sábado, 26 de março de 2011

Arquétipos da Umbanda - Exú Mirim.

Arquétipos da Umbanda - Exú Mirim.

Escrever sobre Exú Mirim se faz necessário nesse mo­mento porque, desde que psicografei o livro Lendas da Criação – A Saga dos Orixás, sua importância na Criação e na Umbanda mostraram-se maior do que imaginava-se.



Não temos escritos abundantes a nossa disposição que ensinem-nos sobre esse Orixá ou que fundamente-o com Mistério Religioso.


Essa falta de textos esclarecedores e funda­mentais das suas manifestações religiosas nesse primeiro século de existência da Umbanda deixou Exú Mirim à própria sorte, ou seja: a vagos comen­tários sobre seus manifestadores que pouco ou nada esclareceram sobre eles e ao que vieram! Inclusive, por terem sido descritos como “espíritos de moleques de rua”, cada um incorporava-o com os típicos procedimentos de crianças mal-edu­cadas, encrenqueiras, bocudas, chulas, etc.


Foram tantos os disparates cometidos que é melhor esquecê-los e reconstruir todo um novo conhecimento sobre o Orixá Exú Mirim, antes que ele deixe de ser incorporado e relegado ao esque­cimento, como já foi feito com muitos dos Orixás que, por falta de informações corretas e funda­mentadoras, deixaram de ser cultuados aqui no Brasil.


Nas Lendas da Criação, Exú Mirim assumiu uma função e importância que antes nos eram des­conhecidas. A função é a de fazer regredir todos os espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra a paz e a harmonia entre os seres. A importância e a de que, sem Exú Mirim nada se pode ser feito na Criação sem sua concordância. Com Exú, dizia-se que “sem ele não se faz nada”. Já, com Exú Mirim, “sem ele nem fazer nada é possível”.


Vamos por partes para entendermos sua importância e fundamentá-lo, justificando sua presença na Umbanda.


1) Cada Orixá é um dos estados da Criação. Um é a Fé, outro é a Lei, outro é o Amor, e assim por diante, independente de suas interpretações religiosas.


2) Por serem estados, são indispensáveis, insubstituíveis e imprescindíveis á harmonia e ao equilíbrio do todo. O Estado da matéria considerado “frio” só é possível por causa da existência do estado “quente” e ambos na escala celsus indica os dois estados das temperaturas. Sem um não seria possível dizer se algo está frio ou quente; se algo é doce ou amargo, se algo é bom ou ruim, etc. É a esse tipo de “estado” que nos referimos e não a um território geográfico, certo?


3) Muitos são os estados da Criação e cada um é regido por um Orixá e é guardado e mantido por todos os outros, pois se um desaparecer (recolher-se em Deus), tal como numa escada, ficará faltando um degrau, e tal como numa escala de valores, estará faltando um grau que separe o seu anterior do seu posterior.


4) Quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo surgiu uma linha espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos, humil­des, respeitosos e que chamavam todos(as) de titios e titias ao se dirigirem às pessoas ou aos Ori­xás e guias espirituais. Também chamavam os pretos(as) velhos(as) de vovô e de vovó. Até aí tudo bem!


5) Mas logo começaram a “baixar” uns espíritos infantis briguentos, encren­quei­ros, mal-educados, intrometidos, chulos e que dirigiam -se às pessoas com desrespeito chamando-os disso e daquilo, tais como: seu pu.., sua p…, seu v…., seu isso e sua aquilo, certo? E quando inquiridos, se apresentavam como “exús” mirins, os exús infantis da Umbanda numa equivalência com um exú infantil ou um erê da esquerda existente no Candomblé de raiz nigeriana.


6) Exú Mirim assumiu o arquétipo que foi construído para ele: o de menino mal! E tudo ficou por aí com ninguém se questio­nando sobre tão controvertida entidade incorporadora em seus médiuns, pois ele diziam que todo médium tem na sua esquerda um Exú Mirim além de um e Exú e uma Pomba Gira.

7) De meninos mal educados, como tudo que “começa mal” tende a piorar, eis que as incor­porações de entidades Exús Mirins começaram a ser proibidas nos centros de Umbanda devido a vazão de desvios íntimos dos médiuns que eles extravasavam quando incorporavam nos seus.


