domingo, 18 de agosto de 2013

Posso Tomar Banho de Ervas na Cabeça?Adriano Camargo.



(este texto é parte do material de apoio do curso on-line ERVAS NA UMBANDA com Adriano Camargo - O Erveiro da Jurema, mais informações abaixo)
Essa é a pergunta mais frequente a respeito de banhos de ervas. Vamos procurar respondê-la levando em conta as informações de ADRIANO CAMARGO, no seu livro “Rituais com Ervas- Banhos, Defumações e Benzimentos”, recém-lançado pela Editora Livre Expressão.

●Como regra geral, a resposta é afirmativa: o banho de ervas pode ser tomado desde a cabeça, sem problema algum. ●A única exceção fica para o chamado “impedimento religioso”: quando a pessoa tem uma crença religiosa que a impede de banhar-se na cabeça. Aí se indica o banho a partir dos ombros.

Na Umbanda, especificamente, o banho de ervas pode ser tomado na cabeça, uma vez que:

1- Fazemos banhos com ervas conhecidas (já sabendo para quais finalidades elas servem). Ou por orientação de um Guia Espiritual (ou de pessoa da nossa confiança) que tem esse conhecimento; 2- As ervas serão previamente consagradas a Deus, aos Orixás e/ou aos Guias Espirituais, por meio de uma oração; 3- O nosso propósito é o Bem (na oração de consagração, também vamos especificar qual é o nosso objetivo naquele banho, tais como: limpeza energética, equilíbrio, cura, prosperidade, mediunidade etc.).

De forma que não há o que temer. Muitos “temores” passam de boca em boca, mas sem uma explicação fundamentada. Podemos pensar, por exemplo, no banho de sal, que muitas pessoas jamais aplicariam na cabeça. No entanto, entramos no mar e nos banhamos de corpo inteiro, inclusive na cabeça, e sem problemas. E a água do mar contém sal...

Porém, se a crença particular da pessoa não lhe permite banhar-se na cabeça, com nenhum tipo de erva, isto precisa ser respeitado! Cada religião tem seus fundamentos, “o seu Sagrado”, que precisamos respeitar. A melhor forma de demonstrarmos nosso amor por Deus e pelos Sagrados Orixás é respeitar a crença alheia, porque todos nós somos filhos do mesmo e Único Deus! GANDHI já afirmava: “Para mim, as diferentes religiões são lindas flores, provenientes do mesmo jardim. Ou são ramos da mesma árvore majestosa. Portanto, são todas verdadeiras”.

Muitos umbandistas vieram de outras religiões, nas quais o banho na cabeça era proibido; e, no íntimo, ainda guardam tal crença. E mesmo dentro da Umbanda há Templos com maior influência africana, outros ainda com maior influência nativa (indígena), católica, espírita, ou oriental. Dependendo dos valores ali predominantes, cada Templo seguirá uma orientação, que devemos respeitar. Nestes casos, é melhor a pessoa seguir seu coração, respeitando suas crenças, de modo a fazer seus banhos com tranquilidade e devoção.

►Importante: Só NÃO é recomendável o uso exagerado de ervas quentes (ou agressivas), seja na cabeça seja apenas a partir dos ombros. Um excesso na quantidade dessas ervas e/ou na frequência desse tipo de banho pode nos causar uma baixa energética. Por quê? E quais seriam as ervas quentes? ADRIANO CAMARGO classifica como quentes (ou agressivas) as ervas que fazem uma limpeza profunda em nosso campo energético. Aqui, a palavra “quente” não tem ligação com a ideia de temperatura. “Quentes” são as ervas de forte poder ácido, que atuam de forma agressiva e “arrancam” tudo que encontram pela frente. Logo, devem ser usadas com moderação. Usadas em excesso, elas podem nos causar baixa energética: a pessoa pode sentir-se “mole”, sonolenta, indisposta. Banhos só com ervas quentes (ou com muitas delas) são indicados apenas quando há necessidade de uma limpeza profunda (remover bloqueios e acúmulos energéticos negativos, larvas e miasmas astrais; quebra de magias negativas; libertação espiritual e cura de enfermidades decorrentes; etc.). Mesmo assim, convém dar um bom intervalo de tempo entre um banho e outro; recomendação que também vale para médiuns ativos (que participam de atendimentos espirituais).

●Explicação de Adriano Camargo: assim como não se aplica com frequência um produto ácido num piso, para não danificá-lo, não podemos exagerar no uso de banhos com ervas agressivas porque elas agem em nosso campo energético durante cerca de oito horas, removendo tudo que encontram; e a pessoa poderá sentir-se indisposta. Ele indica que se faça banho de limpeza profunda antes de dormir: enquanto a pessoa dorme, aquele poder ácido atua sem lhe causar incômodos; ao despertar, ela estará renovada e disposta.

