Arquétipos da Umbanda - Linha de Exú - MIstério Guardião.
POR QUE ASSENTAR O EXU GUARDIÃO?
Todos os que conhecem a Umbanda e os cultos afro brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora do espaço espiritual do templo (tenda ou Ilê Axé), protegendo-o das investidas de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam auxílio espiritual e religioso que possa livrá-las dessas perseguições terríveis.
Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar os seus problemas, é preciso que a tronqueira esteja firmada, porque assim, ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo.
Um Exu guardião é assentado na tronqueira, e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que estes que estão ligados a outros senhores Exus guardiões de reinos e de domínios regidos por outros Orixás.
Os outros não podem ser assentados, senão dois vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo, e a ação de um interfere na do outro.
Um só Exu guardião é assentado, e todos os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado de fora” do templo.
Assentar o Exu e a Pombagira guardiã no mesmo cômodo ou “casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de fora” e o campo dela se abre para dentro do “lado de dentro” do templo, criando apolarização com o campo do Exu guardião.
•O campo do Exu guardião é o vazio relativo que se abre no lado de fora do espaço virtual interno do templo
•O campo da Pombagira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do espaço espiritual interno do templo
•Esses dois Orixás são indispensáveis para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora e o outro atua por dentro do templo.
•Um se abre para fora, repetindo o mistério das realidades, e o outro se abre para dentro, repetindo o mistério das dimensões.
•Exu retira do “espaço infinito” tudo e todos que estiverem gerando desequilíbrio ou causando desarmonia.
•Pombagira recolhe ao âmago do espaço infinito tudo e todos que o estiverem desarmonizando.
São duas formas parecidas de atuação, mas Exu retira, e Pombagira interioriza.
Comparando o espaço infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erupção, quando ele descarrega a intensa pressão interna. Já a ação de Pombagira, seria a das rachaduras internas, que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lentamente, se resfriam e se cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas.
Para se fazer um bom trabalho na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir ate o quintal, riscar um ponto de Exu, colocar um copo de pinga, firmar as velas nos pólos mágicos e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa e até contra ela.
O mesmo deve ser feito com Pombagira para que, só então, o médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e demandas terão por onde ser descarregados. E mesmo as entidades negativas que tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o trabalho.
Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o médium deve firmar suas forças em casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou Pombagira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante o trabalho de descarrego na natureza.
São medidas indispensáveis para que um bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz.
Esperamos ter conseguido transmitir os fundamentos necessários para que o ato de “firmar” a esquerda não seja mal interpretado, e sim visto como indispensável para que os bons trabalhos sempre sejam realizados, tanto em benefício próprio quanto dos nossos semelhantes.
Referências
•Rubens Saraceni, Publicado no JUS – Jornal de Umbanda Sagrada de agosto/2008,Texto extraído do livro “Orixá Exu – Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda” de Rubens Saraceni – Editora Madras.
Ao falarmos de Exu, parece que estamos “chovendo no molhado” mas ao descreve-lo da forma que iremos fazer, estamos chovendo em solo muito seco e árido. Sabemos que Exu tira com a mão esquerda e devolve com a mão direita.
Se estivermos negativos e agindo de forma negativa, Exu tira a nossa alegria desvitalizando-nos, pois quem atua de forma negativa contra seu semelhante, não merece sorrir e esbanjar alegria. Mas Exu também devolve a alegria quando passamos a agir positivamente, pois só quem faz o bem pode sorrir e esbanjar felicidade. Exu tira quando nos negativamos e devolve quando nos positivamos.
Por isso dizemos que o mistério Exu na origem é neutro, porem no meio ele não tem o livre arbítrio, pois no meio ele é regido pela Lei Maior e por uma de suas leis auxiliares que é a Lei do Carma e cobra quem deve e paga quem merece.
Se estivermos agindo negativamente contra um semelhante, Exu tira a nossa saúde desvitalizando-nos e adoecendo-nos, pois quem agir contra um semelhante roubando-lhe a tranqüilidade mental, não merece ter saúde, força e disposição para tal feito. Mas Exu também devolve a saúde revitalizando-nos quando passamos a agir positivamente, pois só depois de estarmos doentes (ausentes de Deus) é que vamos perceber o quanto é bom ter saúde (plenitude em Deus) e nos voltarmos para Ele, nos redimirmos, fazermos uma reforma intima e nos positivarmos e ai sim, exu devolve nossa saúde, pois aquele que faz o bem e é virtuoso deve ter saúde, força, disposição e vitalidade para ajudar o próximo.
Exu é o guardião que dá e tira, é o Orixá que tira-dando e dá-tirando, pois devolve a doença e tira a saúde, isso quando estamos agindo negativamente contra uma pessoa e tira a doença e devolve a saúde, isso quando estamos positivos, virtuosos e semeando o bem. Exu nos ampara quando estamos virtuosos e nos esgota e pune quando estamos viciados.
Exu enquanto elemento mágico-espiritual ativado e oferendado na natureza, não possui livre arbítrio, para essa força ativada em nosso nível não há principio, só meio e quando falamos PRINCIPIO, isso tem o significado de origem, pois na origem exu é neutro e no meio ele é dual e assume a natureza intima que lhe derem, pois não tem livre arbítrio. Se avançarmos na lei do carma num estudo racional e pensarmos de forma imparcial, veremos exu como executor da lei do carma à serviço da Lei Maior, pois em verdade não recebemos uma demanda ou ao menos um pensamento negativo sem merecermos, pois até um espírito sofredor ou um obcessor nos é ligado por afinidades concernentes a lei carmica. Nessa encarnação podemos até ser pessoas de bem e virtuosas, porem devido ao nosso adormecimento na carne, não sabemos o que fomos em outras encarnações, pois podemos ter débitos de uma encarnação ocorrida à cinco mil anos atrás e só agora que estamos aptos, ou seja com um nível de consciência elevada, somos cobrados pela Lei Maior onde, a lei do carma entra em execução para saldarmos a nossa divida para com um ato cometido quando estávamos em desequilíbrio.