8) De mal vistos, para pior, essa linha de trabalhos espirituais, (onde cada médium tem o seu Exú Mirim), quase desapareceu e só restaram as incorporações e os atendimentos de um ou outro Exu Mirim “muito bom” mesmo no ato de ajudar pessoas.

9) Então ficou assim decidido, mais ou menos, por muitos:

a) Exú Mirim existe, é mal educado e incontrolável e de difícil doutrinação.


b) Vamos deixar Exú Mirim quieto e vamos trabalhar só com linhas espirituais doutrináveis e possíveis de serem controladas dentro de limites aceitáveis.


10) Exú Mirim praticamente desapareceu das manifestações Umbandistas porque suas incorporações fugiam do controle dos dirigentes e seus gestos e palavrões envergonhavam a todos.


11) Como é característica humana negar tudo o que não pode controlar e ocultar tudo o que “envergonha”, o mesmo foi feito com Exú Mirim, que existe, mas não é recomendável que incorpore em seus médiuns. Certo?


Errado, dizemos nós, porque muitos médiuns já ajudaram a muitas pessoas com seus exús mirins doutrinadíssimos e nem um pouco influenciados pela personalidade “oculta” de quem os incor­poravam.


Todos se adaptam a re­gras comportamentais se seus aplicadores forem rigo­rosos tanto com os médiuns quanto com quem incorporar neles.


O melhor exemplo come­ça com as incorporações com­por­tadas de quem dirige os trabalhos espirituais. E uma boa orientação sobre as enti­dades ajuda muito porque, o que os médiuns internaliza­rem sobre elas será o regula­ri­zador das entidades.


Agora se, por acaso, o di­ri­gente adota um comporta­men­to discutível, aí seus mé­diuns o seguirão intuitiva­men­te, pois o tomam como exem­plo a ser seguido.


Em inúmeras observa­ções, vimos os médiuns repe­tindo seus dirigentes e, inclusive, com as incor­porações e danças dos guias incorporados neles. Essa assimilação natural ou intuitiva é um indicador de que o exemplo que vem “de cima” ainda é um dos melhores reguladores comporta­mentais.


Agora, quando o dirigente incorpora seu Exú Mirim e este, por ser do “chefe”, faz micagens, caretas, gestos obscenos, atira coisas nas pes­soas, xinga-as e fala palavrões, aí tudo se degene­ra e seus médiuns procederão da mesma forma porque, em suas mentes e inconscientes é assim que seus Exús Mirins devem comportar-se quando incorporados.


Essa foi uma das razões para o ostracismo e que foi relegada a linha dos Exus Mirins. E isto, sem falarmos em supostos Exús Mirins que quando incorporavam ou ainda incorporam por aí afora, pegam ou lhe são dados saquinhos de papel que ficam cheirando, como se fossem as infelizes crianças de rua viciadas em cheira “cola de sapateiro”.


Certos comportamentos, devemos debitar ao arquétipo errôneo construído por pessoas desin­formadas sobre essa linha de trabalhos espirituais Umbandistas.


1) Não são espíritos humanos, em hipótese alguma.


2) Exús Mirins são seres encantados da natu­reza provenientes da sétima dimensão à esquerda da que nós vivemos.


3) A irreverência ou má educação compo­r­tamental não é típico deles na dimensão onde vivem.


4) São naturalmente irrequietos e curiosos, mas nunca intrometidos ou desrespeitadores.


5) Por um processo osmótico espiritual, refle­tem o inconsciente de seus médiuns, tal como acontece com Exú e Pomba Gira. Logo, são nossos refletores naturais.


6) Gostam de beber as bebidas mais agradá­veis ao paladar dos seus médiuns, sejam elas alcoólicas ou não.


7) Apreciam frutas ácidas e doces “duros”, tais como: rapadura, pé de moleque, quebra queixo, cocadas secas e balas “ardidas” (de menta ou hortelã).


8) Se bem doutrinados prestam inestimáveis trabalhos de auxilio aos freqüentadores dos centros de Umbanda.


9) Não aprovam ser invocados e oferendados em trabalhos de demandas e magias negativas contra pessoas.


