sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ERÊS.IBEJIS,COSME,DAMIÃO E DOUN!!!


Crianças e o Papai do Céu
Por Fernando Sepe

Em uma das muitas escolas de Aruanda, um Preto - Velho de nome Antônio estava tendo uma conversa com um grupo de encantados - crianças que trabalham dentro da Umbanda. Era uma “aulinha” onde o "vô” , como eles o chamavam, tentava explicar algumas coisas a respeito dos encarnados e do que eles deveriam fazer durante os trabalhos espirituais:
_ ... Bem, como eu estava dizendo, os encarnados são um pouco complicados sabe, têm alguns que não acreditam nem em Olorum... _ dizia o velho Antônio.
_ Como não vô? Eles num acreditam no papaiii-mamãeee-do-céu? Ué, você num ensinou para eles que “O Papai” mora dentro do coração de cada um? _ perguntou uma menininha de nome Catarina.
_Ensinei minha filha, mas sabe, na matéria eles têm tantos problemas, preocupações, dificuldades, que eles não conseguem nem mesmo escutar o próprio coração. A intuição e tudo isso que para vocês aqui é muito claro, para eles não passam de fantasia, misticismo, bobagens...
_Ah, eles são bobocas mesmo, e depois vocês me dizem que um dia eu vou ser igual, vou ter que en ... en ... como é mesmo vô?
_Encarnar! _ Respondeu Joãozinho, outra criança que estava na aula e que não saía nunca de perto do vô.
_Isso, en – car – nar! Eu não quero vô! Não quero esquecer do Papai do céu! Eu amo tanto Ele. _ Disse Catarina quase chorando.
_Minha filha, você não precisa ter medo, afinal também existem muitos encarnados bondosos, que crêem no divino Criador e por Ele trabalham avidamente. Além do mais, ainda vai demorar um bocado para você encarnar.
_ Ufa, ainda bem! _Catarina parecia aliviada.
_ É meus pequenos, é difícil e triste quando muitos dos que a gente mais ama, esquecem de Deus na carne e se entregam a coisas pouco louváveis a seus divinos olhos. E então eles fecham – se a nossa inspiração, e nada mais nos resta a não ser se afastar e esperar... _ e o velho Antônio assumiu uma feição tristonha.

As criancinhas, que não entendiam muito dos sentimentos e pensamentos dos adultos, mas tinham uma intuição incrível e conseguiam escutar como poucos o coração dos espíritos, perceberam que o “vô” ficou um pouco triste. Por isso começaram a jogar bolinhas de luz nele e pularam todos juntos em cima do velho Antônio, o que acabou resultando no começo de uma verdadeira bagunça:
_Mas o que é isso aqui? Antônio, você não consegue colocar ordem nos pequenos? _ disse uma rechonchuda negra de traços bondosos, que chegava na sala de aula, trazendo algumas xícaras de chá.
_Ordem é comigo vó “Dita”, pode deixar! _ Disse Jorginho, o maiorzinho daquelas crianças que era “fanático” em colocar tudo em ordem.
_Não, num precisa não Jorginho! Deixa que já está tudo normal... _ se antecipou a vó “Dita” antes que ele fizesse alguma de suas loucuras:
_Vim trazer um chá, colhido aqui do canteiro da mãe Jurema. E você em Antônio, que vergonha, brincando que nem um mocinho...e não me chama para participar! Hahaha...
A Velha “Dita” chamava – se Benedita e junto com Antônio eram os responsáveis por uma escola que tinha como objetivo dar instruções a todo um grupo de encantados da natureza, que trabalhavam dentro da religião de Umbanda, onde são conhecidos como a "linha das Crianças". Eles eram muito puros e estavam ainda muito ligados aos reinos da natureza e suas divindades Orixás, assim tinham muita dificuldade de entender o comportamento humano. Além disso, esse convívio com os encarnados um dia facilitaria, quando as crianças também tivessem que encarnar.
_Bem por hoje chega. Amanhã vamos ter trabalho em uma Casa de Umbanda. Vai ser gira dos irmãos caboclos, mas quem quiser ir para conhecer e estudar um pouco mais os encarnados podem vir com a gente. _disse vó Dita.
Todos foram embora, mas as crianças secretamente se reuniram com a vó Dita e pensaram em fazer uma surpresa, no outro dia, para os encarnados e desencarnados...
e ENTÃO...
Gira no terreiro, correria na parte física e espiritual. Todo mundo tomando seus postos, nos astral diversos espíritos sendo encaminhados, curados mesmo antes do começo dos trabalhos, na parte física ascende – se à defumação, afina – se os atabaques, etc. Antônio como um dos mentores da casa coloca – se ao lado do congá.
Os trabalhos começam: hino da Umbanda, defumação, bater cabeça, etc. Nesse dia o dirigente chama a presença de mãe Iemanjá no terreiro. Os médiuns são tomados por suas naturais, belíssimas que cantam e dançam, trazendo paz, harmonia e amor a todos. O velho Antônio que tem um carinho especial pela encantadora “sereia do mar” se emociona e chora. Às vezes achamos que apenas os médiuns se emocionam com a manifestação dos Orixás, mas isso não é verdade, os guias também.
Chega o momento da incorporação da linha de trabalho, os caboclos naquele dia é que iriam dar passe. Mas algo estranho acontece. Um portal luminoso abre – se e as crianças começam a chegar e envolver todo o ambiente. O dirigente percebe a diferença, e como sempre está aberto ao que o “alto” determina, resolve incorporar as crianças mesmo. E elas chegam fazendo a festa que todos conhecemos tão bem.
O velho Antônio não sabe o que faz, mas parece que todo mundo já sabia que isso aconteceria, menos ele. De repente ele vê a vó Dita e percebe que isso só podia ser coisa dela mesmo.
A médium de Catarina toma a frente do trabalho, fica de frente para a assistência, e diz:

