (CCT)

A liturgia aplicada nos terreiros também introduzia novos conceitos à fé umbandistas. Caboclo Mirim sintetizou o tradicional panteão africano em algumas linhas de trabalho sob a égide de Tupã, o Senhor da criação na cultura Tupi-Guarani. Os Orixás evocados nos trabalhos da Tenda Mirim eram: Oxalá, Oxossi (e Jurema), Ogum, Iemanjá, Oxum, Nanã, Iansã e Xangô. Sempre se evitando o sincretismo com os santos católicos, principalmente nas curimbas cantadas.

As manifestações mediúnicas davam-se sempre através dos Caboclos, Pretos-Velhos e as Ibeijadas (crianças), e não havia sequer uma saudação aos Exus e Pomba-Giras, muito menos uma Gira ou sessão própria para o trabalho destes. Certamente uma atitude que visava ratificar a ruptura da Umbanda com as populares “macumbas”. Para muitos, Benjamin Figueiredo parecia ignorar completamente a existência do “Povo da Rua”, bem como a extensão e a importância dos trabalhos próprios dessa linha. Benjamin parecia ignorar, perante os olhares menos atentos...



Realmente, nos tempos de Benjamin Figueiredo, as casas ligadas à Tenda Mirim não faziam Giras próprias de Exu e Pomba-Gira. Mas sua participação sempre foi fundamental na corrente astral da Casa.

Com um olhar mais apurado observava-se a presença do “Povo da Rua” auxiliando desde o desenvolvimento dos médiuns iniciantes bem como trabalhando pesado no descarrego de médiuns e consulentes. Mas sempre de uma forma extremamente discreta, fosse junto aos Caboclos e Pretos-Velhos, fosse junto à parte do corpo mediúnico denominados “médiuns de banco”. Essa categoria de médiuns tinha como principal característica operar sempre sentado e de forma receptiva (ou passiva), em contraponto aos médiuns de terreiro incorporados com seus Caboclos, que ministravam o passe no consulente, de forma ativa. Os médiuns de banco se doavam fornecendo ectoplasma e também auxiliando na dispersão de energias maléficas e/ou miasmas, bem como na condução de almas sofredoras ou espíritos trevosos (“exunizados”).

Este era o trabalho fundamental das sessões de caridade sob a orientação de Caboclo Mirim.

Daí percebe-se que só com a segurança dos sempre alertas Exus e Pomba-Giras, em total sintonia e cooperação com as demais entidades presentes, se alcançava o pleno êxito em cada sessão.

Além das sessões de caridade, outro evento importante sob a direção de Caboclo Mirim eram as magníficas Giras mensais. Em seu enorme terreiro (20 x 50 metros), inaugurado em 1942, cerca de 2000 (dois mil!) médiuns da Tenda Mirim, suas filiais e Casas co-irmãs, confraternizavam com seus Caboclos e Pretos-Velhos em uma só poderosa vibração de amor aos Orixás e à Umbanda.

A partir dos anos 50, com um trabalho já bem consolidado na sua matriz no Rio de Janeiro, Caboclo Mirim responsabilizou vários médiuns a levar as Tendas de Umbanda ao longo de todo território nacional. A primeira casa descendente da Tenda Mirim foi criada em 30/06/1951, como filial, em Queimados, cidade de Nova Iguaçu. Depois desta, novas casas foram abertas em Austin, Realengo, Colégio, Jacarepaguá, Itaboraí e Petrópolis. A primeira casa descendente do Caboclo Mirim, aberta fora do Rio de Janeiro foi na cidade de Assaí, no Paraná.

Até 1970, já tinham sido abertas 32 casas sob a orientação de Caboclo Mirim.

A UMBANDA FORA DA MARGINALIDADE

Nos primeiros anos da Umbanda, ainda no início do século XX, a repressão ao dito baixo espiritismo era bastante intensa. A Maçonaria, a Umbanda, o Espiritismo de Kardec e principalmente os cultos afro-brasileiros eram reprimidos com vigor. Pior ainda durante o período da ditadura Vargas, quando a polícia agia violentamente, com a justificativa de que a macumba tinha ligações com a subversão, servindo até para dar cobertura a grupos comunistas, segundo relatos da época. Uma lei datada de 1934 colocou todos esses grupos sob a jurisdição do Departamento de Tóxicos e Mistificações da Polícia do Rio de Janeiro, na seção especial de Costumes e Diversões, que lidava com problemas relacionados com álcool, drogas, jogo ilegal e prostituição. Praticar a Umbanda era então uma atividade marginal! (perdurou com tal classificação até a reorganização do Departamento de Polícia do Rio, em 1964)