Exemplos de ervas quentes para banhos: Aroeira; Arruda; Buchinha-do-norte; Casca de Alho; Casca de Cebola; Dandá ou Dandá-da-costa; Erva-de-bicho; Espada de Santa Bárbara; Espada de São Jorge; Eucalipto; Guiné; Jurema Preta; Picão Preto; Quebra-demanda. Podemos usar apenas uma erva dessas, ou mais (sem exagero...). 

►E qual seria a origem provável do “temor” pelos banhos na cabeça?

Adriano Camargo comenta que ele pode ter origem no período da escravidão africana, e da seguinte forma: na terra natal, os africanos usavam largamente as ervas. Cada Nação cultuava determinado Orixá, consagrando-lhe uma ou mais ervas. Com a escravidão, membros de diferentes Nações e Cultos viram-se forçados a conviver num mesmo ambiente. Alguns eram sacerdotes e grandes conhecedores das ervas, e procuraram guardar seus conhecimentos para preservar sua cultura e religiosidade (daí, em parte, terem surgido os “segredos” e proibições na manipulação de ervas e de outros elementos). 

O fato é que esses escravos não encontraram, aqui no Brasil, as mesmas espécies de ervas conhecidas na África. E, com certeza, não puderam trazer seus elementos ritualísticos nos navios negreiros. Como esses navios também transportavam grãos (cereais), em meio desses grãos podem ter vindo para o Brasil algumas sementes, que mais tarde viriam a florescer; explicando-se o posterior surgimento, aqui, de algumas plantas nativas da África (exemplo: guiné).

Enfim, no início da escravidão, por não conhecerem as ervas nativas do Brasil, aqueles escravos também desconheciam se elas eram tóxicas, ou não. Usá-las em banhos vertidos sobre a cabeça representava um risco de contaminação (intoxicação) pelos olhos, ouvidos, nariz e boca... Muito provável é que, para evitar esse risco, tenha surgido o costume de não se fazer banhos na cabeça, mas somente a partir dos ombros. Isso foi passando de boca em boca, até chegar aos dias atuais. É uma hipótese (que eu já tinha ouvido de um Preto Velho, em meados de 1976, no início do meu desenvolvimento mediúnico)...

●Concluindo: se a crença religiosa da pessoa não lhe veda o banho na cabeça, então ele poderá ser tomado sem problema algum; apenas com o cuidado de não se exagerar no uso de ervas quentes. (Fátima, 09/12/2012. Fonte: O livro “Rituais com Ervas- Banhos, Defumações e Benzimentos”, de Adriano Camargo, Editora Livre Expressão.)

Oferendas Básicas Umbandistas - Rubens Saraceni


Oferenda ao Pai Oxalá


• Toalha ou pano de cor branca; • velas bran­cas; • frutas brancas (melão, goiaba, etc); • vinho bran­­co doce ou suave; • flo­res brancas (todas); • fitas bran­cas; • linhas brancas; • comidas bran­­­­cas (can­jica, arroz doce, coalhada adoci­ca­da, etc.); • pães; • mel; • farinha de trigo (para cir­cular e fechar por fora as oferen­das); • co­co seco e sua água colocada em co­pos; • co­co verde com uma tampa cortada e um pou­co de mel derramado dentro da sua água; • água em cálices ou copos; • pedras de cris­tais de quartzo branco (se for solici­tado); • pembas brancas (em pedra ou em pó); • milho verde em espiga, cru e ainda leitoso.


Oferenda ao Orixá Oxumaré

• Toalha ou pano de cor azul celeste; • velas brancas e azul celeste; • fitas brancas e fitas azul celeste (ou todas as cores); • linhas brancas e linhas azul celeste; • frutas sementeiras (melão, maracujá, mamão, pinha, etc.); • água em copos; • vinho branco seco; água adocicada com açucar ou mel; • flores coloridas; •coco verde; • licor ou suco de maracujá; • farinha de arroz (para circular e fechar a oferenda); • semente de feijão branco semicozidas e misturadas ao mel de abelhas; • açúcar, colocado em um prato branco e regado com mel de abelhas; • pembas coloridas.

Oferenda ao Orixá Oxóssi

• Toalha ou pano verde; • velas branca e verde; • fitas branca e verde; • linhas branca e verde; • frutas de qualquer espécie; • comidas (moranga cozida, milho verde em espiga e cozido, maçã cozida e regada com mel ou açucarada, doces cristalizados); • vinho tinto; cerveja branca; • sucos de frutas; • pembas brancas e verdes; • fubá (para circular e fechar a oferenda).