_Boa noite! Olha meu nome é Catarinaaa e eu vim aqui para dizer umas coisinhas...
_Sabe, vocês já viram aquele velhinho bondoso chamado Antônio dizer que o Papaiii-mamãee-do-céu mora no centro dos seus corações, né?! E por que na hora vocês todos fazem cara de “que lindo”, mas depois que saem daqui esquecem de tudo?
_Ou vocês acham que só aqui vocês estão em contato com Deus? Esse templo é a casa do Papai? Claro que é! Mas dentro de vocês também! Até eu que sou criança sei disso, como é que vocês não sabem?
_ A vida de vocês é difícil, eu sei. A gente tá aqui para ajudar, mas tudo depende de vocês. Nem o vô que é muito lindo pode fazer alguma coisa, se vocês não ajudarem a si próprios. Entendem?
_Olha, eu trouxe esse buquê lá do jardim de Aruanda, ele tem flores de todas as cores. Mas vocês não as enxergam. Então eu vou dar para cada um de vocês uma flor, e vou pedir que vocês acreditem e guardem-nas bem no coração, e toda vez que se sentirem tristes, lembrem dessa florzinha, porque nela o Papai do céu também está.
E ela foi dando um beijinho, um abraço e uma palavra de amor para cada uma das pessoas que lá estavam presentes. Quando terminou disse:
_Viram só, eu quero que vocês guardem essa flor de Aruanda. Ela se chama AMOR, e quem a tem no coração tem também o Pai – Mãe Criador de Todos.
As pessoas da assistência estavam todas meio espantadas. Elas conheciam as crianças, achavam – nas engraçadas, mas não esperavam tanta ternura, amor, e porque não, sabedoria daqueles “pequenos”.
E então naquele terreiro a gira que era para ser de caboclo, virou uma festa de criança, e toda assistência brincou junto delas.
As pessoas enfim entenderam, que o AMOR é a presença viva do Criador dentro dos nossos corações.
O velho Antônio sorria e começou a pensar como aquelas crianças tinham uma forma diferente de ver as coisas, uma forma que nós os adultos já não mais tínhamos.
_É Antônio a gente também aprende muito com eles, não é mesmo? Isso foi idéia da Catarina, eu só ajudei. Eles queriam te fazer uma surpresa. Acho que conseguiram...

_Ah “Dita”, só você mesmo né?! Hahahaha...
E aqueles dois espíritos que amavam – se tanto e trabalhavam juntos pelo Criador se abraçaram e foram para um outro lugar, afinal, os pretos – velhos também namoram, mas isso já é outra historia...

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CRIANÇAS

Por Alexandre Cumino

Por força de expressão, também chamadas de “beijada”, “Ibejis”, “Erês”, “Cosminhos” ou, o que é o mais correto, simplesmente crianças. Muito temos a aprender com as Crianças na Umbanda, “se todos tivessem olhos de Crianças não haveriam mais guerras”, “Se nos permitirmos ser mais crianças, em nosso dia-a-dia, seriamos muito mais alegres”, “A pureza das Crianças é cor em nossas vidas”, “O Reino dos Céus pertence às Crianças, aos puros de coração”, “Quando as Crianças estão em terra tudo vira arco-íris” e etc.

Muitos não conseguem ver a importância dos trabalhos das Crianças, não percebem o quanto elas realizam apenas “brincando” e comendo doces. Muitas Crianças que incorporam na Umbanda são encantados que nunca encarnaram, outras encarnaram apenas uma vez. Estão mais ligadas ao plano encantado da natureza do que ao natural humano, Crianças vibram as forças da natureza de forma sutil, mas de forma intensa, assim umas são das cachoeiras, outras das praias, do mar, das pedreiras, das matas... Quando incorporadas elas vibram, o tempo todo, a energia encantada do reino a que estão ligadas, basta entrar na sua sintonia infantil, brincando e comendo doces, que acontece toda uma limpeza espiritual. Energias negativas são absorvidas pelos mistérios que sustentam o trabalho das Crianças pela esquerda e pelo embaixo, enquanto o alto e a direita irradiam a energia que precisamos para nos amparar e mudar nossa visão de mundo. Muitas vezes queremos que nossa vida mude e esquecemos que se nós não mudamos nosso comportamento a vida também não muda. Crianças nos ajudam e muito a renovar nossas atitudes, a começar de novo, como uma criança que começa outra vez sua tarefa no plano material. Crianças estão muito ligadas às cores, ao arco-íris, alegria, desprendimento material e pureza. As Crianças não são “espíritos adultos” se passando por crianças, o que não seria nada natural, e sim “espíritos infantis”, espíritos que ainda não se humanizaram por completo. Estão mais ligadas as realidades anteriores da humana, aos planos encantados da natureza, que “estagiamos” antes de entrar no natural de reencarnações na matéria. Estão em um estágio anterior, por isso podemos considera-las espíritos infantis e elas nos vêem como mais velhos. Mas não tem a mente adormecida, algumas têm lembranças de séculos. Para vir na Umbanda passam por um preparo no astral, elas chamam de escolinha, respondem no grau de guias pois tem muito a dar e realizam um trabalho muito importante. Muitas trabalham acompanhando de perto a nossa infância, enquanto somos crianças elas têm maior acesso e facilidade para nos ajudar pois nossa vibração fica mais próxima à delas. Resumindo crianças trabalham e muito, que para elas é uma alegria. Temos crianças de todos os Orixás, a “força Ibeji” é a força infantil do plano encantado das Crianças, sincretizado com “Cosme, Damião e Doun”, um dos Orixás mais atuantes na corrente das crianças é Oxumaré, pois a ele pertence o “Mistério Crianças” (lembre-se das cores, bexigas e arco-íris), assim como o “Mistério Ancião” pertence a Obaluayê e Nanã, o “Mistério Caboclo” pertence a Oxossi, o “Mistério Baiano” pertence a Iansã e etc. Podemos oferenda-las em praças, parques e cachoeiras, ou um outro local especificado pelas mesmas.