Essa mesma lei de 1934 gerou uma situação dúbia: se o registro na polícia permitia aos terreiros a prática legal, concretamente, servia para facilitar a ação das autoridades, aumentando a possibilidade de intimidação e extorsão. Registrados ou não, os umbandistas e demais praticantes de cultos afro-brasileiros ficavam expostos à severa perseguição policial do Rio. Não era difícil ver a polícia invadir e fechar terreiros, confiscando objetos rituais, e muitas vezes prendendo os participantes. Benjamin Figueiredo, Zélio Fernandino de Moraes e muitos outros foram presos diversas vezes nesse período.

Mas havia um “modelo” que vinha conquistando seu espaço na sociedade brasileira: A Federação Espírita Brasileira (FEB), fundada desde 1º de janeiro de 1884. Nos anos 30, esta já conseguira se firmar como legítima representante do Espiritismo no Brasil, unificando, fortalecendo e tornando coesas as Casas espíritas.

O simbolismo que carrega o vocábulo “federação”, como idéia de unidade nacional, servia ao discurso da Era Vargas, que naqueles tempos já via com bons olhos a religião espírita, como mais uma fonte de pacificação e, principalmente, controle das massas pela elite “branca” da sociedade.

Tentando se livrar do estigma marginal dos feiticeiros, iniciou-se um claro movimento por uma auto-identificação dos umbandistas com o Kardecismo e com o alto espiritismo. O próprio termo espírita foi usado para esconder nomes e para disfarçar os praticantes da Umbanda de sua ascendência afro-brasileira, quase como uma nova forma de sincretismo, tal qual a máscara católica que as religiões afro-brasileiras se utilizaram nos tempos do cativeiro. Daí a denominação de tantas Casas umbandistas tradicionais: Tenda Espírita Mirim, Tenda Espírita Fraternidade da Luz, Tenda Espírita Estrela Guia da Umbanda, etc..

Os números de São Paulo, apresentados pelo professor de Sociologia da Religião Lísias Nogueira Negrão (livro Entre a Cruz e a Encruzilhada. São Paulo: Edusp, 1996), são um ótimo exemplo: de 1929 a 1944 o número de centros espíritas kardecistas registrados em cartórios representava 94% do total de unidades religiosas registradas, contra apenas 6% das casas declaradas de Umbanda. Alguns anos depois, no período de 1953 a 1959 (após a descriminalização), este número já havia se invertido, com 68% de casas de Umbanda contra 31% de casas kardecistas.

O movimento umbandista ganhava corpo e estruturava-se a fim de obter o status de religião brasileira. O exemplo da FEB deve ter parecido a melhor opção para as lideranças umbandista daqueles tempos. Criar uma federação para negociar com o Estado a regulamentação da Umbanda, e conseqüentemente o fim da repressão ao culto, inserindo assim a Umbanda na estrutura do Estado pela via institucional foi o caminho escolhido. Em 1939 fundou-se a Federação Espírita de Umbanda, atual União Espírita de Umbanda do Brasil. Zélio de Moraes, Benjamin Figueiredo, Tancredo Pinto e outros se uniram em torno de um só ideal: tirar a Umbanda da marginalidade, organizando-a como uma religião coerente e hegemônica e assim obtendo sua legitimação social.

Esse grupo realizou então o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda em 1941, onde essas lideranças apresentaram suas teses sobre a religião. A corrente predominante trazia à sociedade uma Umbanda original e evoluída que existiria desde o oriente, de onde teria se espalhado para a Lemúria (um lendário continente perdido), e daí para a África, onde teria degenerado para o feiticismo, forma que teria chegado ao Brasil pelos escravos negros. Assim, a influência africana na Umbanda não era negada, mas olhada como uma corrupção da tradição religiosa original, na sua fase anterior de evolução.

A defesa da nova definição do termo Umbanda, reflete bem o pensamento dos intelectuais da religião, unidos naquele primeiro congresso. Ali surgiu, pela primeira vez, a expressão AUM-BANDHÃ do Sânscrito aume bhanda, termos que foram traduzidos como "o limitado no ilimitado", "Princípio Divino, luz radiante, fonte de vida eterna, evolução constante". Tal tese, apresentada pela Tenda Espírita Mirim, é até hoje aceita por diversas correntes umbandistas.