10) Toda vez que seus médiuns os ativam pa­ra prejudicar os seus desafetos seus Exus Mirins se enfraquecem automaticamente já acon­teceram inúmeros casos de médiuns que ficaram sem seus verdadeiros Exus Mirins porque os usaram tanto contra seus desafetos que eles ficaram tão fracos que foram aprisionados e kiumbas oportunistas tomaram seus lugares junto aos seus médiuns, passando daí em diante a criar problemas para suas vítimas que ainda acredi­tavam que estavam incorporando seus verda­deiros Exús Mirins.


11) Eles raramente pedem seus assentamen­tos ou firmezas permanentes e preferem ser ofe­rendados periodicamente na natureza, tal co­mo as crianças da direita.


12) Se bem doutrinados e colocados a serviço dos freqüentadores dos centros umbandis­tas, realizam um trabalho caritativo único e insu­bs­tituível.


Vamos resgatar os Exus Mirins da Umbanda e libertá-los do falso arquétipo que mentes e consciências distorcidas criaram para eles?


Pai Rubens Saraceni.

Exus-mirins



Ele forma o triangulo de forças à esquerda da Umbanda.

Os exus-mirins, que se manifestam incorporados em seus médiuns, correspondem aos espíritos crianças da direita, criando a bipolarização horizontal e, tal como é difícil comentar os seres encantados na sua primeira idade, muito mais é comentar a presença dos espíritos de “meninos maus” que se apresentam com nomes em tudo igual aos dos exus, só que no diminutivo.


Tal como muitos, por não conhecerem os mistérios dos exus e das pombagiras, lhes, atribuíram as condições de espíritos de ex-bandidos e ex-prostitutas, a figura do “menino de rua”, maltrapilho, forneceu ao exu-mirim um esfarrapado arquétipo que, em vez de justificar tão poderosa entidade, denegriu a Umbanda com a religião.


Lamentavelmente, a Umbanda já vem pagando um preço muito alto por falta de uma genuína fundamentação dos mistérios que nela se manifestam por meio dos arquétipos e do simbolismo.


Guias: Exu-mirim


Mistério sustentador: Pai Oxumaré


Cor: Preto e vermelho


Erva: ?


Frutas: ?


Saudação: Laroiê exu-mirim – exu-mirim é mojubá!


Bebida: Pinga com mel ou bala


Fumo: Cigarro de filtro vermelho


Elemento: Moedas,bolinhas de gude.


Velas: 1/2 preta e1/2 vermelha


Flores: Cravo vermelho.


Semente: ?


Alimento: ?


Atua:Descomplicando,e sobre as nossas intenções,se forem intenções boas eles nos impulsionam,se forem intenções ruins eles nos paralisam.

Fonte:www.luzdourada.org.br


Algumas Considerações sobre Exu-Mirim



Na religião de Umbanda existe uma linha muito pouco comentada e compreendida, sendo por isso mesmo muitas vezes deixada “de lado” dentro dos centros e terreiros. É a linha de Exu Mirim.


Tabu dentro da religião, muitos poucos trabalham com essas entidades tão controvertidas e misteriosas, chegando ao ponto de, em muitos lugares, duvidar – se muito da existência deles.


Na verdade, Exu Mirim é mais uma linha de esquerda dentro do ritual de Umbanda, trabalhando junto com Exu e Pombagira para a proteção e sustentação dos trabalhos da casa. Não aceitar Exu Mirim é proceder como em casas que não aceita – se Exu e Pombagira, mas que a partir do astral e sem que ninguém perceba, recebem a sua proteção. Afinal, “se sem Exu não se faz nada, sem Exu Mirim menos ainda”.


Não nos chega dentro da cultura dos Orixás (nagô) um culto a uma divindade ou “Orixá Exu – Mirim”, assim como não nos chega a existência de um “Orixá Pombagira”. Apesar disso, sabemos da existência de um Trono responsável pela força e vigor na Criação (Exu/Mehor Yê), assim como existe uma divindade – trono responsável pelo estímulo em toda a Criação (Pombagira/Mahor Yê). Sendo assim, também existe uma divindade fechada e não revelada, que sustenta a força da linha de Exu – Mirim. Seria o “Orixá Exu – Mirim” responsável por criar meios ou situações para o desenvolvimento do intelecto e o amadurecimento das pessoas (fator complicador). Dessa forma, enquanto Exu vitaliza os sete sentidos da vida e Pombagira estimula – os, Exu – Mirim traz situações e “complicações” para que utilizando o vigor e estimulados possamos vencer essas situações e evoluirmos como espíritos humanos.