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As Crianças


Por Adriano Camargo







“Papai me mande um balão, com todas crianças que têm lá no céu...

Tem doce papai, tem doce papai, tem doce lá no jardim “



Muita festa e alegria com essa linha de trabalho, dentro dos rituais de Umbanda Sagrada!

É praticamente impossível não reagirmos também com felicidade ao vê-los “brincando” nos terreiros.

Cosminhos, erês, ibejada, ou simplesmente “as crianças” são comemorados neste mês de setembro, sincretizados ao culto católico com São Cosme e São Damião.

Trazem muita força de trabalho e em suas manifestações, traduzem a essência da pureza e simplicidade. Renovadores por excelência são amparados pela linha do Amor (Oxum e Oxumaré), mas não perdem sua essência elementar.

Vemos muitas crianças da água, das matas, das praias, alguns caboclinhos e caboclinhas, etc.

Seus nomes simbólicos normalmente no diminutivo, dificilmente traduzem sua essência original, mas isso é totalmente desnecessário, pois para a pureza não é necessária a tradução.

Alguns ainda pertencem ao estágio encantado da evolução, normalmente os que se apresentam por nomes simbólicos ligados a falanges ou mesmo a elementos da natureza, como: Pedrinha, Coquinho, Ventinho, etc.

Trabalham brincando e brincam trabalhando. Quando solicitados, são excelentes guias de trabalho e atendimento, ótimos curadores e fantásticos orientadores espirituais. Quem nunca se sentiu também criança de frente a uma manifestação dessa linha. E quem melhor senão nossa “criança interior” para ouvir e captar conselhos dados por outra “criança”.

Não subestimemos esse irmãozinhos do astral e cultuemo-los, e oferendamo-os sempre que necessário ou mesmo por agradecimento.

O sincretismo se dá ao fato de as crianças no culto de nação, estarem ligadas ao Orixá Ibeji, que são dois irmãos gêmeos. Como os santos católicos Cosme e Damião, irmãos gêmeos e médicos, que pereceram decapitados, porque praticavam a medicina gratuitamente em socorro dos pobres e das crianças infelizes e abandonadas. São protetoras da Medicina e de todas as crianças do mundo, inclusive as desencarnadas que ainda não completaram o círculo dos renascimentos .

Oração a São Cosme & São Damião

São Cosme e São Damião, que por amor a Deus e ao próximo vos dedicastes

à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes, abençoai os médicos

e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha

alma contra a superstição e todas as práticas do mal. Que vossa

inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças.

Que a alegria da consciência tranqüila, que sempre vos acompanhou,

repouse também em meu coração. Que a vossa proteção, São Cosme e São

Damião conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também

para mim as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, pois

deles é o Reino dos Céus “.

São Cosme e São Damião rogai por nós..






sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sempre Fica Perfume Nas Mãos Que Oferecem Rosas- História contada por Vovó Benta

Por Mãe Leni W. Saviscki

Dirigente do Templo de Umbanda Vozes de Aruanda

(Terreiro Filiado ao Centro Espiritualista Caboclo Pery - CECP)

A noite se fazia linda...A lua cheia, tal qual noiva entrando na igreja, espalhava seu véu branco por sobre as Campinas, as pradarias e dava brilho especial aquele jardim florido onde as gérberas e adálias bailavam ao sabor da brisa. Pétalas orvalhadas brilhavam a luz do luar, fazendo do roseiral um manancial de energias que exalavam, enchendo o ar com seu perfume.

Espremendo-se pelas frestas do rancho, o cheiro do jardim entrava e coçava o nariz da negrinha, fazendo-a espirrar...e acordar. Era apenas um pretexto que Preta Rosa usava para se fazer ver, mesmo estando em corpo fluídico. Sorrindo, com seus alvos dentes que contrastavam na pele negra, e exibindo uma rosa atrás da orelha, o espírito amigo soprava na testa da negrinha, fazendo-a dormir novamente, para que nessa brincadeira de esconde-esconde, pudesse tirá-la do corpo físico e novamente juntas, voarem ao sabor do vento em busca de outros tantos espíritos, para que pudessem servir em qualquer paragem, sempre em nome do grande Zambi.

Era rotineiro esse procedimento e Preta Rosa ficava muito feliz em poder contar com a preciosa ajuda da negrinha que no corpo físico era paraplégica, mas que sabia voar quando saía dele. O jardim bem cuidado que ladeava o rancho humilde, auxiliava a descida das boas energias e seguidamente era ali, naquele jardim florido, que a espiritualidade se abastecia das energias florais e curativas de que precisavam nos trabalhos de cura.

Preta Rosa, antes de chamar a negrinha, sempre abastecia sua cesta, com as flores que gostava de espalhar no caminho por onde andava. Flores que existiam além da matéria, naquele manancial sagrado.

A negrinha, quando menina foi duramente castigada pelo feitor, fruto das peraltices naturais da infância, mas que não eram admitidas nas crianças negras. Ferida duramente ao final das costas, paralisou as pernas e nunca mais caminhou. Mas para comer era obrigada a trabalhar, então arrastava-se sob o efeito de dor quase insuportável, para cumprir tarefas que Sinhá lhe ordenava. Passava o dia a esfregar o chão da casa grande e quando a noite chegava, seu corpinho magrela amortecia de cansaço.