Uma ação negativa ela sempre tem um inicio e não importa quando, um dia prestaremos conta da mesma. Servindo-se de um exemplo dizemos assim: Dois amigos que entre eles nunca houve um antagonismo que pudesse abalar sua amizade, porem por um motivo de ciúmes uma das partes toma uma atitude negativa assassinando o outrora amigo, atitude esta que ira marcar para sempre seu espírito. Podemos relatar aqui, por exemplo, Caim e Abel, os dois irmão bíblicos. Ali na gênese relata que Caim teria sido um dos primogênitos que havia nascido na terra de gravidez normal resultante de relações humanas sexuais entre Adão e Eva, Tanto ele quanto Abel teriam sido “supostamente os primeiros” seres humanos encarnados, pois eles não viviam no “paraíso” com seus pais e “nasceram” aqui na terra.
Pois bem nessa historia devemos nos atentar para a verdade oculta por traz da alegoria, se não vejamos: Os dois espíritos estavam na sua primeira encarnação, eram espíritos naturais que haviam adentrado em seu primeiro ciclo encarnacionista e estavam isentos de débitos e não possuíam carmas anteriores. Através de um sentimento negativo tipicamente desumano que é a inveja, um dos muitos sentimentos negativos que nos afastam de Deus tornando-nos vazios de sua plenitude, Caim adquiriu seu primeiro carma ao matar seu irmão Abel, ali os dois estavam isentos de carmas, pois eram espíritos que estavam realizando seu primeiro ciclo encarnatório, porem Caim adquiriu seu primeiro carma e um dia não importa quando a Lei Maior cobraria essa pendência ou carma que foi adquirido em um ato negativo quando Caim em desequilíbrio e ausente de Deus, cometeu esse pecado por estar vazio de sentimentos positivos (Deus) e como quem rege o vazio ou o estado do vazio é Exu, O Senhor Guardião das Esferas dos Vazios, onde tudo que se negativa torna-se vazio, pois Deus é plenitude e virtuosismo e fora Dele (vicio) nada existe e ninguém sub-existe, então todos os seres que em seu vazio relativo preenchidos com sentimentos viciados sejam eles de ódio, inveja, traição, cobiça, fúria, intolerância, etc, adentra no campo desse guardião do vazio que é Exu para que assim possam ser esgotados dos seus vazios relativamente cheios de sentimentos negativos.
Sendo assim, Exu é guardião desses vazios e a Lei Maior usa de seu mistério com intensidade como executor de carmas que só é adquirido quando infringimos a Lei Maior, ou seja, quando em desequilíbrio ou desarmonia (ausência de Deus) Cometemos algum ato negativo. Se Deus é harmonia e equilíbrio, os antônimos desses dois estados estão indicando um vazio relativo ou uma ausência de Deus e sabemos que fora de Deus nada existe.
Exu O Orixá é uma Divindade Planetária ou Divindade Maior de Deus, tem suas hierarquias de seres que trabalham sobre a Sua irradiação. Tem suas divindades médias, menores, classes de seres divinos, seres elementais,naturais, até chegar ao nosso nível que são de seres espiritualizados e humanizados.
Não podemos jamais confundir a Divindade Maior Exu com espíritos exunizados que nós trabalhamos ou espíritos elementais naturais que nós oferendamos. Devemos distinguir a Divindade Maior Regente de um Mistério de Deus, dos seres que somente manifestam essas qualidades, para que assim não venhamos a descaracterizar e nem humanizar demais uma Divindade cuja natureza e origem é divina e que atua em toda a criação e não esta somente voltada para nós ou para nossa realidade. Não podemos confundir o Orixá Maior Exu , com os espíritos que se manifestam e incorporam sobre sua regência, pois esses espíritos estão em evolução, quanto o Orixá Maior Exu, é uma Divindade Maior de Deus e que realiza sua função em toda a criação de Deus amparando todas as criaturas geradas pelo Divino Criador.
Então o Orixá Maior Exu na origem Ele é neutro e guarda o estado do vazio, no meio espiritual a Lei Maior utiliza esses espíritos que foram exunizados ou utiliza espíritos vazios para executar carmas adquirido por nós não importando quando adquirimos esses débitos, pois a semeadura é livre e a colheita é obrigatória e no fim esta a onisciência de Deus que tudo sabe e somente quando estivermos elevados e adquirirmos uma consciência maior de suas Leis, tem inicio a colheita dos vazios que semeamos, pois já amadurecemos como seres humanos e estamos aptos a colher os frutos amargos que plantamos enquanto estávamos também vazios de sentimentos. Precisamos entender que até um espírito obcessor que nos tira a paz, esta ligado carmicamente conosco por fios invisíveis e devemos meditar quanto essa atuação, pois na maioria das vezes ela não esta refletida em um ato dessa encarnação e sim de outras vidas e a vitima de hoje talvez tenha sido o algoz de ontem.
Sendo assim, exu enquanto elemento mágico ativado em um ponto de força na natureza, não possui livre arbítrio e a lei utiliza-se desse meio e condição dos espíritos exunizados para atuar através deles na lei do carma e ir esgotando os débitos e devolvendo os créditos, permitindo assim que a semeadura seja livre, porem a colheita obrigatória.
Fonte:Livro - Orixá Exú - A Fundamentação do Mistério na Umbanda - Rubens Saraceni - Ed.Madras.
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