Dentro da Umbanda não acessamos nem cultuamos diretamente o Orixá – Mistério Exu, mas sim o ativamos através de sua linha de trabalho formada por espíritos humanos assentados a esquerda dos Orixás. Também assim fazemos com o mistério Exu – Mirim, pois o acessamos através da linha de trabalho Exu – Mirim, formada por “espíritos encantados” ligados a essa divindade regente.


Os Exus Mirins (entidades) apresentam – se como crianças travessas, brincalhonas, espertas e extrovertidas. Não são espíritos humanos, pois nunca encarnaram, são “encantados” vivenciando realidades da vida muito diferentes da nossa.


Apesar de serem bem “agitados”, sua manifestação deve estar sempre dentro do bom – senso, afinal dentro de uma casa de luz, uma verdadeira casa de Umbanda, eles sempre manifestam – se para a prática do bem sobre comando direto dos Exus e Pombagiras guardiões da casa.


Podemos dizer que os Exus e Pombagiras estão para os Exus – Mirins como os Pretos – velhos estão para as crianças da Linha de Cosme e Damião.


Trazem nomes simbólicos análogos aos dos “Exus – adultos”, demonstrando seu campo de atuação, energias, forças e Orixás a quem respondem. Assim, temos Exus – Mirins ligados ao Campo Santo: Caveirinha, Covinha, Calunguinha, Porteirinha, ligados ao fogo: Pimentinha, Labareda, Faísca, Malagueta, ligados a água: Lodinho, Ondinha, Prainha, entre muitos e muitos outros, chegando ao ponto de termos Exus – Mirins atuando em cada uma das Sete Linhas de Umbanda.


Quando respeitados, bem direcionados e doutrinados pelos Exus e Pombagiras da casa, tornam – se ótimos trabalhadores, realizando trabalhos magníficos de limpeza astral, cura, quebras de demandas, etc. Utilizam – se de elementos magísticos comuns à linha de esquerda, como a pinga (normalmente misturado ao mel), o cigarro, cigarrilhas e charutos, a vela bicolor vermelha/preta, etc.


Uma força muito grande que Exu – Mirim traz, é a força de “desenrolar” a nossa vida (fator desenrolador), levando todas as nossas complicações pessoais e “enrolações” para bem longe. Também são ótimos para acharem e revelarem trabalhos ou forças “negativas” que estejam atuando contra nós, “desocultando -as” e acabando com essas atuações.


A Umbanda vai além da manifestação de espíritos desencarnados, atuando e interagindo com realidades da vida muitas vezes inacessíveis a espíritos humanos. Exu – Mirim muitas vezes tem acesso a campos e energias que os outros guias espirituais não têm.


Lembrem – se que a Umbanda é a manifestação de “espírito para a caridade” não importando a forma ou o jeito de sua manifestação.


Para aqueles que sentirem – se afim com a força e tiverem respeito, com certeza em Exu – Mirim verão uma linha de trabalho tão forte, interessante e querida como todas as outras.






Ponto Cantado para Exu – Mirim:






Pedra rolou em cima da samambaia






Em cima de Exu-Mirim balança mas não cai (BIS)






Exu-Mirim no morro tá batuqueiro






Batucava noite e dia derrubando feiticeiro (BIS)






Fernando Sepe (28/09/05)






http://blog.orunananda.zip.net






Mais Pontos Cantados para Exu-Mirim






Ele é Exu !






É Exu-Mirim !






Não me nega nada,






Sempre me diz sim !






Exu-Mirim é o meu Exu de fé!






Exu-Mirim é pequeno na quimbanda!






Exu-Mirim saravando a encruza,






Exu-Mirim vencendo suas demandas!






Boa noite gente , como vai ? Como passou? (bis)






Exu-Mirim é pequeninho, mais é bom trabalhador. (bis)






O mercê das minhas almas não zomba de mim






O mercê das minhas almas não zomba de mim






Eu sou pequeninho, eu sou Exu-Mirim






Eu sou pequeninho, eu sou Exu-Mirim






Palestra, do Rubens Saraceni explana sobre o Mistério “Exu Mirim”, destrinchando suas origens e seus campos de atuação.





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