Preta Rosa, em encarnação anterior, havia sido sua madrinha e guardava pela negrinha um afeto muito especial. Sabia que a dura pena a que foi submetida nesta vida era, na verdade, um aprendizado ao seu espírito endurecido no orgulho e na teimosia, como sabia também que na próxima encarnação a negrinha viria de pele branca e serviria para manifestá-la junto aos homens da terra. Espíritos afins, uma vivenciando ainda os aprendizados da carne, outra evoluindo no mundo astral, são guerreiras de Zambi e em noites de luar, pelos céus deste Brasil, espalham rosas e perfumes por onde passam, cantarolando os versos que Preta Rosa gosta de fazer.

DESOBSSESSÃO NO CENTRO DE UMBANDA.



Sem se opor à minha presença, partimos em direção às furnas do mal. Clarisse, eu, Cornelius e mais um grupo de defesa do Hospital Esperança.



Chegando ao local, presenciei algo inusitado. O ciclope da mitologia grega não era pura imaginação. Indaguei de chofre:


— Quem são os ciclopes, Clarisse?


— Espíritos rudes a serviço do mal. Estamos na região subcrostal chamada Pântano das Escórias, subúrbio enfermiço do Vale do Poder. Aqui são feitos prisioneiros os servidores da maldade organizada que não obtiveram êxito em seus planos nefandos. Castigos e sevícias de todo o porte são levados a efeito nestas plagas.


— Por que viemos aqui?


— Venha! Vamos encontrar nossa equipe.


Logo adiante estava Eurípedes com uma equipe de vinte a trinta defensores. Tinha o braço ferido. Quem imagina os espíritos isentos dessa contingência, não concebe com exatidão os mecanismos fisiológicos e anatômicos do corpo espiritual, sujeito, nas proximidades vibratórias da Terra, às mesmas injunções de saúde e doença, dor e prazer. Um corte de dez centímetros na altura do ombro do benfeitor era cuidado com carinho por uma diligente enfermeira da equipe. A diferença ficava por conta do domínio mental. Enquanto era tratado, conversava atentamente com os presentes sem demonstrar uma nesga de sofrimento. Os ciclopes o feriram com seus chicotes impiedosos. Tive ensejo, ali mesmo, de manifestar meu carinho ao amigo querido. Embora minha surpresa, o tempo e a experiência foram me mostrando que tudo era possível ocorrer em tais tarefas socorristas. Incêndios, tiroteios, ciladas, guerras armadas e outras tantas manifestações de violência já conhecidas da humanidade. Não cheguei a ver os ciclopes naquela ocasião, mas só a onda de crueldade deixada no ambiente já me apavorava. Clarisse não regateava esclarecimentos a mim.


— Estamos no inferno de Dante, dona Modesta.


— Parece-me ser até pior do que ele descreveu.


— Sem dúvida.


— O que faremos agora?


— A tarefa por aqui já está cumprida. As entidades que necessitavam de socorro já foram levadas para onde prosseguirá o trabalho.


— Eram almas arrependidas?


— Não. Eram escravos da perversidade. Servidores inconscientes das sombras. Foram necessárias mais de quatro horas de intensas iniciativas para alcançar resultados no amparo. Ainda assim, veja o estado de nossos companheiros. Eurípedes ferido, os defensores exaustos e tudo isso apenas para que seis entidades pudessem ter acesso à manifestação mediúnica.


— Vão se comunicar a essa hora da noite? Que centro abriria suas portas? – expressei sabendo que já passava da meia-noite no relógio terreno.


— Os verdadeiros servidores cristãos só se utilizam do relógio com intuito disciplinar. Não condicionam o ato de servir aos ponteiros limitantes do tempo. Visitaremos o Centro Umbandista Pai Guiné, nos arredores de Uberaba.


— O pai-de-santo Ovídio?


— Ele mesmo.


Tive de confessar, em um primeiro momento, meu preconceito. Guardava respeito pelas demais religiões, entretanto, nunca havia refletido sobre quem seriam e onde estariam as cartas vivas do Cristo. Por uma tendência natural asilei o despeito. Ainda bem que foi algo muito passageiro em meu coração, porque as experiências fora e dentro da vida corporal, cada dia mais, apresentavam-me uma realidade distante das ilusões que adulamos sob o fascínio impiedoso do orgulho na sociedade terrena dos mortais.


Após as despedidas, a equipe de Eurípedes regressou ao hospital. O pedido de socorro foi uma medida preventiva. Apesar dos feridos e exaustos, todos guardavam o clima da paz.


Por nossa vez, partimos para o Centro Pai Guiné. Era um ambiente agradável em ambos os planos. Ao som dos atabaques, eram cantados os pontos em ritmo vibratório de alta intensidade. Cada canto era como uma verdadeira queima de fogos de artifício. Uma bomba energética explodia no ar em multicores.


Em uma das várias dependências astrais da casa havia uma enfermaria com oitenta leitos bem alinhados. Tudo nesse salão era limpeza e calmaria. Lá não se ouviam mais os cantos, e a conexão com o plano físico limitava-se ao trânsito de enfermeiros pelos vários portais interdimensionais. Regressamos ao ponto de intersecção vibratória com o plano físico.


Seis macas estavam dispostas no canzuá (terreiro). Em cada qual havia uma entidade de aspecto horripilante. Olhos que quase saíam das órbitas oculares, pele murcha, enrugada e suja, garras enormes no lugar das unhas, com dez centímetros, nas mãos e nos pés, todas retorcidas como as de águia. Magérrimos e nus. Causavam náuseas pelo odor. Olhavam para nós deixando claro que nos viam e, literalmente, grunhiam como porcos com a boca semiaberta. Alguns deles estavam muitos inquietos nas macas. Retorciam-se como se estivessem com dor, sem manifestar nenhum som. Vários hematomas estavam expostos em todos eles, devido aos castigos impostos nos paredões de penitência.


