sábado, 21 de maio de 2011

O Sacerdote de Umbanda e o Sacerdócio Umbandista




                                                                                
        Observando a forma como surgem os centros de Umbanda e conversando com muitas pessoas que dirigem seus centros, cheguei a algumas conclusões aqui expostas e que, espero, não despertem reações negativas mas sim levem todos à reflexão. Só isto é o que desejo, e nada mais.

Todos os dirigentes com os quais conversei foram unânimes em vários pontos:

a) foram solicitados pelos seus guias espirituais para que abrissem suas casas.

b) todos relutaram em assumir responsabilidade tão grande.

c) todos, de início, se sentiam inseguros e não se achavam preparados para tanto.

d) todos só assumiram missão tão espinhosa após seus guias afiançarem-lhes que tinham essa missão e que teriam todo o apoio do astral para levá-la adiante e ajudarem muitas pessoas.

e) todos sentiam então que lhes faltava uma preparação adequada para poderem fazer um bom trabalho como dirigente espiritual.

f) todos confiavam nos seus guias espirituais e no magnífico trabalho que eles realizavam em benefício das pessoas.

g) todos, sem exceção, só levaram adiante tal missão porque acreditaram nos seus guias.

h) todos se sentem gratos aos seus guias por tê-los instruído quando pouco ou quase nada sabiam sobre tantas coisas que compõem o exercício da mediunidade e sobre sua missão de dirigir uma tenda de Umbanda.

i) mas todos ainda acham que há algo a ser aprendido e acrescentado ao seu trabalho, mesmo já tendo muitos anos de atividade como dirigente e de já haver formado médiuns que hoje também já montaram e dirigem suas próprias casas.

j) e todos acreditam que sempre é tempo de aprenderem um pouco mais e não têm vergonha de ouvir o que outros dirigentes têm a dizer.

Bem, só com essas observações acima já temos um retrato fiel dos dirigentes umbandistas, e posso afirmar com convicção algumas conclusões a que cheguei:

a) na Umbanda o sacerdócio é uma missão.

b) o sacerdote de Umbanda (a pessoa que deve dirigir um centro e comandar os trabalhos espirituais) não é feito por ninguém; ele já traz desde seu nascimento essa missão.

c) o sacerdote de Umbanda invariavelmente é escolhido pela espiritualidade.

d) só consegue dirigir uma tenda quem traz essa missão pois esta também é dos guias espirituais.

e) mesmo não se sentindo preparado para tão digno trabalho, no entanto, a maioria crê nos seus guias e leva adiante sua incumbência.

f) mesmo não sabendo muito sobre como dirigir uma tenda os guias suprem essa nossa deficiência e vão nos ensinando coisas muito práticas que, com o passar dos anos, se tornam um riquíssimo aprendizado.

g) todos gostariam de se preparar melhor para o exercício sacerdotal, ainda que já sejam ótimos dirigentes espirituais.

h) todos lêem muito sobre a Umbanda e procuram nas leituras informações que os auxiliem no seu sacerdócio.

i) muitos fazem vários cursos holísticos para expandirem seus horizontes e a compreensão do que lhe foi reservado pela espiritualidade.

j) todos gostariam de ter alguém (uma escola, uma federação, uma pessoa) que pudesse responder certas dúvidas que vão surgindo no decorrer do exercício da sua missão.

Bem, o que deduzi é que ninguém faz um dirigente espiritual porque só o é ou só o será quem receber essa missão dos seus guias espirituais.

Mas, se assim é na Umbanda, no entanto o exercício do sacerdócio pode ser organizado, graduado e direcionado por uma “escola”, e isto facilita muito porque traz confiança e orientações fundamentais ao dirigente espiritual.

Devíamos ter na Umbanda mais escolas preparatórias tradicionais que auxiliassem as pessoas que trazem essa missão, tornando mais fácil as coisas para elas.

E, lamentavelmente, além de só termos alguns cursos voltados para esse campo, ainda assim quem ousou montá-los é injustamente acusado de charlatão, embusteiro, aproveitador e outros termos pejorativos.

Eu mesmo, só porque montei um “colégio” sob orientação espiritual e só porque psicografei algumas dezenas de livros de Umbanda (muitos ainda não publicados) já sofri todo tipo de discriminação, de calúnia, de ofensas e de acusações que espero que cessem, pois os umbandistas acabarão por entender que todas as religiões têm escolas preparatórias dos seus sacerdotes.