Alguns estudiosos apontam nessa primeira tentativa de consolidação da Umbanda forte tendência de desafricanização e embranquecimento da Umbanda, uma vez que os demais líderes das religiões Afro-Brasileiras foram excluídos desse encontro histórico. Alegam também que a dita “lavagem branca” da origem da Umbanda pode ser encontrada em denominações comuns à época, como umbanda pura, umbanda limpa, umbanda branca e umbanda da linha branca no sentido de "magia branca". Termos que contrastavam com magia negra e linha negra, associados com o mal.

Mas a verdadeira luta de Zélio de Moraes, Benjamin Figueiredo e seus contemporâneos era pela descriminalização da prática da Umbanda, o que viria a ser o maior feito daquele Primeiro Congresso. Em 1944, essas mesmas lideranças umbandistas apresentam ao então Presidente

Getúlio Vargas um documento entitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei", conseguindo que o governo brasileiro aprovasse a descriminalização da nossa querida religião.

PAPAS & CODIFICAÇÕES

Apesar de uma grande vitória, a descriminalização da Umbanda não foi suficiente para manter unidas as lideranças do movimento, juntas até então pela legitimação da religião. Por volta de 1950, essas mesmas lideranças passaram a se entrincheirar em torno de seus pontos-de-vista pessoais, cada qual defendido com ardor e paixão, abrindo-se assim um enorme fosso dentre as diversas correntes umbandistas. Diversas Federações são fundadas no Brasil (só no RJ foram novas seis!).










Com o fim da perseguição das autoridades públicas à Umbanda, a religião passou por um rápido período de crescimento. Estavam abertas as portas da Umbanda aos mais diversos grupos que ainda se encontravam marginalizados, da mesma forma que um dia esta se encontrara. Todos os terreiros, das mais variadas “linhas”, incluíram em seus nomes a palavra Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Nesse momento, cresce a corrente que defende a influência da cultura africana sobre o culto umbandista, e ganha destaque um dos seus principais expoentes: Tancredo da Silva Pinto (1904-1979), considerado o organizador do culto Omolokô no Brasil. (foto à esquerda).

Ainda em 1950, Tancredo rompe com a Federação Espírita de Umbanda e funda a Confederação Espírita Umbandista do Brasil. Bastante atuante, viaja por quase todo o país, fundando Federações no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, dentre outros, sempre com o objetivo de organizar e dar personalidade ao culto.

Inspirado pela tese do médico, etnólogo e professor Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), Tancredo defendeu com ardor sua visão da Umbanda, que via na pureza racial negra a legitimidade das práticas umbandistas. Tancredo Pinto lançou mais de 30 livros, e passaria 25 anos escrevendo uma coluna semanal no jornal “O Dia”, o que faria com que seus ideais tivessem grande ascendência sobre os setores mais humildes da Umbanda, chegando inclusive a receber o título de "Táta de Umbanda" ("Papa da Umbanda").

Como um dos maiores representantes da corrente umbandista que liderara o Primeiro Congresso de Umbanda, Benjamin Gonçalves Figueiredo, Presidente da Tenda Espírita Mirim (RJ), também sabia que aquele era o momento de levar a Umbanda pelo Brasil afora. Em 1951, a Tenda Mirim já iniciara seu processo de expansão, abrindo filiais em todo o estado do Rio.

Então, visando a expansão em nível nacional, Benjamin Figueiredo, inspirado por seu mentor Caboclo Mirim, convoca diversos dirigentes umbandistas a fim de se unirem em torno de um ideal maior: a codificação da Umbanda. Juntas essas Casas umbandistas fundam, em 03 de outubro de 1952, no Rio de Janeiro, o Primado de Umbanda.

                foto:Primado de Umbanda no Maracãnazinho - 1965 (festa de IV Centenário da Cidade do Rio)

Idealizado como uma instituição federativa, o Primado visava o fortalecimento da Umbanda e a maior união e entendimento entre seus responsáveis e adeptos, procurando estabelecer, o quanto possível, maior uniformidade nos trabalhos espirituais e práticas do ritual. Destacando-se pela organização, disciplina e seriedade, e sob a condução de Benjamin, eleito primeiro Primaz, o Primado de Umbanda cresceu rapidamente, contando com dezenas de Casas filiadas em poucos anos.

O Primado ainda congregaria outros segmentos umbandistas e apoiaria a organização de um novo Congresso de Umbanda. Neste segundo Congresso, realizado em 1961 sob a presidência do Sr. Henrique Landi Junior, novamente debateu-se a codificação da religião e aprovou-se o Hino da Umbanda, de autoria de J. M. Alves.