— As garras são colocadas para impedir a fuga. Não andam nem têm grande habilidade manual – informou Clarisse, com manifesto sentimento de piedade.


— Como serão socorridos?


— Pela incorporação profunda ou vampirismo assistido.


— Nos médiuns umbandistas?


Mal terminei a pergunta e vi uma cena nada convencional. Um dos enfermeiros da casa pegou uma das entidades no colo e jogou-a no corpo do médium.


Demonstrando câimbras na panturrilha, o médium, incontinenti, absorveu mental e fisicamente o comunicante que se ajeitou no corpo do medianeiro como se deitasse em um colchão, buscando a melhor posição. Os atabaques aceleraram o ritmo, criando um frenesi de energia no ambiente. Formavam-se pequenos redemoinhos de cor violeta e prata, que se desfaziam e refaziam em vários cantos do terreiro. Modulavam conforme a nota musical dos hinos cantados.


O médium estrebuchou no chão. Convulsões e grunhidos seguidos de gritos de dor. Ovídio, o pai-de-santo aproximou-se e disse:


— Oxalá proteja seus caminhos, filho de Zambi (Deus).


— Eu sou filho do capeta. Quem és tu para falar comigo? – redarguiu a entidade, que agora falava com facilidade por intermédio do médium.


— Sou um tarefeiro da luz.


— Eu sou uma escória da sombra.


— Engano, criatura!


— Não vê minhas garras? Sabe o que isso?


— Conheço essa técnica. São ferrolhos do mal.


— Vejo que estais acostumados ao mal.


— Vim desses vales da sombra e da morte – falava Ovídio com firmeza na voz.


— Mas andas e és livre. Estais no corpo, enquanto eu... Eu sou um verme roedor... Ou quem sabe uma águia que não voa... Nem sequer consigo andar graças a essa maldição que colocaram em meus pés... Nem comer mais... Veja minhas mãos... Eu tenho fome e sede.


— Em que te posso ser útil irmão? – indagou Ovídio debaixo de uma forte vibração.


— Quero bebida e comida. Quero que cortem minhas garras.


— Laroyê! Laroyê1 – gritou Ovídio já incorporado por um de seus guias que entoava o canto: “Eu sou Marabô2, rei da mandinga. Eu sou Marabô, exu de nosso Senhô. Laroyê!”


Uma energia colossal movimentou-se com a chegada do Exu Marabô. Os filhos-de-santo o saudavam com palmas rítmicas e pontos próprios da entidade. Muitos deles iam até Marabô, baixavam a cabeça em sinal de reverência à sua frente e batiam três palmas rítmicas na altura do abdômen do médium.


— Que tu quer, homem esfarrapado. Bebida pra mode se arrebentá mais?


— Não, senhor Marabô. Não é isso não.


— Não mente pra Marabô. Marabô sabe ler os ói (olhos). Nos ói tá a visão, mas tá também a verdade e a mentira.


— Eu não minto, senhor. Quero liberdade.


— Pra fazer o que dá na cabeça? Home tu preso é um perigo, livre é um desastre.


— O que o senhor vai fazer por mim? Não pedi a ninguém pra sair daquela joça de lugar fedorento. Por que me trouxe aqui?


— Não fui eu quem trouxe home. O véio Bezerra da luz é teu protetor. Sirvo a ele na graça de Oxalá, Pai de poder e misericórdia.


— Que queres comigo?


— Está feliz na matéria do cavalo (médium)?


— Sei que não é minha. Quero uma só pra mim.


— Esta gostando do contato?


— Só fartó bebida e comida.


— Olha suas garras.


— Não pode ser! O que aconteceu?


– O cavalo (médium) ta dissolvendo suas algemas.


– Pra sempre?


– Pra sempre!


– Quanto vai me custar?


– Nada. É serviço de Pai Oxalá. É de graça. Pedido do veio Bezerra de Menezes. Se voltar pro inferno, elas crescem de novo. Se subir com Bezerra da luz, vai ser cuidado no hospital da sabedoria, onde reina os filhos de Gandhi.


– Filhos de Gandhi? Por que se interessaria por escórias como nós. Veja lá nas macas os amigos estropiados – e apontou para a sala ao lado.


– Nada retira do ser humano a condição de Filho do Altíssimo...

FONTE:www.rcespiritismo.com.br


SINCRETISMO RELIGIOSO - MONICA CARACCIO

Devido à uma série de acontecimentos históricos, à opressão sofrida pelos negros na época da escravidão e à imposição da religião católica dos fazendeiros sobre seus escravos, hoje o sincretismo dos nossos Orixás com os Santos do Catolicismo é muito presente na Umbanda. Muitas vezes este sincretismo e a presença de imagens católicas em nossos terreiros torna-se muito importante para aquele consulente que não conhece muito sobre a Umbanda e vai para um terreiro cheio de medo e desconfiança, mas quando chega lá se sente confortável pois encontra algo que reconhece como sagrado. Sendo assim, seja pela importância para os trabalhos ou pelo fato histórico em si, cabe a nós conhecer e entender o sincretismo na Umbanda. Vamos lá ?







OXALÁ – Jesus Cristo, Nosso Senhor do Bonfim. O grande Pai da Umbanda. Senhor da compaixão, do perdão, da sapiência e da fé. Saudação: Oxalá yê, meu pai! ou Exê Babá! – significa: O Sr. Realiza! Obrigada Pai!


XANGÔ – São Jerônimo, São Pedro, São João. São Jerônimo foi quem traduziu alguns livros da Bíblia do hebraico e do grego para o latim e São João pregava a conversão religiosa e batizou Jesus. Xangô é o deus do trovão e da justiça. Saudação: Caô Cabecilê, meu Pai! – significa: Permita-me vê-lo, Majestade!