Só assim, com todos aprendendo as mesmas diretrizes e doutrina umbandista, a nossa religião conseguirá organizar-se e expurgar do seu meio os espertalhões que têm feito coisas condenáveis e cujos atos têm refletido negativamente sobre o trabalho sério de todos os verdadeiros umbandistas.

Por Rubens Saraceni.

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Bori na Umbanda. Pelo Templo Tião D'angola e Boiadeiro Sete Porteiras.

É fato que na maior parte dos Templos Umbandistas a prática do Bori é desconhecida ou não praticada, isso não desmerece o conhecimento do Sacerdote, mas traz para nós um tema muito interessante, já que estamos buscando entendimento e aprendizado.


Antes de tudo, não podemos tomar como verdade absoluta o conhecimento de cada um, por motivos alheios a cada pessoa, a busca por melhorar o entendimento entre orixá, filho de santo, e as energias devem ser constantes, a história da nossa religião é altamente brindada com tantos elementos da cultura africana, kardecista, oriental, que não cabe uma discussão de que uma prática ou outra não é de uso da nossa religião.


O Bori:

Bori significa oferenda para a cabeça, da fusão da palavra Bó – que significa oferenda em Yorubá com a palavra Ori – que significa cabeça, então temos a palavra “oferenda à cabeça”, dentro do ritual do Candomblé, o Bori é uma iniciação à religião, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Em alguns templos de Umbanda o Bori é exatamente igual, devido o conhecimento do Sacerdote que se iniciou no Candomblé e veio para Umbanda trazendo este conhecimento, e transferindo aos seus filhos de santo.


Levando em consideração que a Umbanda não raspa o Ori dos seus filhos, equivale este ritual de iniciação a religião aos recolhimentos na camarinha dentro da Umbanda onde os filhos passam por banhos e sacudimentos com folhas, para sua iniciação, o que também é pratica de alguns Templos.


Um dos exemplos mais lindos sobre o Bori e o Ori está no texto sobre o tema no site O Candomblé veja: Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se podem cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.

Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.


A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinônimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direcções.


OJUORI – A TESTA


ICOCO ORI – A NUCA


OPA OTUM – O LADO DIREITO


OPA OSSI – O LADO ESQUERDO


O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.


Neste ponto queremos dar atenção especial no que tange o Orixá, sabemos que é polêmico aprofundar no assunto, mas merece o comentário de que a Umbanda Traçada, Omolokô, possuem sacerdotes que conhecem este assunto e dentro dos Templos orientam seus filhos de santo a conhecerem os Orixás como no Candomblé, sem deixar de lado a essência das entidades, mas assumindo a forma de tratamento como ao Candomblé.

Não se trata de estar certo ou errado, mas de agregar conhecimentos e fundamentos a Umbanda, não estamos entrando em terreno proibido e sim desconhecido, mas altamente rico e esclarecedor, sendo aplicado com seriedade os benefícios do Bori na Umbanda são extremamente eficazes aos filhos de santo.


Observações:


Sendo um dos principais ou por que não dizer o principal rito da iniciação, então se você errar no Bori, você erra em todo o “Fundamento da Obrigação”, por isso a necessidade do conhecimento, na realidade, é no Bori que um Sacerdote têm que mostrar o seu conhecimento (fundamento) e seguro do que está fazendo, porque, é no Bori que está o grande segredo (eró), é nele que se faz o destino do “Filho de Òrìsà” ou “Filho de Santo”.


Concluindo:


É claro meus irmãos que existem muitas informações sobre o Bori, mas a questão de não aprofundar, é para que não haja polêmicas, a grande mola mestra do aprendizado não é concordar e sim questionar, quando fizemos nossa opção foi por que avaliamos com a luz dos Orixás e das Entidades qual o caminho tomar, e cada Umbandista hoje tem duas missões importantes; a primeira é ser umbandista e nunca se envergonhar ou se omitir, a segunda é exercer a religião plenamente, de coração e mente aberta.


Apontar o dedo para o outro irmão significa ter três apontado para si, nossa religião não cabe mais debates esvaziados, temos que preencher todos os espaços possíveis para que o entendimento seja amplo e irrestrito, desde claro usado com sabedoria.


Não há um limitador em nossa religião, então explorar com responsabilidade e adquirir conhecimento é um motivador para todos nós, devemos estar sempre em contato com nossas entidades pedindo orientações, mas também buscar em nossos Orixás todos estes elementos, aos nossos irmãos do Candomblé nos cabe agradecer por tamanha generosidade de compartilhar estas informações e o seu conhecimento para uma caminhada continua de nossa Umbanda Sagrada.


Axé Irmãos.


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