Ainda haveria um 3º Congresso, efetivamente realizado em 1973.







Templo de Oxossi (RJ) - 1970

Benjamin Figueiredo ainda incentivou a criação do Colegiado Espiritualista do Cruzeiro do Sul, do Círculo de Escritores e Jornalistas de Umbanda, e seria o principal fundador da Escola Superior Iniciática de Umbanda do Brasil, da qual foi Conselheiro Nato.



Também nos anos 50/60, muitos autores apresentam obras literárias sobre a Umbanda. Além de Benjamin Figueiredo (Okê Caboclo – 1962) e Tancredo da Silva Pinto, também há livros lançados por Aluízio Fontenele, Byron Torres, Decelso, Emanuel Zespo Jota Alves de Oliveira, João Varela, Lourenço Braga, Oliveira Magno, Samuel Ponze, Silvio Pereira Maciel, dentre outros.


Em 1956 surge um novo personagem que merece destaque: é W.W. da Matta e Silva (1917-1988, foto) com o seu livro "Umbanda de Todos Nós". Sua pesquisa apresenta a religião como ciência e filosofia, em uma linha próxima ao que já apresentara o Primado de Umbanda e Oliveira Magno em seu livro "A Umbanda Esotérica e Iniciática” (1950).
Com grande repercussão no meio umbandista, o livro também é visto como mais uma tentativa de codificação da religião. Matta e Silva ainda lançaria mais oito livros, apresentando sua forma particular de se praticar Umbanda, que viria a ser conhecida como “Umbanda Esotérica”, criando assim mais uma segmentação dentro da religião.

Sempre lutando contra o uso comercial da Umbanda, contra as práticas que alimentam o “baixo espiritismo” e, principalmente, contra a ignorância do corpo mediúnico, Matta e Silva (Mestre Yapacani) iniciou em seu terreiro centenas de médiuns na sua corrente astral do “Aumbhandan”, e preparou muitos outros para liderarem agrupamentos religiosos que hoje se distribuem por todo território nacional.
Talvez o mais famosos deles, tido como seu sucessor, seja o Sr. Francisco Rivas Neto (Mestre Arhapiagha), Presidente da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino (O.I.C.D.) e Reitor Geral da Faculdade de Teologia Umbandista (FTU).

O antagonismo dessas principais correntes gera debates que afetam os umbandistas até os dias de hoje. E tal qual naqueles tempos, hoje ainda observa-se que cada grupo ou organização implanta sua própria “codificação”, tentando influenciar o movimento umbandista com sua visão e seus ideais, através da mídia escrita, TV ou Internet.

Mas vale ressaltar que não há verdade absoluta, Centro ou Tenda melhor ou pior, mais “evoluída” do que qualquer outra. Será sempre seguindo princípios básicos de amor e, principalmente, respeito ao próximo, que conseguirá o umbandista ver que, abaixo das pequenas diferenças de culto exterior, somos todos IRMÃOS DE FÉ.

O LEGADO DE BENJAMIN

A Umbanda, quase 100 anos após a famosa apresentação pública de Caboclo das Sete Encruzilhadas, ainda é uma jovem religião em busca de sua afirmação. E merecem o nosso respeito e admiração todos os incansáveis guerreiros que abriram as primeiras trilhas, que seguiram em caminhos nunca antes percorridos e que criaram as bases para que, um século depois, pudessem os umbandistas ter orgulho dos nossos terreiros e de nossos Guias. Essa foi a grande luta de Benjamin Gonçalves Figueiredo.

“A Umbanda é coisa séria para gente séria". Assim, Caboclo Mirim anunciava que era chegado um novo tempo aos verdadeiros umbandistas, era hora de abandonar os excessos litúrgicos, e de cada um despertar para sua jornada de crescimento íntimo, sob a luz dos Guias de Aruanda.

Benjamin Figueiredo soube estar à altura de uma obra maior, orientada pela legítima cúpula espiritual do movimento umbandista. Sabia que, em seu tempo, seria conhecido como um radical, pela intransigência que precisaria defender uma Umbanda livre dos grilhões de feiticeiros e exploradores da fé, das supertições que poluíam as mentes mais imaturas de alguns fiéis, e principalmente da marginalidade que a sociedade relegava nossa religião.



Realmente não foi um grande escritor, mas seu exemplo seria seu maior diferencial. Como médium dedicado de Caboclo Mirim e Pai Roberto, consolidou a Tenda Mirim e o Primado de Umbanda como verdadeiras Escolas Iniciáticas, provando que a Umbanda tinha vida própria fora da cultura afro-brasileira.

