Fonte:www.jornalnacionaldaumbanda.com.br
Capítulo 1 – Cantar, bater palmas e tocar atabaques.
A importância dos cursos de Umbanda é visivelmente clara, pois faz com que os
frequentadores e membros da corrente mediúnica entendam cada processo do ritual e sintam fazer
parte da religião. Uma vez que o véu do secreto é baixado, um mundo rico e cheio de luz é mostrado
a todos, e o desenvolvimento e crescimento tanto pessoal religioso quanto da religião em si, é
consequência do aprendizado adquirido.
Aqui contamos a estória da sacerdotisa Sofia, que já contava com alguns anos à frente de seu
terreiro e sempre ministrava cursos sobre Umbanda para poder sanar as dúvidas dos membros da
corrente mediúnica.
Em um desses cursos, vários alunos perguntaram:
- Porque nas giras cantamos? Porque batemos palmas? Porque usamos os atabaques?
Calmamente Sofia se posicionou e explicou a todos:
- Quando vocês vêm ao terreiro, nem todos conseguem ter um dia calmo e tranquilo, alguns
até brigam e discutem com outras pessoas durante o dia, e isso prejudica o nível de vibração
energética de seus corpos, e por isso, nessa situação, vocês sentem cansaço, o corpo pesado e o
esgotamento físico. Essa vibração negativa atrapalha o andamento das giras do terreiro e dificulta a
incorporação dos guias em seus médiuns.
Sabiamente, nossos guias espirituais nos ensinaram algumas maneiras de diminuir essa
vibração negativa e facilitar o trabalho espiritual.
Para começar, se todos vocês baterem palmas agora, verão que cada um vai iniciar de um
jeito e com um ritmo próprio, porém, alguns minutos depois, todos estarão batendo palmas no
mesmo ritmo e com a mesma intensidade. Aos poucos vocês vão esquecendo dos problemas e
começam a prestar mais atenção às outras pessoas, isso porque a vibração de seus corpos está
mudando para melhor.
Ao cantar, algo semelhante acontece! Em pouco tempo, todos cantam juntos, seguem o
mesmo ritmo, e a vibração positiva aumenta mais ainda!
Vocês podem perguntar então: porque seguimos o mesmo ritmo em tão pouco tempo?
Ora, se perceberem, as palmas seguem o ritmo das batidas do coração, e as músicas que
todos cantam mais facilmente, também seguem o coração!
E o nosso cérebro entende que se tudo está seguindo o coração, significa que está tudo bem! Por
isso nos sentimos bem!
Pensando dessa maneira concluímos que as batidas nos atabaques reforçam mais ainda o
ritmo cardíaco!
- Ah! Mas se alguém está muito agitado quando chega ao terreiro, seu coração está
disparado, num ritmo muito mais rápido do que aquele que está sentado, extremamente calmo!
- Sim! Mas é por isso que quando começamos a bater palmas ou começamos a cantar nosso
ritmo é diferente dos outros, mas à medida que vamos nos acalmando ou saímos de um estado de
calmaria, nosso ritmo cardíaco vai se igualando com o das outras pessoas!
- E nesse caso, como os ogãs acertam o ritmo de suas batidas nos atabaques?
- Sem saber, os ogãs são preparados para diferenciar o ritmo cardíaco e o ritmo que eles
conhecem mentalmente, por isso eles conseguem tocar no ritmo certo!
Os ogãs iniciantes, normalmente esperam os mais experientes a tocar para poder entrar logo em
seguida nos toques, mas com o passar do tempo eles aprendem o ritmo certo.
- Mas estar com o ritmo cardíaco controlado ajuda na incorporação?
- Ajuda sim! Uma vez que seu ritmo cardíaco está controlado, seu corpo fica mais relaxado e
você não foca tanto em seus problemas.
Com isso, sua vibração energética corporal sobe, quase que igualando com a vibração energética
dos guias espirituais! Isso facilita muito a incorporação, pois os guias não precisam abaixar a energia
deles para poder manter a comunicação com seus médiuns!
- Se é assim, se passamos a vibrar na mesma sintonia do guia, porque cantamos para o guia
subir ao final da gira?
- No decorrer da gira, se os membros da corrente pararem de cantar, tocar os atabaques e
bater as palmas, nosso corpo tende a corrigir o ritmo cardíaco dependendo da circunstância que nos
encontramos, ou seja, por ficar muito tempo em pé ou sentado, alguns nervos do nosso corpo ficam
tensos ou relaxados, exigindo mais ou menos fluxo sanguíneo, e isso altera o ritmo cardíaco, entre
outros fatores possíveis!
Ora, para que o guia espiritual volte para Aruanda e nós ficarmos bem, cantamos para eles subirem
para reajustar nosso batimento cardíaco! Além disso, por estarmos com a vibração boa, evitamos a
aproximação de espíritos inferiores, de baixa vibração!
- Então é só por isso que cantamos, batemos palmas e tocamos atabaques na Umbanda?
- Não! Isso tudo que expliquei é para que vocês entendam que nada é em vão na Umbanda! Nossos
rituais, com suas músicas, danças e ritmos enriquecem e embelezam a religião!
E tem mais! As músicas de Umbanda são consideradas como um ritmo único, assim como o jazz e o
rock também o são!
E claro que, este assunto que falamos, foi bem resumido e outras energias e vibrações estão
envolvidas nesses rituais, mas acho que já deu pra ter uma noção maior de como funciona a nossa
Umbanda e ver como é rica a religião!
Por: Newton C. Marcellino.
Críticas e sugestões: newton.utf@gmail.com
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