quarta-feira, 23 de março de 2011

Arquétipos da Umbanda - Linha de Boiadeiros - Parte 1 - Por Rodrigo Queiróz

Arquétipos da  Umbanda - Linha de Boiadeiros - Parte 1.

Por Rodrigo Queiroz



Ditado por Sr. José Anízio






“Sou desse chão onde o rei é peão


Com o laço na mão laça, fere,marca…”


– Rei do Gado –


Em nossa última passagem pela Terra fomos filhos da terra, aqueles que dela viveram, dela extraímos a raiz de cada dia, o alimento da família e a esperança.


Montado no lombo de um cavalo ou boi pastávamos não os animais, mas ao som do berrante era possível berrar ao Pai Criador que olhasse por nós.


Eu fui peão, cuidei de muitas fazendas e deixei muitos fazendeiros ricos, estranhamente não respingava no meu bolso a pataca que no deles enchia. Tampouco me queixava disso, afinal, não saberia viver com luxo, gostava mesmo da rede amarrada no batente da simples varanda, ali eu podia descansar meus ossos.


Pra que se tenha mais entendimento, nós somos os verdadeiros sertanejos, aqueles que vivem na ferida do Brasil, é uma chaga que não se fecha e com o andar da carruagem periga que esta chaga tome o corpo todo desta terra varonil.


Não vou ficar a falar de minha pessoa e nem desta realidade brasileira, vou logo palestrar sobre nós como amigos trabalhadores do mundo invisível.


Parece que a linha dos boiadeiros é nova, mas não é não. Já manifestávamos em terreiros, tendas e barracões de muitas variantes do culto afro. No Catimbó é mais notável nossa presença.


Quando começou o movimento Umbanda no Astral é que nos organizamos e aguardamos a oportunidade de aparição dos terreiros deste culto. Assim foi ocorrendo de forma regional até que nos alastramos por todos terreiros de Umbanda.


Mas engana-se aquele que hoje pensa que esta linha de trabalho é composta por homens e mulheres da terra. Nem todos, aqui tem uma mistura grande.


Também tem o machista que prega não existir mulher na linha boiadeiros, então o que faríamos com as amazonas? Ou tantas “Marias Bonitas” que guerrilharam por uma vida melhor???


Outro tanto de companheiros nesta linha são Ex-Exus, ou seja, espíritos que atuaram no Grau Exu, lá nas esferas mais baixas e que após receber a graça de se graduar na luz tem que passar por uma linha transitória. Eis a chave do nosso “mistério”. Boiadeiro enquanto Grau é um Grau de transição para espíritos que aguardam seu alocamento mais definitivo.


Neste período vamos trabalhando na Lei, colocando ordem na fronteira do meio fio entre luz e trevas, já esta tênue linha existe dentro de cada um de nós, logo a oportunidade de trabalhar a ordem na fronteira, nos nossos semelhantes encarnados e desencarnados é a forma que o Criador achou para que nós pudéssemos fortalecer a ordem dentro de nós mesmo.


Com nosso laço, visto pelos clarividentes, este serve para buscar os zombeteiros e perturbadores. Nossa corda é infinitamente “elástica” e de onde estivermos se localizarmos um ponto negativo e um perturbador, dali lançamos o laço e no laço quebramos o mal.


Somos comumente chamados nos terreiros para limpeza pesada, pois somos mesmo aquele que retira a carga pesada, quando batemos nosso pé e gritamos nosso boi, não sobra mal algum em nosso redor.


Por fim nosso arquétipo é o sertanejo, o brasileiro do sertão, quer seja o guerrilheiro lampião ou o tocador de gado. No entanto nem todos foram assim.


Vou tocando meu gado por aqui e desejo que o Criador lhe ilumine!


Getuá Boiadeiros!






Nota do Médium: Quem não sentiu o chão tremer e o corpo bambear ao presenciar a manifestação de um Boiadeiro no terreiro, girando o braço como que a laçar um boi e gritando: – Êi boi! ???


A oportunidade de convivência com a diversidade cultural brasileira que a Umbanda fornece é algo incrível que só vivenciando para poder compreender. Podemos viajar o Brasil todo em apenas uma gira.


Desde que comecei a receber este texto, parecia que escutava ao fundo a música Rei do Gado, então pesquisei e achei a letra que abaixo transcrevo para finalizar este texto.


Obrigado aos valentes Boiadeiros do Além que nos ampara e nos guia, como disse certa vez o Sr. José Anízio: “- Estamos a serviço do Criador para tocar seu gado divino, cada filho seu, seu rebanho e cabe a nós laçar aqueles que se perderam ou afundaram em algum brejo da evolução e uma vez laçado vamos recolocar na trilha reta do caminhar. Mais um adeus e lá vamos nós a laçar o boi de meu Deus!”






Assentamento:


01 Pedaço de corda sisal 77cm;


01 pedaço de fita cetim fina 33 cm na cor amarelo, preto e branco;


01 vela 7 dias bicolor amarelo/preto;


01 cigarro de palha;


01 cálice de cachaça.






Faça um laço sem nó com a corda, onde as pontas se encontram amarre as fitas e dê sete nós.


Acenda a vela, cigarro de palha e coloque o cálice tudo dentro do laço.


Toda semana acenda ao menos uma vela palito bicolor amarelo/preto. Na ocasião troque o líquido. Sempre que fizer esta firmeza semanal, pegue o cigarro e dê três baforadas, concentrado nos pedidos e orações.






Oração de assentamento:


“Divino Criador, Divinas Forças Naturais, Divinos Orixás, neste momento vos evoco e peço que imante este assentamento, consagre e o torne um portal por onde os Boiadeiros do astral possam se manifestar, servindo de minha proteção e chave de acesso aos sertanejos de acordo com o meu merecimento. Peço que a força dos peões esteja presente e receba minhas vibrações.”


Ps.: Este é um assentamento universal para a linha de Boiadeiros, que pode ser consagrado a um Boiadeiro específico ou deixar aberta de forma universal.


Faça isto com fé e amor, terá ótimos resultados.


Getuá meu Pai!






REI DO GADO – Autor Desconhecido






“Sou desse chão onde o rei é peão






Com o laço na mão laça, fere,marca


Deixando a ilusão de que tudo é seu


Com coragem de quem vive, luta, sonha


Vem ser mais feliz e quem sabe será


Voam livres pensamentos seus que vão pelo ar


O fazem sonhar e sentir-se um deus


Sou desse chão sou da terra raiz


Sou a relva do campo e pra sempre serei


Sou esse rei sou peão laçador


Do sertão sou senhor mas por força da lei


Ser mais feliz e quem sabe serei


Voam livres pensamentos meus vão pelo ar


E me fazem sonhar e sentir-me um deuss..”






Fonte: este texto faz parte da apostila que compõe o material de estudos do curso Arquétipos da Umbanda, desenvolvido e ministrado por Rodrigo Queiroz.


Fonte: http://www.rodrigoqueiroz.blogspot.com/

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