Alguns o acusaram de “embranquecer” a Umbanda, mas Benjamin nunca aceitou o ser humano, e suas manifestações sócio-culturais, como algo estático. Acreditava que tudo evolui, cresce e se desenvolve. É a “Escola da Vida” trazida por Caboclo Mirim! Claro que respeitava a cultura negra que tanto enriquece nossa religião, mas achava dispensável ao culto alguns dos rituais africanos mais rústicos. Para ele, Umbanda nunca seria lugar para matanças de animais, “fundangas”, raspagens de cabeça, camarinhas, “recolhimentos” ou “obrigações” aos Orixás.

O “radicalismo” de Zélio de Moraes, Benjamin Figueiredo e seus companheiros, permitiu que não predominasse na Umbanda apenas a matriz africana e a avassaladora cultura Yorubá, da mesma forma que se observa sua forte presença nos Cultos de Nação. Talvez, sem sua contribuição, a Umbanda hoje seria apenas uma forma “light” do Candomblé. Mas, respeitando-se como religiões irmãs, cada qual vem aprendendo a consolidar sua própria visão do universo, com seus próprios fundamentos, rituais e, principalmente, sacerdotes.

Assim, a Umbanda pôde consolidar-se como religião universalista, com espaço para diversas influências que enriqueceram e fortaleceram os umbandistas, permitindo que observemos em nossos terreiros a presença da matriz católica, da matriz espírita, da matriz orientalista, etc.

A conclusão que chegamos é que será na busca do equilíbrio, do “Caminho do Meio”, que a Umbanda crescerá. Os gregos antigos já nos ensinavam que a temperança, a prudência e a modéstia, aliadas à moderação e ao bom senso, compõe as condições indispensáveis a se alcançar um estado de espírito são e calmo (Sophrosyne).

Mas trilhar pelo meio não significa ignorar a energia dos extremos, com sua força e sua vitalidade. O melhor caminho será encontrado na polarização correta dessas forças, não na sua anulação. No caminho do meio todos os extremos se encontram, e nele todos os extremos se apóiam e se fortalecem.

Que os filhos da nossa querida Umbanda reconheçam o conjunto das forças presentes em sua religião, e possam encontrar em seu equilíbrio a verdadeira Luz de Aruanda!!!

SERGIO NAVARRO TEIXEIRA

Fraternidade Umbandista LUZ DE ARUANDA

Barra Mansa/RJ Março de 2008

Bibliografia:

· BARRETO, Paulo (“João do Rio”). As Religiões no Rio - Editora Nova Aguilar (1976)

· BROWN, Diana. Uma história da Umbanda no Rio (Cadernos do ISER. Umbanda & Política. Volume 18) - Editora Marco Zero.

· Federação Espírita de Umbanda. Primeiro Congresso do Espiritismo de Umbanda. Trabalhos apresentados ao 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda, reunidos no Rio de Janeiro, de 19 a 26 de Outubro de 1941. Jornal do Commércio - RJ (1942)

· FIGUEIREDO, Benjamin Gonçalves. Okê Caboclo - Editora ECO (1962)

· OLIVEIRA, Jota Alves de. Magias da Umbanda – Editora ECO (1970)

· DECELSO. Umbanda de Caboclos – Editora ECO (1972)

· Primado de Umbanda - Ordenações do Primado de Umbanda

· NEGRÃO, Lísias Nogueira. Entre a Cruz e a Encruzilhada – Edusp (1996)

· TRINDADE, Diamantino Fernandes. Umbanda e sua História - Ícone Editora

·JENSEN, Tina Gudrun. Discursos sobre as religiões afro-brasileiras - Da desafricanização para a reafricanização - (traduzido por Maria Filomena Mecabô)

· PRANDI, Reginaldo. O Brasil com Axé: Candomblé e Umbanda no Mercado Religioso (2004)

· Revista Espiritual de Umbanda nº 06 – Editora Escala (2004)

· OLIVEIRA, José Henrique M. As estratégias de legitimação da Umbanda durante o Estado Novo: institucionalização e evolucionismo. (23/05/2006.)

· SÁ JUNIOR, Mario Teixeira de. A invenção da alva nação umbandista (Tese de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Dourados (2004)

· ISAIA, Artur César. O Elogio ao Progresso na obra dos Intelectuais de Umbanda – artigo da UFSC