Oferenda para o Orixá Xangô

• Toalha ou pano marrom; • velas branca e marrom; • fitas branca e marrom; • linhas bran­ca e marrom; • frutas (abacaxi, melão, manga, melancia, figo, caqui, laranja, goiaba verme­lha); • vinho tinto seco; cerveja preta; • comidas (quiabos picados em rodelas e levemente co­zido, rabada cozida com cebolas cortadas em rodelas); • pembas branca, marrom e vermelha; • licor de chocolate.

Oferenda ao Orixá Ogum

• Toalha ou pano vermelho; • velas branca e vermelha; • fitas branca e vermelha; • linhas branca e vermelha; • cordões branco e verme­lho; • flores (cravo e palmas vermelhas); • frutas (melancia, laranja, pêra, goiaba vermelha, ameixa preta, abacaxi, uvas); • licor de gengibre; • cerveja branca; • pembas branca e vermelha; • comida (feijoada).

Oferenda para o Orixá Obaluaiê

• Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fi­tas bran­­cas; • linhas brancas • flores (crisântemos bran­cos, quaresmeira); frutas (pinha, caqui e coco seco); • comidas (pipoca estalada, batata doce ro­xa cozida e regada com mel de abelha, beterraba co­zida e re-gada com mel; mandioca cortada em “toletes” cozida e açucarada; • bebidas (vinho bran­co licoroso, água em copos, licor de ambrósia); • pembas brancas.


Oferenda para o Orixá Oiá-Logunan (Tempo)

• Toalha ou pano branco; • velas branca e azul escuro; • fitas branca e azul escuro; • linhas branca e azul escuro; • pembas branca e azul; • copo ou quartinha com água; • licor de anis; • frutas (laranja, uva, caqui, amora, fi­go, romã, maracujá azedo); flores (do campo, palmas brancas, lírios brancos).


Oferenda para o Orixá Oxum

• Toalha ou pano dourado, azul e rosa; • velas rosa, amarela e azul; • fitas rosa, amarela e azul; • linhas rosa, amarela e azul; • pembas rosa, amarela e azul; • flores (rosas brancas, amarelas e vermelhas); • frutas (cereja, maçã, pêra, melancia, goiaba, framboesa, figo, pêssego, etc); • bebidas (champagne de maçã, de uva e licor de cereja).


Oferenda para o Orixá Omolu

• Toalhas ou panos branco e preto sobrepostos formando oito pontas ou bicos; • velas branca, preta e vemelha; • fitas branca, preta e vemelha; • linhas branca, preta e vemelha; • pembas branca, preta e vemelha • flores (crisântemos, flores do campo, rosas brancas); frutas (maracujá, ameixa preta, ingá, figo); • comidas (pipocas estaladas e regadas com mel, coco seco fatiado e regado com mel, batata doce roxa cozida e regada com mel, bistecas ou fatias de carne de porco regadas com azeite de dendê; • bebidas (água em copos, vinho branco licoroso, licor de hortelã).

Oferenda para o Orixá Obá

• Toalha ou pano vermelho ou magenta; • velas vermelha ou magenta; • fitas vermelha ou magenta; • linhas vermelha ou magenta; • pembas vermelhas; • frutas (todas); bebidas (licor); • flores (do campo, jasmim, rosas vermelhas).


Oferenda para o Orixá Oroiná(Egunitá)

• Toalha ou pano laranja; • velas laranja e ver­melha; • fitas laranja; • linhas laranja; • pem­bas laranja; • frutas (laranja, abacaxi, pi­tan­ga, caqui); bebidas (licor de menta, cham­pagne de sidra); • flores (palmas vermelhas).

Oferenda para o Orixá Iansã

• Toalha ou pano branco e amarelo; • velas branca e amarela; • fitas amarelas; • linhas amarelas; • pembas amarelas; • frutas (laranja, abacaxi, pitanga, uva, morango, ambrósia, melancia, melão amarelo, pêssego e goiaba vermelha); • bebidas (champagne de uva ou de sidra; • flores amarelas; • comidas (acarajé; abacaxi em calda, arroz-doce com bastante canela em pó por cima).

Oferenda para o Orixá Nana Boruquê

• Toalha ou panos lilás ou florido; • velas lilás; • fitas lilás; • linhas lilás; • pembas lilás; • flores (do campo, lírios e crisântemos); • frutas (uva, melão, manga, mamão, maracujá doce, framboesa, amora, figo); • bebidas (champagne rosé, vinho tinto suave, licor de amora, licor de framboesa, licor de morango).