OGUM – São Sebastião (BA), São Jorge (RJ). Orixá do ferro, fogo e tecnologia. Ogum é o orixá guerreiro capaz de abrir caminhos na vida e quebrar nossas demandas. Saudação: Ogum Yê, meu Pai! – significa: Salve o Sr. Da Guerra!


OXOSSI – São Sebastião (RJ), São Jorge (BA). Orixá da caça e da fartura. Senhor das matas, da verdade e do conhecimento. O grande caçador de almas perdidas, grande curador e grande doutrinador. Saudação: Oke Arô, meu Pai! – significa: Dê seu brado, Majestade!


OBALUAYÊ – São Lázaro, São Francisco (BA). Senhor da cura, da evolução e da passagem. Saudação: Atotô, meu Pai! – significa: Peço quietude, meu Pai!


OMULU – São Roque, São Lázaro, São Bento. Senhor do fim, Senhor da paralização. Saudação: Atotô, meu Pai! – significa: Peço quietude, meu Pai!


OXUMARÉ – São Bartolomeu. Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras. Dilui e renova os sentimentos doentios e viciados. Saudação: Arroboboi, meu Pai! – significa: Senhor da Águas Supremas!


IBEJI - São Cosme e São Damião. Pureza, leveza, alegria e doçura. Saudação: Salve a Ibejada!


YANSÃ – Santa Bárbara. Orixá guerreira, deusa dos raios, dos ventos e das tempestades. Liberdade, movimento e paixão pela vida essa grande orixá nos traz. Saudação: Eparrei, Yansã! – significa: Salve o raio, Yansã!


OXUM – Nossa Senhora da Conceição (RJ), Nossa Senhora das Candeias (BA). Orixá do amor puro e verdadeiro, orixá da alegria e da união. Senhora da águas doces e das cachoeiras. Saudação: Ora Yê iê, ô! – significa: Olha por nós, Mãezinha!


IEMANJÁ – Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes. É a deusa dos grandes rios, mares e oceanos. A grande mãe da Umbanda e dos Orixás. Representa vida e geração em todos os sentidos. Saudação: Odoyá Yemanjá! Adoci-yaba! – significa: Salve a Senhora da Água!


NANÃ – Sant’Ana. Senhora das águas paradas, do barro e da Sabedoria. Saudação: Saluba, Nanã! – significa: Salve a Sra. das águas Pantaneiras!


EGUNITA – Santa Sara de Kali. Senhora do Fogo vivo e divino. Sua maior qualidade é a purificação. Saudação: Kali Yê, minha Mãe! – significa: Salve a Senhora negra, minha Mãe!


OBÁ – Santa Catarina, Santa Madalena. Obá é a orixá que aquieta o racional dos seres e esgota o conhecimento desvirtuado. Saudação: Akirô Oba Yê! – significa: Eu saúdo o seu conhecimento, Senhora da Terra!


OYÁ – Joana D’arc. Orixá do Tempo, passado presente e futuro (tempo cronológico) e sua maior ação é no sentido religioso, onde ela atua como ordenadora do caos religioso. Saudação: Olha o Tempo, minha mãe!


EXU -Santo Antônio, São Bartolomeu. Faz a guerra para trazer a paz. Atua sobre a dualidade do homem. Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos. Saudação: Laroyê Exu, Exu é Mojubá! – significa: Olhe por mim Exu, eu me curvo a ti. Exu é poder de Orixá





A FALTA DE RECONHECIMENTO E DE AGRADECIMENTO - Mônica Caraccio


Axé a todos! Quem já não ouviu falar sobre o perigo que é a Vaidade? Quem já não ouviu tristes histórias de médiuns quando tiveram a Vaidade alimentando seus íntimos? Quem já não percebeu como é difícil lidar com a Vaidade e o quanto Ela é sutil e arrasadora?

Sei que muitos fogem e negam esse sentimento, mas Ela não foge e não nega ninguém. Ela, A Vaidade, não titubeia em se fazer viva a qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer pessoa, aliás, existem vários momentos em que a vaidade é absurdamente incentivada e vivenciada, existem diversas pessoas manipulando outras pessoas sob o prisma da vaidade.

Mas ninguém gosta ou quer reconhecer seus momentos de vaidade, nem tampouco a possibilidade de sentí-la, mesmo porque, Ela aflora de forma tão “sutil”, tão “simples” aos olhos míopes da ingenuidade que, por consequência, as pessoas deixam de se vigiarem, esquecem de se educarem, de cultivarem a humildade e de entender o outro como “outro”, automaticamente se tornam vaidosas. Percebam, é uma bola de neve, uma ação refletindo uma reação continuamente.

Sei que a maioria das pessoas utiliza o termo “vaidade” para falar do bem cuidar do corpo, da importância de ter uma boa aparência, no entanto, mais que isso, vaidade é o desejo sem limites de atrair admiração. Isso mesmo, DESEJO SEM LIMITES DE ATRAIR ADMIRAÇÃO.

Em nossa Umbanda, vivenciando nossa religiosidade, sabemos o quanto a vaidade é prejudicial. Ela chega a ser a principal causa de afastamento de médiuns dos terreiros. Ela é tão avassaladora e destruidora que retarda potencialmente a ascensão de qualquer médium. Portanto, temos que estar vigilantes o tempo todo, temos que cultivar a humildade dentro de nós entendendo que nada somos e nada fazemos sem o Outro.

O fato é: a Vaidade está sempre viva em um elogio, em um olhar de admiração, em uma situação resolvida, Ela está sempre pronta para aflorar no primeiro momento de “falta de reconhecimento” e “falta de agradecimento” para com o Outro, para com o Divino e para com o Universo.

Isso quer dizer que a vaidade pode brotar nos momentos de cura, de conquista e de auto-estima, portanto nos momentos de alegria e satisfação, basta ter a semente e estar com o solo propício. Quem já não conquistou algo importante ou difícil na vida e estufou o peito sonorizando “eu sou bom mesmo” esquecendo totalmente de agradecer e de reconhecer que nada, absolutamente NADA se conquista e se constrói sozinho?
E não é só isso, a vaidade está quase sempre misturada ao sentido da Fé e com a capacidade de sentir Fé.

Calma, sei que agora deu calafrio, mas pensem comigo, quantas pessoas ao afirmarem sua Fé têm a vaidade esculpida em seus rostos, atos e falas afirmando que a sua fé é a melhor do que qualquer outra, que ‘seu Deus é o Deus dos milagres’ e que somente ‘Ele’ pode curar, melhorar, resolver e ajudar?

Além disso, é fato que a Fé proporciona realizações, melhoras, conquistas, auto-estima, e quando vivenciamos esses sentimentos, quase sempre aflora a prepotência, a arrogância e a vaidade. É aí que nos achamos deuses e nos esquecemos do Outro, do Divino, do Universo. E é a partir daí que, mesmo não percebendo, nos encontraremos sozinhos achando que somos aquilo que nunca fomos: BONS.

O Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio consideravam três situações altamente perigosas para qualquer médium:


1 – O médium homem com a consulente mulher e vice versa;

2 – A cobrança por “serviços”;

3 – A vaidade que gera, às vezes, até a mistificação.

W.W. da Mata e Silva conta em um de seus livros a história de um médium recém chegado a um terreiro e que começava a firmar sua mediunidade, em especial com o Preto Velho.

"Certo dia encontrou na rua um amigo que estava bastante acabrunhado. Perguntando-lhe o que passava, ele desfiou um rosário imenso de problemas. O médium, solícito, lhe disse: Porque você não passa lá no terreiro que eu frequento para pedir ajuda ao Preto Velho para ver se ele não te ajuda?

O amigo, já desanimado de tudo, foi ao terreiro e conversou com o Preto Velho que se incorporava naquele amigo. Dias depois encontraram-se novamente e o médium perguntou ao amigo: E aí? Melhoraram as coisas? O amigo respondeu: Rapaz, você não pode acreditar; minha vida virou como se tivesse passado um furacão e tudo se acertou.

Feliz o médium se foi. Alguns dias depois esse mesmo médium encontrou-se com outro amigo e o quadro foi igual, um desfiar de lamentações. O amigo médium disse ao outro: Passa lá no MEU terreiro que EU e MEU Preto Velho damos um jeito para você.

No terceiro caso, acontecido logo em seguida o médium já disse: Passa lá no MEU terreiro que EU dou um jeito nisso.

Como vemos, nessa história de Mata e Silva, resume-se a questão da vaidade do médium e a desagregação de sua relação com as entidades que com ele trabalham.

Na verdade, na última vez o médium falou o certo: ELE TERIA DE DAR UM JEITO, POIS PELO VISTO ELE JÁ TINHA CHEGADO AO NÍVEL DA MISTIFICAÇÃO."

Um Saravá Fraterno – Pai Solano de Oxalá



terça-feira, 13 de setembro de 2011

ENTENDENDO A UMBANDA!

Fonte:www.jornalnacionaldaumbanda.com.br

Capítulo 1 – Cantar, bater palmas e tocar atabaques.



A importância dos cursos de Umbanda é visivelmente clara, pois faz com que os

frequentadores e membros da corrente mediúnica entendam cada processo do ritual e sintam fazer

parte da religião. Uma vez que o véu do secreto é baixado, um mundo rico e cheio de luz é mostrado

a todos, e o desenvolvimento e crescimento tanto pessoal religioso quanto da religião em si, é

consequência do aprendizado adquirido.

Aqui contamos a estória da sacerdotisa Sofia, que já contava com alguns anos à frente de seu

terreiro e sempre ministrava cursos sobre Umbanda para poder sanar as dúvidas dos membros da

corrente mediúnica.

Em um desses cursos, vários alunos perguntaram:

- Porque nas giras cantamos? Porque batemos palmas? Porque usamos os atabaques?

Calmamente Sofia se posicionou e explicou a todos:

- Quando vocês vêm ao terreiro, nem todos conseguem ter um dia calmo e tranquilo, alguns

até brigam e discutem com outras pessoas durante o dia, e isso prejudica o nível de vibração

energética de seus corpos, e por isso, nessa situação, vocês sentem cansaço, o corpo pesado e o

esgotamento físico. Essa vibração negativa atrapalha o andamento das giras do terreiro e dificulta a

incorporação dos guias em seus médiuns.

Sabiamente, nossos guias espirituais nos ensinaram algumas maneiras de diminuir essa

vibração negativa e facilitar o trabalho espiritual.

Para começar, se todos vocês baterem palmas agora, verão que cada um vai iniciar de um

jeito e com um ritmo próprio, porém, alguns minutos depois, todos estarão batendo palmas no

mesmo ritmo e com a mesma intensidade. Aos poucos vocês vão esquecendo dos problemas e

começam a prestar mais atenção às outras pessoas, isso porque a vibração de seus corpos está

mudando para melhor.

Ao cantar, algo semelhante acontece! Em pouco tempo, todos cantam juntos, seguem o

mesmo ritmo, e a vibração positiva aumenta mais ainda!

Vocês podem perguntar então: porque seguimos o mesmo ritmo em tão pouco tempo?

Ora, se perceberem, as palmas seguem o ritmo das batidas do coração, e as músicas que

todos cantam mais facilmente, também seguem o coração!

E o nosso cérebro entende que se tudo está seguindo o coração, significa que está tudo bem! Por

isso nos sentimos bem!

Pensando dessa maneira concluímos que as batidas nos atabaques reforçam mais ainda o

ritmo cardíaco!