Oferenda para o Orixá Iemanjá

• Toalhas branca ou azul claro; • velas branca ou azul claro; • fitas branca ou azul claro; • linhas branca ou azul claro; • pembas branca ou azul cla­ro; • flores (rosas brancas, palmas brancas, lírio branco) frutas (melão em fatias, cerejas, laranja lima, goiaba branca, framboesa); • bebidas (cham-pagne de uva e licor de ambrósia); • comidas (man-jares; peixes assados; arroz doce com bastante canela em pó).

Oferenda para o Orixá Exu

• Toalhas ou panos preto e vermelho; • velas pre­ta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • li­nhas preta e vermelha; • pembas preta e ver­melha; • flores (cravo vermelho); • frutas (man­ga, mamão, limão); • bebidas (aguardente de ca­na de açúcar, whisky, conhaque) • comidas (fa­rofa com carne bovina ou com miúdos de frango, bifes de carne ou de fígado bovino fritos em azeite de dendê e com cebolas, bifes de carne ou de fígado bovino temperado com azeite de dendê e pimenta ardida).


Oferenda aos Pretos Velhos

• Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fi­tas brancas; • linhas brancas; • pembas brancas; • frutas de todas as espécies; • bebidas (café, vinho doce, cerveja preta, água de coco, vinho branco licoroso); • flores (crisântemos brancos, margaridas, lírios brancos); • comidas (arroz doce, canjica, bolo de fubá de milho, milho cozido, doce de coco, doce de abóbora, doce de cidra, coco fatiado, quindim).

Oferenda aos Baianos

• Toalha ou pano branco (ou amarelo); • velas branca e amarela; • fitas branca e amarela; • linhas branca e amarela; • pembas branca e amarela; • frutas (coco, caqui, abacaxi, uva pêra, laranja, manga, mamão); • bebidas (batida de coco, de amendoim, pinga misturada com água de coco); • flores (flor do campo, cravo, palmas); • comidas (acarajé, bolo de milho, farofa, carne seca cozida e com cebola fatiada, quindim).

Oferenda aos Boiadeiros

• Toalha ou um pano (branco, vermelho, amarelo, azul-escuro, marrom); • velas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • fitas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • linhas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • pembas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • frutas (todas); • bebidas (vinho seco, aguardente, batidas, conhaque, licores); • flores (do campo, palmas, cravos); • comidas (feijoada, charque bem cozido, bolos).

Oferenda aos Marinheiros

• Toalha ou pano branco; • velas branca e azul cla­ro; • fitas branca e azul claro; • linhas branca e azul cla­ro; • pembas branca e azul claro; • flores (cravos bran­cos, palmas brancas); • frutas (várias); • comidas (peixes assados, peixes fritos, peixes cozidos, cama­rões, farofa com carne); • bebidas (rum, aguardente);

Oferenda para os Erês

• Velas branca, cor-de-rosa e azul claro; toalha ou panos cor-de-rosa e azul claro • fitas branca, cor-de-rosa e azul claro; • linhas branca, cor-de-rosa e azul claro; • flores (todas); • frutas (uva, pêssego, pêra, goiaba, maçã, morango, cerejas, ameixa ); • comidas (doces de frutas, arroz doce, cocadas, balas, bolos açucarados, quindins); • bebidas (refrigerantes, água de coco, suco de frutas);

Oferenda para os Exus Mirins

• Toalhas ou panos preto e verme­lho; • velas bicolores preta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • linhas preta e verme­lha; • pembas preta e vermelha; • flo­res (cravos); • frutas (manga, limão, laranja, pêra, mamão); • bebidas (lico­res, cinzano, pinga com mel) • comidas (fígado bovino picado e fri­to em azeite de dendê, farofas apimentadas).

Oferenda para Pombagira

• Toalha ou pano vermelho; • velas vermelhas; • fitas vermelhas; • linhas vermelhas; • pembas vermelhas; • flores (rosas vermelhas); • frutas (maçãs, morangos, uvas rosadas, caqui); • bebidas (champagne de maçã, de uva, de sidra, licores).

Oferendas para Caboclos (as)

As oferendas para os Caboclos e as Caboclas são iguais às dos Orixás que os regem. No geral, são iguais às dos Orixás; no parti­cular, são acrescentados elementos indicados por eles.

Texto extraído do livro “Rituais Umbandistas -

Oferendas, Firmezas e Assentamentos”
de Rubens Saraceni - Editora Madras