- Ah! Mas se alguém está muito agitado quando chega ao terreiro, seu coração está

disparado, num ritmo muito mais rápido do que aquele que está sentado, extremamente calmo!

- Sim! Mas é por isso que quando começamos a bater palmas ou começamos a cantar nosso

ritmo é diferente dos outros, mas à medida que vamos nos acalmando ou saímos de um estado de

calmaria, nosso ritmo cardíaco vai se igualando com o das outras pessoas!

- E nesse caso, como os ogãs acertam o ritmo de suas batidas nos atabaques?

- Sem saber, os ogãs são preparados para diferenciar o ritmo cardíaco e o ritmo que eles

conhecem mentalmente, por isso eles conseguem tocar no ritmo certo!

Os ogãs iniciantes, normalmente esperam os mais experientes a tocar para poder entrar logo em

seguida nos toques, mas com o passar do tempo eles aprendem o ritmo certo.

- Mas estar com o ritmo cardíaco controlado ajuda na incorporação?

- Ajuda sim! Uma vez que seu ritmo cardíaco está controlado, seu corpo fica mais relaxado e

você não foca tanto em seus problemas.

Com isso, sua vibração energética corporal sobe, quase que igualando com a vibração energética

dos guias espirituais! Isso facilita muito a incorporação, pois os guias não precisam abaixar a energia

deles para poder manter a comunicação com seus médiuns!

- Se é assim, se passamos a vibrar na mesma sintonia do guia, porque cantamos para o guia

subir ao final da gira?

- No decorrer da gira, se os membros da corrente pararem de cantar, tocar os atabaques e

bater as palmas, nosso corpo tende a corrigir o ritmo cardíaco dependendo da circunstância que nos

encontramos, ou seja, por ficar muito tempo em pé ou sentado, alguns nervos do nosso corpo ficam

tensos ou relaxados, exigindo mais ou menos fluxo sanguíneo, e isso altera o ritmo cardíaco, entre

outros fatores possíveis!

Ora, para que o guia espiritual volte para Aruanda e nós ficarmos bem, cantamos para eles subirem

para reajustar nosso batimento cardíaco! Além disso, por estarmos com a vibração boa, evitamos a

aproximação de espíritos inferiores, de baixa vibração!

- Então é só por isso que cantamos, batemos palmas e tocamos atabaques na Umbanda?

- Não! Isso tudo que expliquei é para que vocês entendam que nada é em vão na Umbanda! Nossos

rituais, com suas músicas, danças e ritmos enriquecem e embelezam a religião!

E tem mais! As músicas de Umbanda são consideradas como um ritmo único, assim como o jazz e o

rock também o são!

E claro que, este assunto que falamos, foi bem resumido e outras energias e vibrações estão

envolvidas nesses rituais, mas acho que já deu pra ter uma noção maior de como funciona a nossa

Umbanda e ver como é rica a religião!

Por: Newton C. Marcellino.

Críticas e sugestões: newton.utf@gmail.com

DECANTAÇÃO DE NEGATIVISMOS

Fonte:www.jornalnacionaldaumbanda.com.br

DECANTAÇÃO DE NEGATIVISMOS:

Segue abaixo, um exercício de decantação de negativismos, que me foi passado pelo Senhor

Mestre da Luz Preto Velho Pai Thomé do Congo.

Deve ser feito quando sentimos que estamos carregados ou em um ambiente carregado.

Ensino aqui um exercício de decantação, para ser ativado sempre que sentir-se “próximo” da

negatividade. Vamos a ele:

“Recolha-se em algum lugar silencioso ou, o mais próximo possível do silêncio

(dependendo de onde você estiver), respire fundo sete vezes, soltando a respiração em

seguida, em cada uma das vezes, pedindo a Deus que o tranquilize (a)”.

Depois, com o pensamento elevado, peça ao Pai Maior e à Sagrada Mãe Nanã Buruquê, que

decantem todos os negativismos de sua aura, de seu mental, de seu todo espiritual e também de

seu corpo material.

Após este pedido, imagine o peso, a densidade, descendo de sua cabeça até seus pés.

Em seguida, jogue esta negatividade com as mãos para os seus pés (no sentido norte-sul,

começando no chacra coronal e descendo até seus pés) espantando a densidade, sete vezes

seguidas (as mãos não precisam encostar na cabeça, podem ficar a alguns centímetros acima,

apenas; e, quando fizer o movimento descendo-as até os pés, passe as mãos à frente do corpo,

para limpar todos os chacras, também a alguns centímetros de distância).

Em cada uma dessas vezes, quando a carga “chegar ao chão”, emita um sopro forte, e terá

certeza de que o negativismo foi embora.

“Ao final, agradeça à Sagrada Mãe Nanã Buruquê, a Deus, Pai Maior e Divino Criador, e diga

Amém”.

Que Deus e Seus Divinos Tronos lhe abençoem sempre!

Mensagem ditada pelo Preto Velho Pai Thomé do Congo.

Anotada por André Cozta.

www.olavrador.wordpress.com

www.iorubantobrasil.wordpress.com

www.terradeaganju.blogspot.com

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vídeos Doutrinários - Parte 1.

OS ORIXÁS SÃO DEUSES?POR GERO MAITA





O QUE SÃO TRABALHOS DE DIREITA E DE ESQUERDA NA UMBANDA?


O QUE É UM ASSENTAMENTO DE ORIXÁ?


OS TRABALHOS DE UMBANDA SÃO COBRADOS?


POR QUE ALGUNS TERREIROS NÃO TRABALHAM DURANTE A QUARESMA?


EXÚS SÃO DEMÔNIOS?POR QUE ELES BEBEM E XINGAM NOS TERREIROS?


EXISTEM TRABALHOS PARA AMARRAR CASAIS,TRAZER DINHEIRO OU OUTROS BENEFÍCIOS?